Monólogo é um negócio complicado… Em primeiro lugar, imagino, para o(a) pobre coitado(a) em cena, naquela solidão imensa do palco… a pessoa ali, jogada à própria sorte, perante olhos e ouvidos de pessoas que aguardam, que requerem, que exigem, que esperam algo que as faça rir, chorar ou ao menos, que seja interessante o suficiente para manter a concentração no que está sendo dito ou feito pelo solitário personagem à sua frente. Alguma coisa forte o bastante para que se esqueça das contas a pagar, do trânsito enfrentado para se chegar ao teatro, dos filhos que sabe-se lá onde andarão, do chefe que não reconhece o seu trabalho e principalmente, do preço pago pelo ingresso.
A coisa deve ficar muito pior quando o ator ou atriz é também o autor ou autora do texto do monólogo. Aí, não tem jeito: a responsabilidade é mesmo, indicutível e pesadamente, só dele; ou só dela. É muita coisa para um pobre mortal, né não? Por isso tudo, respeito e admiro quem se propõe a encarar esse desafio verdadeiramente incrível. Patrícia Gasppar enfrenta o touro de frente em ‘Futilidades Públicas’. E vence a batalha, com muitos méritos. Patrícia arrasa, literalmente. Interpreta aquele papel difícil, da mulher de meia idade, de vida comum, essencialmente desisnteressante e que flerta com o fracasso, com humor, garra, entrega e acima de tudo, com enorme talento. Por quase uma hora, tem o público na palma de sua mão. ‘La hermana’ é realmente demais. E pra quem me conhece, sabe que eu não diria isso se assim não considerasse.