quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Musas de Qualquer Estação


Esqueça aquelas starlets, ex-modelos e/ou arrivistas. Catherine Élise Blanchett, australiana nascida em 14 de maio de 1969, pertence ao departamento das atrizes de verdade, com sólida formação acadêmica e opiniões firmes e bem fundamentadas sobre a sua profissão e sua trajetória profissional. Em 1993, somente um ano depois de concluir o curso no National Institute of Dramatic Arts de Sydney, Cate já estreava como atriz principal, ao lado de Geoffrey Rush, na montagem local da peça 'Oleanna', de David Mamet. Primeiro trabalho, primeiro prêmio: o de Revelação do Ano pela associção dos críticos de teatro da Austrália. Era o começo de uma consistente carreira no teatro - para muitos, a verdadeira prova de fogo da difícil arte da interpretação. Depois disso, encenou Shakespeare, fez mini-séries para a TV australiana e estreou no cinema ao lado das também superlativas Glenn Close e Frances McDormand em 'Paradise Road', de Bruce Beresford (1997).

Mas o primeiro papel de destaque internacional de Cate Blanchett foi o da Rainha Elizabeth I da Inglaterra, em 1998, no filme 'Elizabeth', de Shekhar Kapur, papel que retomaria em 2007 com 'Elizabeth: the Golden Age', do mesmo diretor - um raro caso em que a sequência supera o original. Mas Cate tornou-se um rosto realmente 'popular' ao encarnar uma espetacular Galadriel na série ´O Senhor dos Anéis', de Peter Jackson, entre 2001 e 2004. "Queria muito ter aquelas orelhas pontudas", disse na época. Cate foi também Katherine Hepburn, no subestimado 'Aviador' (2004), de Matin Scorsese - ganhou um Oscar pelo papel.

Impressiona a lista de ótimos diretores e papéis importantes na carreira relativamente curta de Cate Blanchett. Para citar somente alguns: 'The Shipping News' (de Lasse Halstrom, 2001),'Veronica Guerin' (Joel Schumacher, 2003),'Coffee and Cigarettes' (Jim Jarmusch, 2003), 'A Vida Aquática com Steven Zizou' (Wes Anderson, 2004), 'Babel' (Alejandro González Iñárritu, 2006), 'The Good German' (Steven Soderbergh, 2006), o mais recente 'Indiana Jones' (Steven Spielberg, 2008) e 'O Curioso Caso de Benjamin Button' (de David Fincher, 2008). Ah! E eu não poderia deixar de dizer que Cate Blanchett está sensacional como um dos Bob Dylans de 'I'm not There' (de Todd Haynes, 2007).


Depois de viver na Inglaterra desde o início da década, há pouco mais de um ano Cate Blanchett voltou a morar na Austrália. Ela e o marido, o dramaturgo e diretor teatral Andrew Upton, assumiram a direção da Companhia de Teatro de Sydney. O casal vive em um chácara nos subúrbios da cidade, com seus três filhos: Dashiell John, Roman Robert e Ignatius Martin. Ufa! E com tudo isso, ela ainda é linda desse jeito... Precisava??

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tim Maia!!!


Era 1995 e a música brasileira chorava a recente perda de Tom Jobim (em dezembro de 94), enquanto os Mamonas Assassinas dominavam o mainstream do rádio e da TV. Em um apart-hotel dos Jardins, em São Paulo, Tim Maia recebia os jornalistas Marcio Gaspar e Lauro Lisboa Garcia para uma entrevista cujo mote era o lançamento do disco “Nova Era Glacial”. Lauro, repórter do Caderno 2 de O Estado de São Paulo, que publicaria poucos dias depois (assim como o Jornal da Tarde), alguns trechos da conversa; e Marcio, da Qualis, efêmera revista paulista especializada em música, que fecharia suas portas antes da publicação da entrevista.

A maior parte da memorável conversa com Tim Maia, que morreria três anos depois (em 15 de março de 1998), permanecia inédita até agora. A entrevista (quase) completa está no número mais recente da revista 'Brasileiros', que acaba de chegar às bancas. E é possível OUVIR a entrevista NA ÍNTEGRA (com excelentes 'localizações' do Gabriel) no blog http://www.afroencias.com.br. A visita é obrigatória!

Às 9 horas daquela manhã de 1995, encontramos um Tim Maia surpreendentemente bem disposto. E como era de seu feitio, o cantor não mediu as palavras, não se preocupou em poupar esse ou aquele, não fez média. Como se pode conferir, além do imenso talento musical, a autenticidade de Tim Maia era outra de suas melhores qualidades. A seguir, um breve aperitivo.

Existem vários empresários que já armaram pra ganhar dinheiro comigo. Teve um empresário uma vez aqui em São Paulo, em Campinas, que na hora de entrar no palco, ele falou: “Tim Maia, é o seguinte, aí:” – naquela época o show era duzentos, não sei o que era, mas era duzentos – “te dou cenzinho agora e tu volta pro hotel...”. Eu: “Tu tá maluco, cara? São quatro horas da manhã!”. Nesse dia, foram 32 mulheres pro hospital e nós fomos retirados lá do ginásio no tal do Tático Móvel. Pessoal muito educado que vai chegando assim: “filho da puta!” Isso é o mínimo que eles falam, né? Era tudo preto ainda. “Vai, crioulo filho da puta!”. E isso tudo com um cassetete que dá choque. Eles encostam o cassetete na pessoa e “tchen!”. Mas nós fomos retirados desse clube por um tático móvel, às cinco horas da manhã, porque teve uma porrada geral no clube porque o cara armou duzentos e no final queria cenzinho, metade do cachê. Tem uns caras de show aí que são meus amigos até hoje, mas que fizeram um boato que porra... minha mãe ainda era viva, foi mó problema, minha mãe passou mal essa noite. Disseram que eu tava com câncer no cérebro. As pessoas ligavam pra minha casa, uma loucura, até o dia que me mataram mesmo: “Tim Maia morreu”. Falaram pra minha irmã: “A senhora sabia que seu irmão faleceu?”. (Ela): “Meu irmão tá dormindo aqui, doidão!”. Então, tem esses folclores que são uma merda. Porra, é que nem aquele negócio que você tava falando de dar esporro nos músicos. O que os músicos arrumaram de confusão ninguém fala. Essa ação que eles me moveram foi cruel, pô. Achei muito desonesto. E não é negócio de R$ 5 mil. É o que eu tô te falando: eles já me levaram quase R$ 400 mil, cara. Troço pra você comprar três apartamentos. O meu carro é um Monza, cara. Eu poderia estar com um Mitsubishi 446, um BMW, bla bla bla, e tô pagando músico, R$ 100 mil cada um. Esse dos R$ 117 mil foi foda, cara. Sabe o que é o cara te levar R$ 117 mil, cara? Dinheiro que eu economizei minha vida inteira, cara! A minha vida inteira trabalhando, o dinheirinho que eu tinha lá ele levou. É muito difícil falar isso porque é foda, mas no Rio de Janeiro o achaque vem de tudo quanto é lado – não é só assaltante e sequestrador não, sabe?


Muito místico, nosso Brasil é muito místico... o que não é verdade mesmo é tomar ayahuasca e dizer que é Santo Daime – isso aí é mó mentira, viu (risos)? É ayahuasca mesmo, aquilo é mó viagem! Sorvete vira beterraba, helicóptero vira máquina de passar roupa, morou? E dão pra criança. Isso aí, não. Faz um mal tremendo ao fígado! Pior troço que tem pro fígado é a chacrona, que eles chamam de Santo Daime. De Santo, o Daime não tem nada! Chama-se ayahuasca, os índios adoram! Toma aquela porra, fica viajando pra caralho. Aí, isso não tem nada a ver com a realidade, isso aí já é uma coisa totalmente mística mesmo – uma erva que faz você viajar, pensando que aqui tá aqui e aqui não tá, tá lá. E fica aquela confusão do cacete. Eu digo assim, conscientemente, caretinha, sem tomar nada, sem nenhum ritual, sem incenso.


A maconha já tá liberada; a cocaína e a pena de morte também. Isso já tá liberado no Brasil faz tempo. Quer mais maconha do que no Brasil? O Brasil é o maior produtor de maconha do mundo! Ninguém planta mais maconha do que o Brasil. E Pernambuco é o estado onde mais se planta maconha no mundo. E o brasileiro é o maior maconheiro do mundo! Alcoólatra também, por excelência, mas queima um fumo violento! Todo brasileiro queima fumo: vai lá no Norte, puta que o pariu, todo mundo gosta... no Sul, também adoram. Todos, todo mundo! Então acho que é uma demagogia do cacete. Poderia se plantar isso aí e colher bons frutos, uma maconha boa, THC bem forte... o haxixe, por exemplo, é a melhor coisa que tem pra acalmar os ânimos, não faz mal pra ninguém, é bom pra glaucoma. Acho uma estupidez, uma demagogia do cacete, proibir fumo, entendeu? O fumo é uma planta, uma coisa natural... eu fui intimado duas vezes nessa semana, pra ir na polícia. Eu não vou em lugar nenhum. Tem um cara lá que foi preso, deram porrada no cara pra ele dizer que trazia haxixe pra mim. Daí, em juízo, o cara falou que não era nada disso, que levou porrada na delegacia, na 27ª, lá em Brás de Pina, no Rio de Janeiro. Daí, fui intimado e mandei meus advogados lá...volta e meia tentam me envolver nessas porras aí, cara, e por causa de haxixe. Ainda se fosse cocaína, heroína... mas haxixe? É uma estupidez. THC... cannabis... proibir a cannabis e liberar o álcool é a maior loucura, uma coisa porca, suja, imunda, mentirosa! Porque o álcool destrói o ser humano em poucos anos, em meses. Se você beber mesmo, o teu figueiredo não agüenta. Eu mesmo, não posso beber mais. E olha que eu não bebia muito, hein? Eu só bebia quando fazia show e quando andava de avião.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

It was twenty years ago today! No, it was 29 years ago yesterday...


Incrível, mas ontem fez 29 anos do assassinato de John Lennon por aquele imbecil limítrofe que já havia estado com ele e conseguido um autógrafo - de manhã, quando o artista saía de casa -, e que o esperou até a sua volta, à noite, para matá-lo com três tiros, na entrada do edifício Dakota, em Nova York.

Na época, eu trabalhava na Warner Discos - e minha função era justamente alimentar a imprensa brasileira com notícias sobre os artistas e lançamentos da gravadora. E nos preparávamos para o lançamento do primeiro disco de Lennon após cinco anos de silêncio, 'Double Fantasy'. Por conta disso, quase diariamente recebia relatos do desenvolvimento e da finalização do trabalho de produção do disco, diretamente da Geffen Records de Nova York. Oportunidade maravilhosa para um beatlemaníaco como eu.

Me lembro daquele longínquo dia em que meu pai chegou em casa, chamou os filhos e disse algo como: 'Trouxe aqui um disco de uns sujeitos de quem vocês ainda vão ouvir muito'. Era o 'Help', dos Beatles; e era a minha entrada (sem porta de saída) no universo do rock e da cultura pop.

Prepotente, ingênuo, farsesco, ressentido, equivocado, excessivo, inconsequente, visionário, pioneiro, genial. Todos esses adjetivos cabem na definição da personalidade de John Lennon. E todas essas facetas estão presentes no documentário 'Imagine', produzido por Yoko Ono alguns anos após sua morte, disponível em DVD e que, sem dúvida, recomendo.

Tão incrível quanto nos darmos conta de que já entramos no trigésimo ano pós-assassinato de John Lennon, é lembrarmos de que ele morreu aos 40 anos, recém-completados. Quarenta anos! O que estaria fazendo hoje? Em que causas estaria envolvido? Ainda estaria com Yoko? E sua relação com Paul McCartney? Estariam finalmente resolvidos, apaziguados?

Abaixo, trecho do documentário 'The Rolling Stones Rock n' Roll Circus', de 1966. Traz a primeira apresentação de Lennon sem os Beatles - e ao lado de Keith Richards, Eric Clapton e do baterista Mitch Mitchell, que tocava com Hendrix. A música é 'Yer Blues', faixa do excepcional 'White Album', dos Beatles.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Amor à primeira vista!


Até ontem, quando os jornais publicaram uma foto dela ao lado do Lula, nunca havia visto ou ouvido falar de Yulia Tymoshenko, primeira-ministra da Ucrânia. Mas a beldade já cumpre o seu segundo mandato no cargo e é favorita para as eleições presidenciais em seu país, que acontecem em janeiro. Uma rápida pesquisa sobre Yulia levou-me a descobrir que trata-se de uma das maiores fortunas das ex-repúblicas soviéticas – aquela gente que enriqueceu (em sua maior parte, ilícitamente) assim que o fim da URSS gerou uma onda de privatizações. ‘La’ Tymoshenko foi diretora geral da Ukranian Petrol Corporation e depois, presidente da United Energy Systems of Ukraine, a maior importadora de gás natural da Rússia. Nessa época (1996), ficou conhecida em seu país como ‘Princesa do Gás’ (hummm… meio ambíguo esse título) e foi acusada de revender enormes quantidades de gás roubado e assim, driblar o fisco. Apesar disso, no mesmo ano foi eleita para o parlamento ucraniano, com a incrível marca de 92,3% dos votos válidos.

Cresceu rápido na política: em 99, tornou-se Ministra da Energia e começou uma surpreendente e feroz batalha contra as oligarquías do setor. Dois anos depois, foi demitida do cargo e presa em seguida, sob a acusação de enriquecimento ilícito em seu passado como empresária. Quando saiu da prisão, alguns meses depois, Yulia formou um tal Comitê Nacional de Salvação e passou a liderar protestos contra o governo em todo o país. A polêmica que cerca a fortuna conquistada por Yulia Tymoshenko não a impede de ser uma verdadeira superstar da política e do ‘mundanité’ no Leste Europeu. Já foi eleita a terceira mulher mais poderosa do mundo pela Revista Forbes e há poucos anos, sua única filha casou-se com o guitarrista de uma obscura banda inglesa de heavy metal – consta que os noivos e padrinhos (Yulia inclusive) foram e voltaram da igreja pilotando possantes Harley-Davidsons. Ou seja: longe de mim querer fazer juízo de valor sobre o enriquecimento de Yulia ou sobre os meandros da política ucraniana. O que motivou esse post foi a beleza ‘fria’ de Yulia e seu penteado. Aos 49 anos, ela parece ser um símbolo de força, orgulho e beleza para as mulheres da região, historicamente sofridas, exploradas e subjugadas. E o penteado de Yulia (que raramente aparece com os cabelos soltos, como na foto ao lado), virou sua marca registrada e hoje é moda entre as mulheres ucranianas.

domingo, 29 de novembro de 2009

Grande interpretação 'caseira' de Sting para 'The shape of my heart', originalmente uma das faixas do ótimo CD 'Ten summoner's tales', de 1993. Enjoy!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

É o cara!


Sei que vou mexer num vespeiro, mas… what the hell?

É o seguinte: sou totalmente A FAVOR do Lula receber o presidente do Irã!

Compreendo e respeito os protestos de judeus, gays e outros, contra o Ahmadinejad. Mas convido todos a tentar enxergar um pouco além do horizonte das obviedades.

Em primeiro lugar, engana-se completamente quem acha que o Lula é algum tipo de maluco, irresponsável ou inconsequente. E de bobo ele não tem absolutamente nada.

No período de um mês, Lula recebeu o presidente de Israel, da Autoridade Palestina e agora do Irã. O menos ruim aí me parece o palestino, mas não vejo grande diferença no caráter e na conduta desses três. O objetivo do Lula, pra mim claro, não é assumir uma posição nesse imbroglio; e nem apoiar um ou outro regime. Além dos interesses comerciais (lembre-se que Ahamadinajed chegou à Brasília acompanhado de 200 empresários iranianos), é ter o sujeito por perto, é criar um relacionamento (o Lula é bom nisso) com o cara para poder entender suas motivações, seus objetivos, suas fraquezas.

Acho inclusive que o Lula deve estar gostando das manifestações contra a visita. Elas deixam claro pro Ahmadinejad (e pro mundo) que tem muita gente contra, que o Brasil está de olho nele.

E concluindo: apesar do jogo de cena de alguns políticos americanos, desconfio seriamente de que a visita do presidente do Irã ao Brasil foi cuidadosamente combinada entre Lula e Obama. O americano, que de bobo também não tem nada, já deve ter entendido que isolar um sujeito como Ahmadinejad, deixar o cara empreender a sua egotrip distante de todos e cercado por um bando de malucos fanáticos, é a pior estratégia possível. E o Obama, a gente sabe, já entendeu que Lula é 'o cara' pra fazer essa aproximação.

PS: Incrível! Depois de escrever esse post, li a coluna da Eliane Cantanhêde na Folha de S.Paulo e ela fala exatamente a mesma coisa! Quase nunca concordo com ela, mas agora, Eliane foi no ponto!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Guitar Heroes (6)


Conheci a música de Pat Metheny há muito tempo, quando participei do lançamento, no Brasil, do fantástico selo europeu ECM. O pacote inicial da gravadora, naquele longínquo 1980, incluía ‘American Garage’, do Pat Metheny Group e ‘New Chautauqua’ – álbum solo e acústico do grande guitarrista. Um ano depois, tive a sorte de conhece-lo pessoalmente, no Rio/Monterrey Jazz Festival, que trouxe ao Maracanãzinho nomes como Weather Report, Chaka Khan e Stanley Clarke. Me lembro quando, assistindo ao lado do embevecido Pat à inspirada apresentação do show ‘Dança das Cabeças’, com Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos, ele me disse: ‘Tinha certeza de que veria aqui um show do meu ídolo Baden Powell. Por que ele não está na programação do festival, em seu país?’ Respondi com a pérola do Aldir Blanc: ‘O Brasil não conhece o Brasil; o Brasil tá matando o Brasil...’

Nascido em 12 de agosto de 1954 numa cidadezinha do estado norte-americano do Missouri, Patrick Bruce Metheny é um dos poucos músicos a conseguir manter, por décadas, uma legião de fãs e uma quase unanimidade de crítica, trafegando do jazz tradicional ao contemporâneo, com pitadas de rock progressivo, latinidades várias e um viés meio bossanova. Tudo junto e pontuado por um estilo geralmente suave e elegante na execução da guitarra. Já foi acusado de fazer ‘música de sala de espera de consultório de dentista’; mas cada vez que me lembro disso (geralmente quando estou em uma sala de espera de consultório de dentista), penso: ‘Que bom se tocasse agora alguma coisa do Pat Metheny...’

Ele surgiu em 1975, logo de cara estreando na banda do grande vibrafonista Gary Burton. No ano seguinte já gravou seu primeiro álbum, ‘Bright Size Life’, ao lado de ninguém menos do que Jaco Pastorius, talvez o maior baixista de todos os tempos. Daquela época até hoje, Pat Metheny percorreu um longo caminho de grandes shows, gravações e colaborações, nos mais diferentes formatos. Destaco alguns momentos: ‘Offramp’(1982), ‘First Circle’(1984), ‘Still Life (Talking)’ (1987), ‘Letter from Home’ (1989) e ‘We Live Here’ (1995), à frente do Pat Metheny Group. Como artista-solo, o belíssimo ‘Secret Story’ (1992) e o surpreendente ‘Zero Tolerance for Silence’(de 1994, um disco só com distorções e ruídos guitarrísticos); e em colaborações várias, os duetos com Lyle Mays (‘As Falls Wichita, So Falls Wichita Falls’1981), com John Scofield (‘I Can See Your House From Here’, 1993), com Charlie Haden (‘Beyond the Missouri Sky’, 1996) e com Brad Mehldau (‘Metheny/Mehldau’, 2006).

Pat Metheny é um mestre do instrumento. Foi um dos primeiros a usar a guitarra sintetizador Roland GR-300 e o complicado sistema que unia a guitarra so Synclavier. Além disso, toca a complexa guitarra Pikasso (foto), de 42 cordas transpostas e sobrepostas, feita especialmente pela lutier canadense Linda Manzer. As influências musicais de Pat, segundo ele próprio? Wes Montgomery (‘the biggest’), Jim Hall, Kenny Burrell, Joe Pass, Clifford Brown, John Coltrane, Eddie Van Halen, Milton Nascimento, Toninho Horta, Beatles, James Taylor, Joni Mitchell. No vídeo abaixo, uma grande performance de Pat Metheny, ao lado de Herbie Hancock, Dave Holland e Jack DeJohnette, em 1990 no Japão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009



Pouca coisa se salva na cobertura sensacionalista da Folha de S.Paulo de hoje sobre o blecaute que deixou boa parte do país no escuro, terça-feira passada. Não me surpreende, é claro, a forçada tentativa de vincular o fato à má gestão do governo Lula, à falta de investimentos na geração e na transmissão de energia, blábláblá. E tem também, é lógico, a ridícula tentativa de relacionar o fato ao tempo em que Dilma Roussef foi ministra das Minas e Energia, no começo do primeiro mandato de Lula.

Mas o que mais me chamou a atenção nas várias páginas do jornal que falam sobre o assunto, foi essa nota abaixo. Que oportunidade perderam os mano da perifa de fazer uma rapa naquele antro de boçalidade encravado em construção de péssimo gosto na Marginal Pinheiros... vejam só:

PÂNICO NA DASLU

Protegidos por um gerador, convidados de uma festa na butique Daslu estavam aflitos na hora do apagão de anteontem. Começaram a pipocar ali notícias falsas de que a cidade vivia uma onda de arrastões. "Logo, as mulheres estavam escondendo as joias, os relógios e telefonando para os maridos e motoristas buscá-las com carro blindado", conta o consultor de etiqueta Fábio Arruda. A relações-públicas Fernanda Barbosa também se assustou. "Em Nova York, mesmo se não tem luz, você sai na rua numa boa, sabe que está seguro. Em São Paulo, se com luz já é perigoso..."

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Faena Hotel, Buenos Aires


Hotel-design, com assinatura do francês Philippe Starck... hummmm... pra mim, um tanto decepcionante. Escuro demais, muito vermelho e dourado, excessivo. O contrário do conceito clean, com tudo clarinho, adotado pelo mesmo designer no Delano de Miami, por exemplo.

Não é muito cafona essa torneira-cisne?


Mas tem recantos e detalhes interessantes - principalmente nos exteriores:



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Forever Young!

Show do Neil Young no Hyde Park de Londres, em junho deste ano. Na última música, um cover de "A Day In The Life", Paul McCartney aparece de surpresa (ao menos para o público). Sensacional! Assista até o final porque vale a pena... Neil Young é tuuuudo!!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guitar Heroes (5)


O cara foi tão genial que parece até injusto ‘reduzi-lo’ à condição de grande guitarrista. Afinal, Frank Zappa foi também cineasta, designer, arranjador, produtor, maestro... transitou pelo rock, blues, jazz fusion, música eletrônica, música atonal, música erudita. Além de ter a língua afiadíssima e encarnar como poucos a figura do outsider, do iconoclasta. E foi ainda um verdadeiro entertainer – seus shows, quase sempre, eram uma saudável e hilariante bagunça. Mas vou pela emoção. E foi a emoção contida nos solos sempre brilhantes da guitarra que Zappa me capturou, há muito tempo.

Comecei a prestar mais atenção em Frank Zappa por conta do fanatismo de dois velhos amigos, Navarro e Lugoma, autênticos e insuperáveis zappamaníacos. E olha que não era fácil manter-se atualizado e por dentro de tudo o que o cara fazia: em sua carreira de mais de 30 anos, Frank Zappa lançou nada menos do que 79 álbuns de estúdio (ao menos uma dezena deles, duplos ou triplos), e muitos outros gravados ao vivo - ‘oficiais’ e piratas. Frank Zappa nasceu em 1940 na cidade americana de Maryland. Desde adolescente, misturava o gosto por compositores de vanguarda como Edgard Varèse e Stravinsky com o r&b dos anos 50. Tornou-se músico autodidata e lançou em 1966 o primeiro disco (‘Freak Out!’) à frente de sua banda Mothers of Invention, trazendo uma improvável combinação entre o rock básico dos anos 50 com improvisações enlouquecidas e colagens sonoras. Era o mote: Zappa investiu nesse modelo e foi se tornando musicalmente cada vez mais ousado e mais ferino nas críticas ao show-business, às religiões, à hipocrisia moral norte-americana – foi um saudável ser politicamente incorreto, numa época em que nem se sonhava usar este termo. E à medida que crescia a sofisticada complexidade de sua música, tornavam-se ainda mais demolidoras e engraçadas as suas letras.

Produtivo e prolífico quase até o fim, foi um guitarrista originalíssimo e inovador (um dos primeiros a usar e abusar, com maestria, de recursos como ‘wah-wah’, por ex.) e muitos de seus discos são considerados essenciais na história do rock. Destaco apenas alguns (quase lógico dizer que não conheço todos): “We're Only in It for the Money” – de 1968, com capa genial, satirizando o Sgt.Peppers dos Beatles -, “Hot Rats” (1969), “The Grand Wazzoo” (1972), “Roxy & Elsewhere” e “Apostrophe” (ambos de 1974), “One Size Fits All” (1975), “Sheik Yerbouti” e “Joe’s Garage” (ambos de 79), “Boulez Conducts Zappa: The Perfect Stranger” (1984) e “Jazz from Hell (1986).

Zappa viveu de 1967 até o final com a mulher Gail Sloatman, com quem teve os filhos Moon Unit, Dweezil, Ahmet Emuukha Rodan e Diva Thin Muffin Pigeen. Foi ao lado deles que morreu, em 4 de dezembro de 1994. Dois dias depois, Gail distribuiu uma nota para a imprensa que dizia simplesmente: “Frank Zappa partiu para a sua última turnê, pouco depois das seis da tarde de sábado”.

No raro vídeo abaixo, à frente de uma das melhores formações do Mothers of Invention (com Ruth Underwood na percussão e xilofone, Napoleon Murphy Brock no sax e vocais, Chester Thompson na bateria e George Duke nos teclados, entre outros), Frank Zappa arrasa na sensacional ‘Florentine Pogen’. ENJOY!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Lulalá


O Lula deu uma entrevista exclusiva para a Folha de S.Paulo, publicada ontem. A entrevista, lúcida e sincera, foi muito boa. Acontece que lá pelas tantas, perguntado sobre as 'alianças espúrias' com gente da laia de Collor, Sarney e outras aberrações, o presidente disse que "se quisesse governar o Brasil, Jesus Cristo teria que fazer coalizão até com o traidor Judas, diante da atual realidade pública".

Lula está sendo execrado por causa disso: editorial na Folha, coluna do Clóvis Rossi, cartas de leitores e até um repúdio oficial da CNBB.

RI-DÍ-CU-LO!!!

Em primeiro lugar, porque não tenho nenhuma dúvida de que ele está coberto de razão. E depois, porque a maioria das pessoas parece não ter entendido o que disse o Lula, e ficam repetindo a bobagem de que ele foi 'desrespeitoso', 'que Jesus nunca fez - ou faria - acordo com Judas' e outras baboseiras desse naipe.

Ou seja: mais uma vez, pegaram o Lula pra Cristo (detesto essa expressão, mas aqui acho que cabe). Na verdade, não percebem que, ao invés de crucificado, Lula está muito perto de ser canonizado; e isso, por universos tão díspares quanto a maioria do povo brasileiro e a comunidade política e diplomática internacional.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Marge Negona


Tá sendo muito comentado aqui, ali e alhures: a estrela da última edição da Playboy americana é Marge Simpson. Como? Um personagem de cartum posando nua? Pois é... Mas o mais interessante é que em NENHUM LUGAR eu vi o que o Gabriel do Afroências postou em seu blog (linkado aí ao lado). A capa da revista é uma reprodução do número que trazia, pela primeira vez (em 1971), uma negra na capa da Playboy americana.


O fato confirma a antiga tese de que a família Simpson é negra; Matt Groening os criou amarelos para serem 'aceitos' pela grande mídia e pelo americano 'comum'. Grande jogada do Matt e grande sacada do Gabriel. Por apenas replicar o que ele disse muito melhor lá no Afroências, esse post inaugura aqui a categoria dos 'não-posts'. Porém relevantíssimos!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Musas de Qualquer Estação


Demorou, mas finalmente aí está: ANGELINA JOLIE. Assim mesmo, em maiúsculas! Reverenciada pela maioria dos homens e execrada por muitas mulheres, como 'sói'(epa!) acontecer com as lindonas. Ainda mais, se for casada com o Brad Pitt hehe...

Angelina tem uma boca sensacional (sem 'preenchimento') e um corpo escultural - não 'mexido' e com treze tatuagens, dizem. Nasceu em 4 de junho de 1975, filha do ator Jon Voight, com quem vive uma relação tempestuosa (há alguns anos, estão completamente rompidos). Já foi punk, já foi 'gótica' e costumava automutilar-se com facas e canivetes na adolescência. Depois, estudou arte dramática no famoso Lee Strasberg Institute e participou de videoclips de Lenny Kravitz e dos Stones, até estabelecer uma carreira cinematográfica de altos e baixos, onde há lugar para filmes péssimos - como 'Lara Croft: Tomb Raider', de Simon West - e outros ótimos - como 'Changeling', de Clint Eastwood.

Sem dúvida, uma figura e tanto. Em seu terceiro casamento e mãe de uma penca de crianças adotadas e naturais, Angelina parece querer deixar pra trás a fama de 'devoradora de homens', assim como já conseguiu provar que é uma boa atriz (ah, a eterna batalha das beldades pra ir além daquilo que a natureza já lhes deu...). Mas não basta: Angelina também se transformou em uma das 'boas samaritanas de plantão', correndo o mundo em favor de causas humanitárias. Não estou criticando nada, mas me causa uma certa compaixão essa obsessão pela auto-afirmação. 'Sou boa mãe, sou boa atriz, sou uma boa pessoa, viu?' Tá bom, Angelina, mas... mesmo que seja só por alguns minutos... dá pra você ser só A gostosona?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A neusa-loira e o médico-monstro



Uma quase segunda-feira, de céu nublado e trânsito difícil. Chego no trampo, abro o jornal e me deparo com essa, na coluna da Monica Bergamo:

Apresentadora do 'Pânico na TV' e capa da próxima edição da 'Tpm', Sabrina Sato adiou a cirurgia para remover a pinta de sua testa. A operação, que estava programada para o dia 2 de novembro com o médico Robert Rey, o 'Dr.Hollywood', teve que ser remarcada. É que o cirurgião e a paciente estão em negociação para que ambos possam filmar o procedimento, para exibir em seus respectivos programas de televisão.

Alguém me empresta uma AR-15?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Galeria dos Chatos, 2a. edição

Atendendo a pedidos...


Marcio Canuto, o gritador, desagradável e inconveniente repórter 'engraçadinho' da TV Globo. Cadeira elétrica seria uma boa...


Carolina Dieckmann, bonitinha mas... Quem já teve chance de cruzar com a moça, garante: seria melhor não ter conhecido.


Diogo Mainardi. É um sujeito culto e inteligente. Por que então se prestar a esse papel ridículo de ponta de lança anti-lula da revista Veja?


Raimundo Fagner. Confesso que gosto de algumas músicas (bem)antigas dele, mas o sujeito sempre foi um mala, arrogante e desagradável, além de feio pra carái... Ontem, por exemplo, em artigo na Folha de S.Paulo, teve o desplante de dizer que Mercedes Sosa devia a ele a sua 'volta ao sucesso'. Impressionante!


Segurando a bandeira 'alta cultura' dessa lista, Gláuber Rocha. OK, respeito a importância do cara pro cinema e blábláblá, mas sempre foi um chatonildo. E confesso: não tenho o menor saco pra assistir seus filmes.


Marcos Mion. O cara acha que é apresentador de TV, acha que é engraçado, acha que é gostosão, acha que é ator. E eu acho que ele é só mesmo um puta chato.


Oscar Schmidt. Quem aguenta o ex-jogador de basquete em seu interminável discurso pró-família e patriota? Além disso, alguém lembra que o chorão de plantão foi candidato a senador na chapa do Maluf?


Otávio Mesquita. Começou entrevistando traveco na entrada do Gala Gay, virou imitador do Jabaury Jr. (aff...), tornou-se amigo de 'celebridades' e bajulador de poderosos. Vade retro!!


Regina Duarte. No papel de 'namoradinha do brasil', já era uma chata de galocha. Quase se levantou naquele 'Malu Mulher' (faz teeeempo...), mas depois do episódio do 'tenho medo' na campanha do Serra pra presidente, caiu definitivamente em desgraça.


Dose dupla pra fechar com 'chave de ouro': Parreira e Zagallo. Ao contrário de muitos, acho que esses dois fizeram mais mal do que bem pro futebol brasileiro. Além de serem arrogantes, ranzinzas, antipáticos, teimosos...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Una lágrima


Seu rosto, sua expressão marcada, sua voz profunda, eram a própria personificação da sofrida e maltratada América Latina espanhola. A nossa mãe índia, com suas veias abertas e o canto a plenos pulmões.

Gracias por su vida, Mercedes.
Agradezco a ti y lloro por nosotros.
Que se vaya bién.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E nem precisa de lua cheia...


Esse maluco aí é Shaun Ellis, um inglês que resolveu dedicar sua vida à pesquisa do comportamento dos lobos. Soube da existência dele ontem, por meio de uma matéria da Folha. E fiquei impressionado: o cara vive longos períodos junto com uma alcatéia em uma reserva florestal do norte da Inglaterra; para maior integração, uiva, late e até come com os lobos, como parece prestes a fazer na foto acima.

É claro que a história de Shaun nos remete imediatamente ao Homem Urso, transformado em ótimo documentário por Werner Herzog e já comentado anteriormente aqui neste blog. Mas agora, o Homem Lobo promete superar o Homem Urso: a partir da próxima segunda-feira, 22 horas, o canal Animal Planet passa a exibir a série 'Uma Estranha Entre os Lobos', espécie de reality show em que a namorada de Shaun, Hellen Jeffs (essa aí embaixo), encara o desafio de 'tornar-se uma loba' - viver entre eles e, mais difícil, sobreviver à aventura.

Para isso, Helen já recebeu as dicas do queridão: dieta rica em proteínas, sem açúcar ou laticínios, para não perturbar o faro dos animais; nem pensar em tomar banho, lavar ou trocar de roupa; e deixar tratar-se de eventuais feridas (as brincadeiras dos lobos tem certa violência...) apenas com a saliva dos bichos (ou seja: deixar-se lamber). E pra finalmente obter o respeito e a confiança de sua nova 'família', sempre regurgitar carne crua recém-ingerida na boca dos lobos.

O Homem Urso também teve a infeliz idéia de levar a namorada pra conviver com seus novos 'amiguinhos'; acabaram ambos devorados por um peludo que acordou de mau humor. A expectativa pelo que acontecerá com Shaun e Hellen é a garantia do sucesso de audiência da nova série. No entanto, o que realmente me desperta a atenção em histórias como essa não é o comportamento dos animais selvagens - de maneira geral, previsível e plenamente justificado. Me interessa a bizarrice humana, para a qual parece mesmo não haver limites.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O enólogo e o caipira


- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?! Quem falou Eca?

- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que
enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...

- Putaquepariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo?!

- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?

- Cebesta, eu não! Sou isso não senhor!! Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...

- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!

- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...

- Mais num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim!

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...

- O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!

- Então, que tal um mais encorpado?

- Óia lá, ocê tá brincano com fogo...

- Ou, então, um suave fresco!

- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!

- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, memo! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédovido, hein, seu fióte de Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!

- Mole e redondo, com bouquet forte?

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te arrebento!...