sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Musas de Qualquer Estação





Uma Mulher com M maiúsculo. Jessica Lange, a atriz americana nascida em 20 de abril de 1949, fez curso de mímica em Paris, estudou teatro no célebre Actor’s Studio de Nova York e foi modelo, até ser ‘descoberta’ pelo produtor Dino de Laurentis, que a convidou para estrelar o primeiro remake de King Kong, dirigido pelo obscuro John Guillermin em 1976.


Depois, ganhou um pequeno papel em ‘All that Jazz’ (1979), do celebrado Bob Fosse, e foi a atriz principal de ‘The Postman Always Rings Twice’ (direção de Bob Rafelson, 1981), onde protagoniza aquela que é, para mim, uma das mais eróticas cenas do cinema, ao lado de Jack Nicholson (foto ao lado). Ali também conheceu Sam Shepard, o justamente celebrado ator e dramaturgo que é seu marido até hoje.




Um dos filmes mais recentes de Jessica é o ótimo ‘Broken Flowers’ (de Jim Jarmusch, 2005), onde vive uma hilária ‘comunicadora de animais’. Hoje quase sessentona, Jessica Lange permanece como um daqueles raros ícones femininos cuja beleza transcende em muito o aspecto físico. É uma deusa, eterna.

A última asneira do judiciário

Sim, sim, hoje é dia ‘Musa’ aqui no blog, mas calma... antes, me sinto obrigado a atender ao pedido do prof. Idelber Avelar, do blog ‘O Biscoito Fino e a Massa (http://idelberavelar.com/), e me solidarizar com o Juca Kfouri para divulgar dois fatos absolutamente verídicos, por ele relatados e que absurdamente, por have-los relatado, sofre ridícula posição de uma juíza sem noção. Leiam abaixo o resumo do post do Idelber e aguardem... a musa dessa sexta vem mais tarde.

A juíza Tonia Yuka Kôroko acaba de conceder liminar determinando que Juca Kfouri está proibido de “ofender” o deputado Fernando Capez (PSDB), ou pagará multa de 50 mil reais. O crime do Juca? Ter dito que o deputado Capez fracassou no combate à violência das torcidas organizadas quando era promotor e que mesmo assim elegeu-se deputado graças à notoriedade alcançada pela campanha. A outra grande ofensa? Ter dito que o curso de Direito dirigido pelo tucano teve nota abaixo da média tanto no Provão do Ministério da Educação como na OAB. Em outras palavras, o grande crime do Juca foi ter relatado dois fatos. Na prática, a Dona Kôroco proibiu Juca Kfouri de falar do Deputado Capez, num país democrático e de imprensa livre. O cabra tem que ver seu time na segunda divisão e ainda por cima ser vítima de deputado e juíza como esses. O Juca não cala a boca, claro. Vai lá e faz um post. Proponho que nos solidarizemos com o Juca espalhando por aí esses dois fatos:

1) o Deputado Capez fracassou como promotor no combate à violência das torcidas, mas se elegeu deputado graças à visibilidade adquirida ali;

2) o Deputado Capez dirigiu um curso de Direito que teve nota abaixo da média tanto no Provão como na OAB. Que ele processe o universo.

Se você tem blog, ajude a divulgar. O próximo processado a gente nunca sabe quem será.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Jogando bola, fazendo música... e indo à praia!




Kaká e Marta foram eleitos ontem, por técnicos do mundo todo, os melhores jogadores de futebol do planeta no ano de 2007. O fato reaviva em mim, a seguinte questão: apesar da intelectualidade brazuca rechaçar o estereótipo do Brasil que faz sucesso lá fora – mulheres, futebol e música -, acho uma besteira a gente ter vergonha disso, brigar contra isso, querer fugir disso.
A cultura brasileira é mesmo o que temos de melhor: futebol e música são as áreas onde, sem dúvida, nos destacamos em escala mundial. E as mulheres? Aí realmente é um problema (por envolver ‘coisificação’, machismo e turismo sexual), mas mesmo nesse aspecto, o Brasil poderia se aproveitar dessa ‘fama’, para direcionar o interesse em termos de turismo ‘saudável’, de praias, de sol, das paisagens espetaculares que temos.
Assim, creio que deveria se investir seriamente em um projeto de médio e longo prazo para a música brasileira e o futebol. E aliar essas duas coisas a um projeto verdadeiramente profissional de turismo.


No futebol - masculino e feminino -, o investimento em categorias de base, a faxina nos clubes e na CBF, o alijamento dos cartolas corruptos que há décadas mandam e desmandam, a dinamitação do monopólio da TV Globo - tudo isso para garantir, no futuro, a permanência dos craques brasileiros por aqui, para vender à Europa as transmissões de TV de um Campeonato Brasileiro bem organizado e cheio de estrelas, e para conectar o futebol ao turismo, oferecendo ‘pacotes’ ao exterior.


Na música, a organização de ‘trupes’ cooperativas, com apoio oficial do governo para turnês em circuitos universitários da Europa e dos EUA , entre outras ações domésticas como a moralização do sistema de arrecadação de direitos autorais e a democratização do acesso ao ‘ouvir música’ e ao ‘fazer música’ – nas praças, nos coretos, nas estações de metrô, nos bares e restaurantes.
E no turismo, a implantação de um sistema sério de preservação e valorização de praias e outras belezas naturais, com o possível estabelecimento de comitês locais de gestão. São apenas idéias embrionárias, mas sustentadas por um conceito simples e do qual deveríamos nos orgulhar: somos sim o país do futebol, da música e das belas praias! E a partir dessa valorização correta e profissional, as portas estariam abertas, lá fora, para a justa valorização da nossa ciência e da área dos negócios, de forma abrangente.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Espaço dos Sem Blog - 1a. Edição

O MSB - Movimento dos Sem Blog, orgulhosamente inaugura, neste sítio, o ESB - Espaço dos Sem Blog, com um texto de autoria do jornalista Walterson Sardenberg Sobrinho. Grande figura, conhecida pelos amigos 'das antigas' pelo codinome bem menos pomposo de 'Boca' (e no meio jornalístico, por 'Berg'), Walterson é um exímio contador de histórias e possui texto refinado. Tem hoje o emprego dos sonhos de muito jornalista: editor-chefe de uma revista de turismo. Ou seja: o cara viaja o tempo todo pro mundo inteiro, fica nos melhores hotéis, come nos melhores restaurantes, e ainda ganha pra isso, hehehe.... Bem, aí está: deliciem-se com o texto abaixo e, aos integrantes do MSB, renovo o aviso: mandem suas colaborações (textos, imagens, qualquer coisa...) para marcio@smartci.com.br. Como aponta ameaçadoramente o Imperial aí embaixo, você pode ser o próximo a ocupar esse espaço!




Comédia de erros

— E então eu falei para o Fernando: “Fique tranqüilo. Já te enviei aquele material, ninguém vai saber de nada”.
Fernando, no caso, era Fernando Collor de Mello, então recém-eleito presidente. Quem se referia a ele com tanta intimidade, ao telefone, era o gordo Carlos Imperial. Não duvidei que Imperial desfrutasse da intimidade do presidente. Ele era capaz de tudo. No Natal de 1968, enviara aos amigos um cartão de Boas Festas em que, debochado, aparecia fotografado nu no vaso sanitário, exibindo sua rotunda silhueta. Muita gente se divertiu ao receber o mimo. Nem todo mundo. Um general sem espírito natalino mandou prender Imperial. Dias antes, os militares haviam jogado no toalete os tais “escrúpulos da consciência” e instaurado o AI-5.
— Você conhece o presidente faz tempo? — perguntei.
— Ah, desde a época em que ele era garotão e andava de enrosco com um mulherão que foi atriz de um dos meus filmes. O Fernando estava sempre nas locações. Fazia um tremendo sucesso com a mulherada.
Continuei não duvidando. O Imperial, que eu conhecera meses antes numa entrega do Troféu Imprensa, era mesmo capaz de tudo. Nos anos 50, ele lançara Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Jorge Ben. Na década seguinte, se tornaria um compositor de raro faro para o sucesso, criando clássicos como o Vem Quente Que Estou Fervendo — este em parceria com Eduardo Araújo. No programa Esta Noite se Improvisa, na TV Record, era dos poucos que rivalizava em conhecimentos musicais com os garotos Chico Buarque e Caetano Veloso. Vestindo uma camisa do Corinthians e bancando o machista e mulherengo, pedia vaias à platéia. Sua máxima: “Prefiro ser vaiado numa Ferrari a ser aplaudido num ônibus”. Era uma figura. Já nos anos 70, pegara uma carona, primeiro como produtor e depois como diretor, na onda das pornochanchadas. Era homem de sete instrumentos, embora arranhasse mal e mal o violão.
Naquele começo dos anos 90, porém, andava esquecido, doente e amargurado. Por isso, arrumara interlocutores como eu, um jornalista pouco conhecido de São Paulo. Mas não perdera a verve. Contava casos durante horas e deixara escapar a história de ter enviado ao presidente algo que me pareceu comprometedor. Percebendo que falara demais, passou a ser reticente. Mas, tanto insisti, que Imperial acabou contando.
Em uma de suas pornochanchadas, o roteiro enveredava pela comédia de erros, aquela série de situações cômicas de entra gente, sai gente, com correrias etc e tal. Faltavam, porém, coadjuvantes. Imperial teria visto Collor dando sopa no set e, em nome da amizade e da carência de opções, pediu que participasse da sequência. Tarefa do novato: correr só de cuecas. Collor quis ir embora. Mas Imperial era, de fato, capaz de tudo. Persuadiu o rapaz. Agora, duas décadas depois, estava enviando ao presidente as cenas comprometedoras retiradas das cópias que restaram do filme.
Que filme seria aquele? Perguntei, insisti e nada. Mais o gordo não contava. Eu que ficasse curioso. Nas consultas que fiz à época, descobri que Imperial estreara como produtor em 1974, com Banana Mecânica, estrelando Rose di Primo. Depois, dirigira no mesmo ano Um Edifício Chamado 200, com Vera Gimenez. Seguiram-se Sexo das Bonecas (1976), com Arlete Salles, e três filmes rodados em 1977: Férias Amorosas, com Marta Moyano; Funerária Kung Fu, com Sandra Escobar e, fechando a safra, Sexo Maníaco, de novo com Marta Moyano. Confesso que ainda não perdi a curiosidade. Estou sempre atento à programação do Canal Brasil para ver se uma daquelas fitas aparece.
Nunca soube se a história da comédia de erros era verdadeira. Carlos Imperial morreu de infecção generalizada em 4 de novembro de 1992, aos 56 anos. Àquela altura, o Fernando já havia aprontado coisas muito piores do que correr de cuecas num filme nacional.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Musas de Qualquer Estação


Ela surpreendeu ao surgir muito à vontade (em todos os sentidos) no papel da ‘Engraçadinha’, de Nelson Rodrigues, em minissérie da TV Globo em 1995. Era uma beleza juvenil mas impositiva, um tanto fora dos padrões, com personalidade forte.
Estrela da noite pro dia, Alessandra Negrini não seguiu, porém, o caminho fácil dos papéis açucarados e nem o da ‘sex symbol’, passando a viver outros personagens difíceis, no cinema (em ‘O que é isso, companheiro?’) e na TV (em ‘A Muralha’ e em diversas novelas). Pra completar, casou-se com o ‘anti-herói’ e ‘anti-galã’ Otto, talentoso e escrachado cantor/compositor pernambucano.
Paulista nascida em 29 de agosto de 1970, Alessandra personificou um dos ensaios mais sensuais da história da Playboy brasileira. Ao invés das previsíveis, produzidíssimas, falsas, forçadas – e por tudo isso, brochantes - fotos que normalmente habitam as páginas da revista, a moça resolveu encarar o desafio de posar nua, como a atriz que verdadeiramente é, vivendo uma prostituta do baixo meretrício carioca em ensaio simplesmente sensacional.

Para 2008, aguardamos Alessandra Negrini nos papéis principais dos novos filmes de Walter Lima Jr. (‘Os Desafinados’) e de Júlio Bressane (‘Cleópatra’).

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

MSB - Movimento dos Sem Blog!!

Aviso importante: a partir desta data, este blog está aberto para a publicação, uma vez por semana, de colaborações externas.

Ou seja, se você não tem blog e deseja publicar algo interessante, de 'sua lavra' - um texto, uma foto, uma imagem, uma ilustração ou o que seja, seus pobrema se acabaram-se!!
Você, caro candidato a colaborador, queira ou não, já é membro do MSB - Movimento dos Sem Blog - e está apto a participar.

Para isso, basta enviar a sua colaboração para o email marcio@smartci.com.br.

Aviso ainda mais Importante: o envio não garante a publicação. Sou totalmente democrático e contra qualquer tipo de censura, mas quem manda nessa bagaça sou eu! Ou seja, se eu não gostar do material ou achar que não tem nada a ver com este espaço, vetarei mesmo, hehehe...

É isso. Está inaugurado o Movimento dos Sem Blog e junto com ele, o Espaço dos Sem Blog!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Baby quando era Baby


Baby Consuelo. 1978. Lançamento do primeiro disco solo da cantora, ‘O que vier eu traço’ – um bom disco, aliás, com saudáveis resquícios dos tempos gloriosos de Novos Baianos. Prenunciava uma exitosa e interessante carreira-solo, coisa que infelizmente não aconteceu, por equívocos de vários tipos (‘místicos’, principalmente).
Bem, mas no final dos 70, fazíamos aquela ‘via crucis’ habitual da divulgação de rádio da época – tempos românticos em que o divulgador levava o artista, de rádio em rádio, batalhando para que a música entrasse na programação. Em uma emissora do ABC paulista (não me lembro qual era e nem se era no A no B ou no C), havia um locutor/apresentador, tipo Alberto Roberto - aquele personagem radialista do Chico Anísio, com voz de trovão, brilhantina no cabelo e mão em concha no ouvido.
Ao nos depararmos com a figura, já foi difícil conter o riso. No pequeno estúdio, entrevista ao vivo com as perguntas mais absurdas, feitas por aquele tipo, naquele ambiente, às 8 e meia da manhã (‘Você é a favor do amor livre? Você faz uso de drogas?'), eu evitava encarar a Baby – era uma daquelas situações em que ambos sabíamos que explodiríamos em gargalhadas a um simples encontro de olhares...
Finalmente, o Alberto Roberto diz: "Bem vamos tocar agora a ‘música de trabalho’ do disco de Baby Consuelo". Roda então ‘Ele mexe comigo’, suingado samba-rock de Pepeu e Galvão, onde Baby repetia várias vezes o título ‘ele mexe comigo, ele mexe comigo, ele mexe comigo’.

Ao final, volta o locutor, com a voz mais empostada possível e aquela mão no ouvido, para dizer, seríssimo:
‘Acabamos de ouvir Baby Consuelo em ‘El México Mio’.
Aí não deu pra segurar: eu e Baby caímos na mais desbragada gargalhada. O cara ficou puto, chamou os comerciais e simplesmente expulsou a gente do estúdio e do prédio, chamando a ambos de drogados, irresponsáveis e vagabundos. A gente nem conseguiu contra-argumentar enquanto ele nos empurrava escada abaixo, porque não conseguíamos parar de rir.
É claro que, depois dessa, nunca mais se ouviu a voz de Baby pelas ondas sonoras daquela emissora.
UPDATE: o nome do personagem do C.Anísio em questão não era Alberto Roberto e sim, Roberval Taylor!! (valeuaê, Guga!)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Fome Suspeitíssima


Tá na Folha de hoje:

O correspondente do ‘El País’, sempre atento a temas católicos, escreveu sobre o bispo Luiz Cappio, em greve de fome, sob o enunciado ‘Disposto à martírio por rio’. Em entrevista ao Terra, Cappio se comparou a Cristo - e garantiu que a ‘grande maioria’ da CNBB o apóia.

Ué, não tô entendendo nada... A Igreja Católica definiu, há tempos, que ‘só Deus pode dispor da vida humana’, condenando assim, com uma só frase, assassinatos, abortos, suicídios, eutanásias e greves de fome. Quando o tal bispo fez a sua primeira greve de fome, ano passado, a CNBB foi em cima dele e o próprio Vaticano, se não me engano, se envolveu no caso. Agora, silêncio absoluto. E o pernóstico e arrogante religioso ainda se compara a Cristo e sai com essa de que a ‘grande maioria’ da CNBB o apóia.

A verdade é a seguinte: a Igreja sempre apoiou o coronelismo e a politicalha mais sórdida do Nordeste, que por séculos eterniza a miséria e a ‘indústria da seca’. Agora, quando surge ao menos uma idéia concreta que tenta resolver, ou no mínimo, atenuar a desgraça, eles ficam contra. Não estou nem discutindo se a transposição do São Francisco é viável ou inviável, se é um projeto correto ou não, mas me parece claro que essa atitude do bispo e da Igreja como um todo, tem caráter político, sensacionalista e de tentativa de manutenção de um status quo cruel e absurdo.

Quer saber? Que esse bispo morra de fome e que leve com ele, para o túmulo, essa Igreja carcomida e aquele papa nazista.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Musas de Qualquer Estação


O violão e o estonteante par de pernas aí de cima pertencem a Carla Bruni, ex-modelo e atual cantora e compositora nascida na Itália (em 23/12/68) e radicada na França. A moça parece ter nascido com a bela ‘derriére’ voltada pra Lua... Filha de um magnata da indústria automobilística, acrescentou mais alguns milhõezinhos à sua já polpuda conta bancária ao tornar-se, na década de 80, uma das modelos mais requisitadas e bem pagas do mundo, dividindo o estrelato com Claudia Schiffer, Kate Moss e Naomi Campbell. De quebra, foi namorada de Mick Jagger e Eric Clapton. E ao contrário de suas contemporâneas, soube abandonar a carreira na hora certa. Para surpresa geral, ressurgiu em 2002 como cantora e compositora, lançando o CD ‘Quelqu’un M’a Dit’, grande sucesso em toda a Europa. O mais incrível é que o disco é muito bom, não ficando nada a dever ao hoje incensado ‘5:55’ de Charlotte Gainsbourg, outra beldade talentosa que merece um post especial dessa série ‘Musas..’.

Mas a escultural Carla não deixou por menos: depois de uma série de shows muito elogiados – onde qualitativamente superou, com delicadeza e bom gosto, o já bem sucedido CD de estréia -, a moça mergulhou na literatura inglesa para lançar no começo desse ano o CD ‘No Promises’, onde apresenta uma série de composições próprias que emolduram poemas de baluartes como W.B.Yeats, Emily Dickinson e Dorothy Parker. E o disco, mais uma vez, surpreende pela elaborada sensibilidade e despretensiosa elegância.

Não é possível! Carla Bruni deve ter mau-hálito, unha encravada ou sudorese. Deus não é justo!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

João, primeiro e único


Artigo sobre show de João Gilberto no antigo Palace (SP), somente para convidados da Brahma.
De um tempo em que ‘bocada’ era ‘tititi’, ‘celebridade’ era ‘notável’ e a Brahma era brasileira, hehehe...
Funciona também, espero eu, como argumento forte contra aqueles que acham JG um chato que só reclama e que canta, enfadonhamente e ad nauseum, as mesmas e mesmas músicas.

Originalmente publicado pelo Jornal da Tarde em 05 de abril de 1991.


Poucos seriam capazes de prever: a platéia de privilegiados que lotava o Palace na noite de quarta-feira, participando com entusiasmo de um tititi sem precedentes na história da casa, permaneceu no mais absoluto silêncio durante os exatos sessenta minutos em que João Gilberto esteve no palco. Após duas horas de espera, ruidosamente preenchidas com vários encontros entre notáveis e muita bebida, o público foi avisado de que não poderia fumar durante a apresentação do cantor e as muitas câmeras fotográficas e de televisão só poderiam entrar em ação depois de meia hora de show. A estrela da noite soube retribuir o respeito do público: o que se assistiu a seguir foi um raro espetáculo de técnica e preciosismo, proporcionado por um dos melhores músicos do mundo, com toda a seriedade e obstinação que essa condição certamente exige.
Há muito tempo João Gilberto já demonstrou seu desprezo pelo rótulo ‘bossa nova’; ele se considera um sambista. Não por acaso, o repertório do show do Palace incluiu dezesseis sambas tradicionais, interpretados no consagrado estilo que se convencionou chamar de bossa nova mas que é, muito mais, uma forma de cantar e tocar violão criada por João Gilberto, que a cada dia busca torná-la mais próxima da perfeição. É cristalino: ao contrário do que apregoam os idiotas da obviedade, a arte de João está em constante evolução; e cada apresentação sua pode ser apreciada como uma verdadeira aula de música brasileira. Depois de um show de João Gilberto, lembramos que o Brasil, ao menos musicalmente, é uma verdadeira maravilha. Isso ficou claro a partir da primeira música do show, ‘Pra que discutir com madame’, samba genial de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa. Janet, irmão de Joel (aquele do chapéu de palha), morreu jovem e desconhecido; seu nome não consta de nenhuma enciclopédia de música brasileira. Agora, encontra seu lugar na história pela sensibilidade de João Gilberto, que abre seu último disco com outra composição de Janet, ‘Eu sambo mesmo’. Essa música, de emocionante beleza, foi sem dúvida um dos pontos altos do show, que também trouxe outras músicas de ‘João’, o disco: ‘Eu e meu coração’, ‘Palpite infeliz’, ‘Siga’, ‘Rosinha’ e ‘Sampa’, onde a melodia e os versos de Caetano Veloso receberam uma inacreditável e virtuosística divisão rítmica. Aliás, quem já tem o novo disco de João e esteve no Palace, pôde comprovar que a voz e o violão do mestre tornam dispensáveis os arranjos de orquestra que foram escritos para todas essas gravações.
João Gilberto também incluiu no show algumas músicas que se tornaram autênticas pérolas de seu repertório mais recente, como ‘Preconceito’, ‘Adeus América’, ‘Sandália de Prata’ e ‘Curare’; e ainda brindou o público com belíssimas interpretações de ‘Saudosa Maloca’, ‘Aos pés da cruz’, ‘Saudade da Bahia’ e ‘O Pato’, esta, a única da fase consagrada como bossa nova, que constou do roteiro. Todo esse programa de música brasileira de primeira linha foi apresentado no Palace com som perfeito e uma iluminação precisa e criativa na sua simplicidade. E quando João Gilberto deixou o palco, dois telões exibiram o comercial gravado por ele para a Brahma - desde já, a mais requintada interpretação de um jingle jamais feita no Brasil. É certo que o roteiro do show poderia ter mais uma hora, incluindo coisas como ‘Estate’, ‘You do something to me’, ‘Isaura’ e tantas outras. Afinal, quando João Gilberto canta, sempre fica a impressão de que foi pouco; e todo o folclore que existe em torno de sua figura invariavelmente polêmica se torna insignificante diante da impressionante dimensão de sua arte.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Cantoras! Ah, as cantoras...



Uma coisa que gosto de fazer é ‘descobrir’ cantoras. Por indicação de amigos ou por garimpagem própria, passei a conhecer vozes como a da norueguesa Hanne Hukkelberg, da inglesa Nellie McKay, da australiana Sia, da canadense Martha Wainwright, da francesa Camille, da sueca Lisa Ekdahl, das americanas Jill Tracy, Holly Golightly, Laura Veirs e Joan Wasser (da banda Joan As Police Woman), entre muitas outras. Cada uma delas com seu estilo, navegando entre gêneros que vão do jazz ao folk, do pop/rock a sutilezas eletrônicas e experimentais, mas todas com um ponto em comum: talento, muito talento!

E destaco a moça de bonezinho das três fotos aí de cima: trata-se de Regina Spektor. Ela nasceu e viveu em Moscou até os nove anos de idade, quando mudou-se com a família para o Bronx nova-iorquino. Estudou piano clássico, fez teatro e passou a cantar em qualquer lugar que fosse possível: em bares, sinagogas, estações de metrô..., até despertar a atenção e virar a queridinha da banda cult, Strokes. Mas a carreira de Regina só deslanchou mesmo com seu segundo CD, ‘Soviet Kitsch’, de 2004, seguido pelo também ótimo ‘Begin to Hope’, em 2006. Regina Spektor faz música pop (no melhor sentido que o termo possa ter) com muita originalidade e um gosto de música de cabaré. Ela dignifica a linhagem das cantoras/compositoras/pianistas do pop mundial, que inclui Carole King, Kate Bush, Rickie Lee Jones, Sarah McLachlan e Tori Amos, por exemplo.

Outra grande artista é Stacey Kent – praticamente desconhecida no Brasil, mas dona de uma carreira já consagrada, principalmente na Europa. Foi pra lá que a moça foi, cedo ainda, estudar línguas; apaixonou-se pelo saxofonista Jim Tomlinson, virou cantora de jazz e já tem sete CDs lançados - todos excelentes. Sua voz é cristalina e a dicção, fantástica. Seu CD mais recente é 'Breakfast On The Morning Train' , que reúne standards de jazz e da ‘chanson’ francesa, além de composições inéditas do maridão Jim. Não por acaso, Clint Eastwood, que é um sujeito que sabe das coisas, contratou a moça pra cantar em seu aniversário de 70 anos. Stacey Kent é simplesmente a melhor cantora que ouvi nos últimos anos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Que coisa...




Tá na coluna do Clovis Rossi, na Folha de hoje:

"... o Brasil, no IDH da ONU, ficou em 70o. lugar entre os 70 países da elite e, mesmo assim, o presidente Lula se acha abençoado por Deus. Nunca antes neste país se fez tamanha exaltação da mediocridade".

Chega a ser comovente o esforço dessas aves de mau agouro, para desqualificar, para 'negativizar' qualquer notícia boa que tenha relação com o atual governo. E isso, apesar da própria Folha, em sua edição de ontem ter caracterizado como 'bastante discreta' a reação do governo (e do Lula) ao fato.

Impressionante...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Pai, o Peixe Vivo e o Peixe Grande



Na foto, entrevistando JK, quando este tomava posse na Presidência, o meu pai, Carlos Gaspar. Ele era jornalista. Dos bons. Dos melhores.

Foi locutor de rádio, repórter da Revista O Cruzeiro em sua fase áurea, trabalhou nos Diários Associados com o Assis Chateaubriand, lançou em Belo Horizonte (TV Itacolomi) o programa ‘Esta É a Sua Vida’, produziu, dirigiu e apresentou a primeira série filmada da TV brasileira (‘A Grande Jornada’), fez parte da primeira equipe da TV Cultura de São Paulo, e muito muito mais...

Mas acima de tudo, ele era um excelente contador de histórias, de ‘causos’ e de piadas, verídicas ou não - até hoje não sei ao certo.

Não por acaso, já assisti cinco vezes ao filme ‘Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas’, dirigido por Tim Burton e com o excelente trio formado por Albert Finney, Jessica Lange e Ewan McGregor encabeçando o elenco. É um dos melhores filmes já feitos por Burton – sem dúvida alguma, um cineasta original, muito especial.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Musas de Qualquer Estação


Ela nasceu na Suécia, em 10 de março de 1964. Seu padrasto, desde a mais tenra idade, foi o espetacular trumpetista Don Cherry, que a levava, desde bebê, em turnês pelo mundo ao lado de gente como Miles Davis, Herbie Hancock e Art Blakey. Adolescente ,viveu entre Estocolmo e Nova York, mas começou cantando profissionalmente em uma banda de ska, em Londres. Depois de ter sido estuprada na saída de um jazz club londrino, com apenas 16 anos, a moça entrou em parafuso e tentou se matar, mas se recuperou e montou uma banda chamada Rip Rig + Panic, que misturava punk, funk, jazz e soul. Depois, gravou um monte de singles, virou rapper, teve dois filhos e tornou-se 'cult' ao gravar uma ousada e impensável versão rap para o clássico “I’ve Got You Under My Skin”, de Cole Porter, para o álbum 'Red Hot + Blue'. Logo depois viria 'Homebrew' (capa ao lado), aquele que permanece até hoje, na minha opinião, como o seu melhor trabalho, mas o sucesso mundial viria mesmo na sequência, com a linda '7 Seconds', onde Neneh divide os vocais com o senegalês Youssou N'Dour. O que mais? Bom, ela é meio-irmã do cantor e compositor Eagle-Eyed Cherry e já esteve três vezes no Brasil, a mais recente delas há apenas um mês, como bandleader do CirKus. Quem viu, pôde comprovar que, além do talento musical, Neneh continua linda, maravilhosa...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

This one's from the heart...


Em seu lançamento nos EUA, em 1982, o filme ‘One From the Heart’ (no Brasil, ‘Do Fundo do Coração’), de Francis Ford Coppola, ficou em cartaz por apenas uma semana e em poucas salas de cinema. Foi massacrado pela crítica e o diretor ficou puto com tudo e com todos – mídia, distribuidores, produtores etc. - e ao que parece, com raiva do próprio filme, que lhe valeu uma dívida superior a 30 milhões de dólares. Coppola perdeu as espetaculares instalações do seu Zoetrope Studios, inaugurado alguns anos antes com a promessa de revolucionar a indústria do cinema de Hollywood. Para ‘One from the Heart’, ele havia cometido a ousadia de recriar, no estúdio, boa parte do conhecido espalhafato cafona de Las Vegas. Isso, sem contar a incrível iluminação (como se vê parcialmente na foto acima) que conseguia até mesmo melhorar um dos melhores shows naturais do universo: o crepúsculo no deserto.

Bem, o filme entra fácil na lista dos meus favoritos de todos os tempos. No elenco, Frederic Forrest, Teri Garr, Raul Julia, Nastassja Kinski e Harry Dean Stanton, todos no auge. E a trilha sonora, de Tom Waits, está certamente entre as melhores coisas já feitas pelo loucaço da voz roufenha . O roteiro é simples e sensível, unindo amor e fantasia, emoldurados pela deslumbrante fotografia assinada por Vittorio Storaro, o mesmo de ‘Apocalypse Now’ (também de Coppola) e de ‘O Último Imperador’ (de Bernardo Bertolucci).

Em ‘One from the Heart’, o diretor, literal e deliciosamente, ‘viaja na maionese’, abusando de planos inusitados e telas simultâneas, e fazendo ao mesmo tempo uma apologia bem humorada do fake e do kitsch. E apesar de ter levado Coppola à falência – da qual, parece, nunca se recuperou -, o filme ciou uma pequena legião de fãs e, com o tempo, foi alçado à categoria de ‘cult’.

Em 2004, saiu na Gringolândia um DVD duplo de ‘One from the Heart’, digitalizado, remasterizado e com um ‘making of’ da gravação da trilha com Tom Waits. Está à venda na Amazon por 27 doletas. Quem puder, não perca por nada. Taí a dica.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Negro é Lindo!


Dos 5.561 municípios brasileiros, 225 incluíram em seu calendário de feriados o dia 20 de novembro, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. A data lembra o assassinato do líder negro Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência à escravidão, preso e degolado em 1695 pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. O feriado é uma reivindicação antiga do movimento negro, que vê maior importância na data em comparação ao dia 13 de maio, quando é comemorada a abolição da escravatura pela princesa Isabel, em 1888. A data encontra resistência em diversos setores do movimento, por ser lembrada pelo ato de generosidade de um branco.

Declarações de Joel Rufino, professor, historiador e professor de Letras da UFRJ, no Estadão de hoje:

"A questão racial está na pauta e não vai sair tão cedo. É positivo. O outro lado da questão é o que não mudou, como a discriminação no mercado de trabalho. Os salários, em média, baixam 50% quando um negro vende a mão-de-obra. E o que piorou, a meu ver, é a incompreensão dos intelectuais. Como o assunto é um divisor de águas, vejo um recuo. Hoje, há quem negue a questão racial no Brasil".

Na prática, o dia 20 de novembro é palco de comemorações do movimento negro desde o início dos anos 70, quando foi revelada a data do assassinato de Zumbi. Em 1978, a data foi escolhida pelo Congresso do Movimento Negro Unificado como o Dia da Consciência Negra. Mas só foi incluída no calendário escolar brasileiro em 2003, por meio de uma lei sancionada pelo presidente Lula.

Calcula-se que 4,5 milhões de negros africanos foram trazidos ao Brasil no período da escravatura; muitos mais, entretanto, saíram de seus locais de origem, atravessando o Atlântico nos pavorosos navios negreiros. Estima-se que 40% morreram no caminho!! E o Brasil foi o último país do mundo a abolir o sistema escravagista... até que ponto será que aboliu mesmo? Eu, por exemplo aprendi na escola que os bandeirantes - esse tal de Domingos Velho, entre eles - eram heróis nacionais...

sábado, 17 de novembro de 2007

Eu amo o Rio...



Rio de Janeiro, ontem 2 da tarde - com garoa, céu cinzento, praias vazias... e ainda assim, LINDO!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Achados de quinta... (feira)







Por certo tempo, escrevi sobre música em alguns jornais e revistas. Fiz críticas, reportagens, entrevistas, etc. E resolvi que colocarei aqui, periodicamente, trechos de algumas dessas matérias, que guardei há tempos e não sabia exatamente onde, mas que acabei de achar por acaso, nessa tarde de feriado chuvoso.

Começo então com um pedaço da entrevista com o excepcional guitarrista britânico John McLaughlin, criador da Mahavishnu Orchestra, entre outras coisas. Aqui, ele fala sobre a morte de Miles Davis (ocorrida dois dias antes da conversa), religião e rap. A matéria foi originalmente publicada pelo Jornal da Tarde em 02/10/91.



Como você recebeu a notícia da morte de Miles Davis?
- É difícil pra mim falar sobre isso... Toquei com ele e outros grandes amigos (Joe Zawinul, Wayne Shorter, Tony Wiliiams) há pouco mais de um mês em Paris, num show inesquecível que, graças a Deus, foi gravado em vídeo. Eu sabia que ele estava mal e liguei de Buenos Aires para o hospital, mas só consegui falar com o agente dele. Miles foi a grande força musical do século XX e me considero um privilegiado por ter sido seu amigo e compartilhado sua incrível energia criativa. Perdi alguém que amava muito, perdi meu pai.

Sua ligação com o plano espiritual sempre foi muito forte. Como você encara a morte e qual é a sua religião hoje?
- Não tenho mais nenhuma religião; apenas busco o meu aprimoramento como ser humano, tentando juntar humildade e orgulho. Humildade para me enxergar como apenas mais um entre bilhões e orgulho por minha condição de músico interessado em fazer o melhor possível. Quanto à morte, só posso dizer que acredito na perpetuação dos espíritos. De que forma, ninguém pode saber.

Na sua primeira visita ao Brasil, você disse que odiava rock e toda a música pop que tocava no rádio. Como você vê hoje o rap e a música feita por samplers?
- Acho que o rap e todo esse movimento negro das ruas é um fenômeno muito mais sociológico do que musical. Os rappers representam hoje o que Malcolm X ou os Black Panthers representavam para a juventude dos anos 60. Mas não creio que eles façam música.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Óxente!


Dizem que o Nordeste brasileiro, caso fosse um país independente, há muito tempo já seria membro da OPEP.

Agora, com o gigantesco campo recém-descoberto pela Petrobrás, a perspectiva se abre também para o Brasil – já se fala até em exportarmos petróleo.

Ou seja: foi necessário que tivéssemos um presidente nordestino para que o Brasil se transformasse em um grande Nordeste.

Com tudo o que essa frase pode ter de implicações, positivas e negativas...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Palavras, Frases, Declarações...

Na Folha de ontem:


“Se um dia eu abrir a janela e tiver um paparazzo me esperando, eu deixo a televisão. Vou fazer só teatro. Eu não sou o personagem. Meu trabalho é interpretar um personagem. Só isso”. – Débora Falabella, estrela da novela ‘Duas Caras’, da TV Globo.


“Acho que estou num ponto de minha vida em que preciso de mais intensidade. Sei que meu tempo está se esgotando. Procuro continuar avançando em minhas convicções políticas e minha vida artística. Os atores, e com mais freqüência os diretores, vão se desgastando com o tempo. Eles perdem a ousadia, eles têm famílias pra sustentar. Mas eu sou solteiro, não tenho filhos. Sou inspirado pela urgência e importância e não quero me proteger – isso seria o pior de tudo”. – George Clooney, ator e diretor americano.

“Nos ferramos por pensar demais. As pessoas me perguntam ‘por que você aceitou esse papel?’ e eu não sei explicar. Aí eu digo ‘por causa do dinheiro’, e elas ficam chocadas. Mas por que me perguntam isso? Sou um ator, me oferecem um trabalho e, se eu quiser fazer, aceito. É simples assim, não há grandes razões misteriosas”. – Anthony Hopkins, ator britânico.


“Quando eu era criança, produções desse tipo eram classificadas como filmes B (falando de ‘A Lenda de Beowulf’, ficção científica repleta de efeitos especiais); hoje são tipo A. Mas não tenho preconceito contra nenhum gênero, já fiz todos, inclusive no teatro. Esse tipo de coisa é uma decisão comercial e lido bem com isso. Quando escolho fazer um filme de Manoel de Oliveira (fez ‘Um Filme Falado’), não é uma decisão comercial, mas não tenho como objetivo fazer filmes de arte que colocam as pessoas num estado vegetativo”. – John Malkovich, ator americano.

E pra dar uma aliviada, duas do Tim Maia, extraídas do livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, de Nelson Motta:

“Dos artistas do Rio, metade é preto que acha que é intelectual e metade é intelectual que acha que é preto”.

E a campeã: “Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas, perdi 14 dias”.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Musas de Qualquer Estação




Uma das musas do Cinema Novo, Ana Maria Magalhães enlouqueceu adolescentes e marmanjos como a índia de ‘Como era gostoso o meu francês’, de Nelson Pereira dos Santos. Com o mesmo diretor - com quem foi casada – Ana Maria já havia feito ‘Azyllo muito louco’. Antes disso, filmara com nomes fundamentais do cinema brasileiro como Domingos de Oliveira (‘Todas as mulheres do mundo’) e Leon Hirszman (‘Garota de Ipanema’. E depois, ainda teve papéis destacados em ‘Quando o carnaval chegar’ (de Cacá Diegues), ‘A casa assassinada’ (de Paulo Cesar Saraceni), ‘Joana Francesa’ (de novo, C.Diegues), ‘Lúcio Flávio, o passageiro da agonia’ (de Hector Babenco), ‘Se segura, malandro’ (de Hugo Carvana), ‘Os sete gatinhos’ (de Neville D’Almeida) e ‘A idade da Terra’ (de Glauber Rocha).

No meio da década de 80, Ana Maria passou para o ‘lado de cá’ das câmeras e virou diretora. Dos vários curtas e longas por ela dirigidos, o que teve maior exposição foi ‘Lara’ (de 2002), cine-biografia da atriz Odete Lara, mas não tenho qualquer referência sobre seu filme mais recente, ‘Afonso Eduardo Reidy, saudades do futuro’, de 2004. Aparentemente, ninguém sabe, ninguém viu...
Mas a imagem da espetacular morena em ‘Como era gostoso o meu francês’, maravilhosamente nua em plena ‘década de chumbo’ (anos 70)... quem viu, jamais esquecerá.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mito urbano



Uma coisa que me irrita são essas... sei lá... 'crendices populares' que se espalham feito fogo no mato seco e de repente, viram verdades incontestáveis para a maioria das pessoas. Em alguns casos, ainda pior: viram lei!!

Por exemplo: o uso de telefones celulares em postos de gasolina. Em algumas cidades, como São Paulo e Rio, existem portarias municipais proibindo o uso do celular nestes locais, obrigando a colocação de cartazes de alerta e prevendo a aplicação de multas para os 'infratores'. E sabem por que? Porque ao se atender ou fazer uma ligação, uma faísca poderia ser liberada pelo aparelho e, em contato com os vapores de combustível presentes naquele ambiente, provocar uma explosão e levar tudo pelos ares. HAHAHAHAHAHA!!!!

Em primeiro lugar, os celulares operam através de radiações eletromagnéticas (ondas de rádio) e não 'soltam faíscas', a não ser que você atire com muita força o coitado no chão. Mas daí a provocar uma explosão, vai uma distância enorme. Não fosse assim, por que, em cerca de 10 anos de uso, e com aproximadamente 3 bilhões de celulares ativos, hoje no planeta, JAMAIS foi relatado qualquer acidente desse tipo em lugar algum do mundo??

Sei, sei, existe um spam recorrente que já chegou em vários endereços de email dando conta de explosões em postos de gasolina provocadas por celulares, na Indonesia, na Nova Zelândia, sei lá onde mais. Eu mesmo já recebi (3 vezes em 3 anos diferentes) até uma apresentação em powerpoint com logo da BR-Petrobrás, relatando esses supostos acidentes e alertando para o perigo. TUDO MENTIRA! A própria Petrobrás afirmou não ser a 'dona' dessa apresentação; não se sabe de onde saiu isso.

O fato é: existe, sim, uma possibilidade de 0,0001% de algum acidente acontecer, a partir do contato dos campos eletromagnéticos gerados por celulares com os vapores de combustíveis. Mas se por isso, fosse necessário proibir o uso de celular em posto de gasolina, antes teríamos que proibir o uso dos próprios veículos automotores nestes locais, já que a possibilidade da ocorrência de explosões é muito maior, levando-se em conta toda a parafernália elétrica de um carro, seu motor de ignição, etc. Teríamos, então, que desligar o carro a um quarteirão de distância do posto, empurra-lo até lá, abastece-lo e empurra-lo novamente até uma distância segura para só então, dar a partida. E isso sem falar dos idiotas de final de semana que se reúnem em lojas de conveniências dos postos, pra beber cerveja e fumar, sem que ninguém fale nada...

Por aí dá pra se ter uma idéia do ridículo, do absurdo que é essa proibição de celular em posto de gasolina, não é mesmo?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A Via Láctea (e sua estrela)


Nesse final de semana, assisti ‘Via Láctea’, longa de estréia da paulistana Lina Chamie, com Alice Braga e Marco Ricca nos papéis principais. Uma agradável e poética surpresa – bom roteiro, câmera criativa, atores bem dirigidos e um bom retrato da São Paulo que oprime, do trânsito caótico e das ruas escuras/ameaçadoras; mas também a São Paulo dos encontros, dos amores loucos, e das Bacantes do Zé Celso, que pontuam a história.

Na cena retratada acima, Alice Braga em primeiro plano.

Filha dos queridos Ninho Moares e Aninha Braga, Alice (Lili) é amiga do Gabriel, meu filho, desde a primeira infância. Sempre juntos na escola, na casa de um ou de outro, no sítio perto de Itu. Me lembro de uma vez que me chamaram na escola: Gabriel havia feito um corte feio na mão, precisava ser levado ao hospital. Cheguei lá, Lili estava ao seu lado, dando uma força. E me disse: ‘quero ir junto com ele no hospital! Me leva! Me leva!’ E lá fomos nós. Eu nem queria olhar enquanto o enfermeiro limpava o ferimento e começava o procedimento de costurar a mão do Gabriel; e a Lili, com 7 ou 8 anos, entre preocupada e excitada com a situação, me puxando o braço: ‘Eu quero ver, eu quero ver!’. Por toda a infância e adolescência, continuaram amigos; e são até hoje. Na foto abaixo, Lu, Gabs e Lili...


Lili fez alguns comerciais na adolescência; mas parece que foram as férias na casa da tia Sônia, em Nova York, que fizeram com que a menina se encantasse seriamente com a possibilidade de ser atriz. Meio que de repente, surge Alice Braga em participação curta, porém luminosa, como a namorada do Zé Pequeno de ‘Cidade de Deus’.
Hoje morando em Los Angeles, Lili, aos 24 anos, já tem bastante história pra contar: fez o difícil papel da protagonista do elogiado ‘Cidade Baixa’ e concluiu agora uma super-produção do ‘cinemão roliudiano’ (onde é atriz principal, ao lado de Will Smith). Além disso, está no elenco do aguardado ‘Blindness’, de Fernando Meirelles, e se prepara para filmar com Sean Penn e Robert de Niro. Pra completar, soube ontem que a Lili está na lista da revista americana Esquire, como uma das 100 mulheres mais sexy do mundo. Incrível, né?

Ainda pouco conhecida no Brasil, a melhor coisa que li por aqui sobre Alice Braga foi a matéria de capa da edição passada da revista Vogue RG. O autor da matéria? Gabriel, aquele lá do começo do post...

UPDATE: Nossa! Um monte de erros nos post, identificados e corrigidos pelo Gabriel, me obrigam a atualizar o texto. Aí vai:

- Eu cortei a mão fazendo o trabalho final de artes (uma escultura de pensador que nunca ficou pronta), na oitava série. A gente tinha nossos 14/15...

- A Lili passou férias na Sônia uma vez só. Ela mesma sempre diz que a referência familiar que tem como atriz vem da Aninha, não da Sônia, que ela mal conhece.

- No Cidade de Deus, ela faz a namorada do Buscapé e depois do Bené. O Zé Pequeno é tão puto da vida justamente porque não consegue arrumar namorada. É muito feio...

- A Lili não tá morando em Los Angeles. Ela tá filmando lá, só de passagem. Na verdade, o lugar onde ela tem casa mesmo é aqui em Sumpaulo e em Nova York.

- Ela tá filmando com Sean Penn e Harrison Ford; não tem filme com o de Niro, não...

- E a edição da Vogue RG em que saiu minha matéria não foi a passada, mas a de agosto.

Pronto! Taí o 'âpideite'!!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Forever Young



“Aurora borealis/The icy sky at night/Paddles cut the water/In a long and hurried flight/From the white man/to the fields of green/And the homeland/we've never seen”

Esses são os primeiros versos de ‘Pocahontas’, uma das muitas maravilhosas músicas de Neil Young, artista canadense de 62 anos, verdadeira ‘lenda viva’ e um dos pouquíssimos rockstars que souberam (e sabem) envelhecer com dignidade. Nessa música, o compositor desenvolve belíssima fábula unindo a história dos índios americanos à dos esquimós do Alasca, fazendo uma analogia com o incrível fenômeno da aurora boreal, privilégio das áreas próximas ao Pólo Norte.
Há muitos anos acompanho sua carreira, há muitos anos sou fanzaço do cara. Possui uma voz única. Em suas letras, utiliza a sonoridade das palavras de forma incomum (como só os verdadeiros poetas sabem fazer). E as músicas são de uma simplicidade absolutamente complexa, se é que me faço entender.

Young foi figura fundamental em bandas como Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, gravou muitos discos essenciais – ‘After the Gold Rush’, ‘Tonight’s the Night’. ‘Rust Never Sleeps’, ‘Harvest’, ‘On the Beach’, ‘Time Fades Away’, ‘American Stars N’Bars’, ‘Hawks & Doves’, para citar só alguns -, e transita com maestria, do rock sujo e pesado (ao lado do demolidor trio Crazy Horse, que o acompanha há décadas, entre idas e vindas) ao mais puro ‘acoustic country’.
Em 1996 foi lançado ‘Year of the Horse’, belo documentário (todo filmado em super 8!) sobre uma das turnês de Young ao lado do Crazy Horse, dirigido por Jim Jarmusch (de ‘Down by Law’ e do recente ‘Flores Partidas’).

Em 2001, Neil Young e o Crazy Horse fizeram um show devastador, espetacular mesmo, no Rock in Rio. Infelizmente, exatamente naquela semana eu estava na Suécia, viajando a trabalho; e pasmem: dois dias após o show, comprei numa lojinha em Estocolmo, o CD duplo, evidentemente pirata, da apresentação dele no Rio. Na volta, assisti ao vídeo do show – que meu filho teve a imensa gentileza de gravar pra mim – e confirmei: aquele fora o melhor show que NÃO VI na vida...

Há décadas envolvido em causas ambientais, sociais e políticas, Young lançou, em 2005, um CD inteirinho dedicado a desancar o limítrofe George Bush – o nome do disco, ‘Living with War’; a faixa principal, ‘Let’s Impeach the President’.

Dois anos atrás, Neil Young passou por delicada cirurgia para tratar de um aneurisma no cérebro; recuperou-se totalmente e voltou à ativa em 2006. Foi à Nashville (a cidade berço da country music), reuniu velhos amigos, compôs um monte de novas músicas e estreou o repertório inédito no histórico Ryman Auditorium, belíssima sala de concertos da cidade. O show, emocionante, foi registrado em DVD por Jonathan Demme (o mesmo de ‘Silêncio dos Inocentes’, de Philadelphia’ – cuja música-título é de Young – e de ‘Stop Making Sense’ dos Talking Heads). Não se pode perder esse filme, que traz todas as músicas que em seguida comporiam o CD ‘Prairie Wind’ e que reúne, também, recriações para algumas das melhores músicas da trajetória de Neil Young.


Tive poucos ídolos no decorrer da minha vida; hoje em dia, então, conservo pouquíssimos. Neil Young é um deles.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O horror... o horror!


Notícia incrível no jornal de ontem: “Papa beatifica 498 mortos na Guerra Civil Espanhola”. Pois é... o Bento XVI, em mais uma demonstração de seu conservadorismo – que já passou de patético para extremamente preocupante -, armou a maior cerimônia de beatificação em massa já realizada pelo Vaticano, abrindo caminho para a santificação desse monte de católicos que, entre 1934 e 1937, foram mortos por forças republicanas que lutavam contra a instalação do regime de terror do ‘generalíssimo Francisco Franco. Diz a matéria da Folha: ‘O ato foi interpretado como uma crítica implícita ao governo do primeiro-ministro José Luiz Zapatero, pois a igreja apoiou abertamente as forças fascistas de Franco, que, vitorioso na guerra civil, governou o país com mão-de-ferro até sua morte, em 1975’. Zapatero, aliás, luta para aprovar lei que, entre outras coisas, permite a exumação de fuzilados da guerra civil que estão até hoje em centenas de valas comuns. Entre eles, o poeta Federico Garcia Lorca, morto pelos franquistas em 1936’. Foram dezenas de milhares de perseguidos e mortos pelo exército sanguinário de Franco, famílias inteiras dizimadas com requintes de crueldade – muitas delas, a partir do ‘dedoduro’ dos católicos agora beatificados. Consta que as relações entre o governo espanhol e o Vaticano estão estremecidas desde 2004, quando os socialistas chegaram ao poder e introduziram uma legislação que facilita o casamento gay e o aborto.
O passado de Ratzinger o condena, e seu olhar tem um assustador aspecto maligno – pra mim, é difícil olhar diretamente em seus olhos. Mais ainda depois desse absurdo de beatificação, que revela nojento aspecto vingativo na personalidade deste que se diz o 'Santo Padre'. A Espanha viveu na penumbra por 40 anos; quem viu ‘O Labirinto do Fauno’ – um dos filmes mais impressionantes dos últimos tempos -, sabe exatamente do que estou falando.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sweet Home... Chicago!


Como muita gente, ando meio ‘de mal’ com os Estados Unidos, desde que o estropício Bush assumiu a presidência e desandou a fazer kgadas com sérias consequências no mundo todo. Meu visto, por exemplo, venceu há quase um ano e ainda não tive a mínima disposição para renová-lo... Apesar disso, não compartilho do raciocínio pequeno de várias pessoas, que demonizam o país – e seus habitantes – como se formassem todos, uma única massa disforme, ignorante e atrasada. Evidentemente, existe muita coisa boa por lá e inclusive, muita gente legal. E cidades, também... Uma delas, entre as que eu conheço, é Chicago. Estive três vezes ali, na capital do estado de Illinois, e ‘fell in love with the city'. A arquitetura é belíssima, unindo modernidade (no melhor sentido do termo) com o tradicionalismo triunfante de prédios como o que abriga a sede do Chicago Tribune – tudo isso em uma cidade cortada por canais e em boa parte, dominada pelo grande Lago Michigan. E tem a parte mais antiga da cidade, que nos remete imediatamente aos cenários típicos dos ‘Intocáveis’ e dos tempos da Lei Seca.
É uma cidade para se morar, não fosse o problema do inverno... pois é, faz frio e venta demais na cidade, pelo menos por quatro meses durante o ano (não por acaso, um dos seus apelidos é ‘Windy City’) e sabe-se que o enorme Lago Michigan fica totalmente congelado no inverno; fico imaginando o frio que deve fazer, e por quanto tempo, pra congelar aquela incrível massa aquática...
Mas Chicago é também uma cidade dominada pela história do blues: a terra onde nomes como Muddy Waters e Buddy Guy fizeram história... é lá que fica a sede da sensacional House of Blues, o maior e mais famoso dos ‘blues bars’ da cidade. Quando estive pela primeira vez no House of Blues, tive o privilégio de assistir a uma ‘canja’ de Pete Townshend (líder do The Who), que tocou, ao lado da banda da casa, um espetacular repertório de ‘traditional blues’, mesclado com alguns dos sucessos do Who e de sua carreira-solo, em inusitadas versões ‘blueseiras’. No ano seguinte, voltei ao House of Blues e tive a surpresa de encontrar à venda um CD daquele histórico show.
Chicago é uma cidade que entra, sem dúvida nenhuma, na minha lista de ‘top 10 of the world’.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Musas de Qualquer Estação


O pai dela foi toureiro e ela nasceu em Sevilha, na Andaluzia. Essa é a Paz Vega, na foto acima em cena de seu primeiro filme que foi sucesso mundial, o sensualíssimo 'Lúcia e o Sexo'. Antes disso, a morena já era estrela da TV e do cinema na Espanha, mas foi depois de 'Lúcia' que sua carreira deslanchou: ganhou um papel no maravilhoso 'Fale com Ela', de Almodóvar, e estrelou a comédia bobinha (porém deliciosa) 'Espanglês', ao lado de Adam Sandler e Tea Leoni. Paz Vega vive em Madri, tem 31 anos e com certeza, um grande futuro pela frente. E a gente aqui, esperando pra ver mais da caliente y muy guapa chica...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mulheres.. ah, as mulheres!!


Sempre me considerei um feminista, no melhor sentido do termo... sempre abominei qualquer discriminação contra mulheres, qualquer violência contra as mulheres, qualquer grosseria contra as mulheres. E hoje, me senti recompensado lendo o artigo do Ruy Castro na Folha, de título “Pela Maria da Penha”. Ruy começa criticando o juiz de Sete Lagoas, MG, que declarou ‘inconstitucional’ a Lei Maria da Penha, que protege a mulher contra as agressões do marido ou companheiro – “O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus era homem!”, declarou o idiota do juiz. Ruy escreve que o homem só faz o que faz – constrói submarinos, promove guerras, levanta cidades, pinta capelas, compõe baiões ou escreve ‘Memórias de um Sargento de Milícias’ para se compensar pelo fato de não ter ovários. Sensacional! Assino embaixo!
Ao final do brilhante textículo (opa!), o ‘nosso’ Ruy diz que uma avaliação da inteligência na escala animal, feita pela OMS, coloca o homem em 1º, o chimpanzé em 2º. e o gato em 3º. E o Ruy rebate: “Baseando-me em meio século de observação empírica, sou mais pela mulher em 1º., o gato em 2º. e o chimpanzé em 3º. O homem emplacaria, se tanto, um 6º. Lugar, depois do pernilongo e do papagaio. Já me convenci, inclusive, de que o homem é só o um instrumento usado pelas mulheres para produzir mais mulheres”.
HAHAHAHA, genial!!
Conheço o Ruy Castro pessoalmente há certo tempo, um cara super-inteligente, de excelente texto e de um humor cáustico, irônico, finíssimo. Uma grande figura e que hoje sobe ainda mais no meu conceito – ao reconhecê-lo feminista de carteirinha, assim como eu.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Enquanto isso, no Norte de Portugal...


Recebi essa notícia, li e reli e não entendi o porquê do nome da feira... perguntei aos meus informantes d'além mar, que prontamente me responderam: 'ora, pois és mais quadrúpede que os ovinos e caprinos! chama-se 'feira da foda' porque o gajo lá comparece e é enrabado, ou seja, comido! porque comprou uma cabra mais cara que a que encontrou depois'.
Tá bom então... depois dessa, prometo nunca mais contar nenhuma piada de português.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A grande Joni e uma historinha de hipocrisia...


A boa notícia que abre a semana é a volta de Joni Mitchel à música; a cantora e compositora canadense, ícone da geração folk/rock que despontou na esteira de Bob Dylan, nos anos 60, havia se cansado do ‘showbiz’ há cerca de 10 anos – quando lançou o excelente CD ‘Taming the Tiger’ – e anunciou sua precoce aposentadoria. Passaria a se dedicar ao 'dolce far niente' e à pintura (o auto retrato acima é um exemplo de sua produção nessa área). Tinha – e tem – todo o direito de fazer isso, é lógico, mas para a legião de seus admiradores, foi uma verdadeira desgraça. Agora, por matéria publicada na Ilustrada de hoje, sabemos que ela voltou atrás e até já lançou um CD de inéditas, de título ‘Shine’.
Joni Mitchell surgiu em 1968 com ‘Song to a Seagull’, com produção de David Crosby (do Crosby, Stills, Nash & Young). Logo depois, compôs ‘Woodstock’, música fundamental na época e eternizada pelo quarteto C,S,N &Y; mais do que isso, sua ligação com eles, que logo merecerão post exclusivo neste blog, se aprofundou ao casar-se com Graham Nash.
Joni lançou em 1970 uma verdadeira obra-prima, o LP ‘Blue’ – uma das músicas desse disco, a belíssima ‘River’ foi recentemente regravada, com maestria, por Madeleine Peyroux (com participação de k.d.lang) em seu CD mais recente. Joni também enveredou por outros caminhos, aproximando-se do jazz e gravando com Jaco Pastorius, Wayne Shorter e Pat Metheny (discos imperdíveis dessa fase: ‘Don Juan’s Reckless Daughter’ e ‘Mingus’). Sempre manteve a postura digna de uma artista avessa à badalação; aliás, talvez por vivermos estes tempos idiotas de culto a celebridades vazias, ela tenha se resolvido pelo afastamento...
Bem, mas falando de Joni e de Crosby, Stills, Nash & Young, me lembrei de certa vez, quando trabalhava na Warner e fui almoçar com uma cantora francesa que passava por aqui. O nome dela era Veronique Sanson e a música que fazia não me interessava absolutamente, mas fiz questão de convida-la pra almoçar só porque soube que ela havia sido casada com Stephen Stills (do C,S,N & Y), hehehe...
Pois não é que aquela francesa – elegantérrima e até então inabalável em sua postura blasé -, ‘subiu nas tamancas’ à mera menção do nome do ex-marido? O grupo do qual ele fazia parte era famoso nos anos 60/70 por suas músicas pacifistas e seu engajamento em causas nobres de direitos humanos e coisa e tal. E a Veronique me disse aos berros: ‘Nem me fale desse FDP: o cara quase me matou de tanto me bater e ainda era obcecado por armas: mantinha em casa uma sala cheia de revólveres, facas de todos os tipos, fuzis e metralhadoras que ele colecionava. Dava muito mais valor a um 38 do que a mim. Não quero ouvir falar desse desgraçado!’
Bem... mas a Joni Mitchell não tem nada a ver com isso, é lógico... Welcome back, Joni!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Musas de Qualquer Estação


A cada sexta-feira, um post sobre uma mulher – só as muito especiais, capazes de tirar nosso sono e de povoar nossas mais secretas fantasias. Inaugurando a seção, a atriz inglesa Charlotte Rampling, nascida em 05 de fevereiro de 1946. Charlotte trabalhou com grandes diretores (Luchino Visconti, Alan Parker e Woody Allen, por exemplo) em filmes como ‘Zardoz’, ‘O Porteiro da Noite’, ‘Coração Satânico’, Stardust Memories’ e o recente ‘A Piscina’, onde se mostra ainda incrivelmente sensual aos 57 anos. Charlotte Rampling foi casada com o multi-instrumentista e mega-chato Jean Michel Jarre, o que só confirma a tese de que todo mundo tem mesmo alguma mancha no passado...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Graaaande Melô!!!


Era um domingo de verão em São Paulo. Sol pleno, a quadra do Colégio Equipe (na Rua Martiniano de Carvalho) lotada desde as duas da tarde para o show marcado para as quatro. Bons tempos aqueles, em que o colégio, depois dos dias de glória no saudoso prédio da rua Caio Prado, vivia os extertores da movimentação cultural iniciada - e ainda comandada, na época - pelo Serginho Groisman.
O show aguardado era do Luiz Melodia, e os produtores eram eu e o grande amigo RB, então empresário do superlativo artista surgido no morro do Estácio e ‘descoberto’ por Waly Salomão. Compositor dos melhores da música brasileira, poeta de mão cheia e pessoa única - uma autêntica ‘figuraça’ -, Melodia era constantemente mencionado como um dos artistas ‘malditos’ da MPB (cultuados pela ‘intelligentsia’ e rechaçados pelas gravadoras). Melô não gostava e tentava se livrar do rótulo de maldito, mas a realidade jogava contra.
Nesse dia, por exemplo, chegaram as 4 da tarde e nada do cara aparecer no Equipe. Ligamos pro hotel, ele não estava: “Saiu há mais de uma hora pra ir pra aí”, nos disse o sujeito da recepção. O público, apertado, suarento e já embalado por alto teor etílico, começava a ficar indócil... quatro e meia, nada do Melô; cinco, cinco e meia, clima de revolta popular, ameaça de quebra-quebra, desentendimentos e brigas surgindo aqui e ali, no meio do público. Conseguimos uma mangueira de bombeiro pra aliviar o calor da turba revoltada e liberamos a distribuição de garrafas de água, mas tava muito difícil de segurar aquela onda. Às seis e meia da tarde, chega o Melodia. ‘Cara, onde você estava?? Tá todo mundo aí te esperando há mais de quatro horas!!’ E ele, completamente desencanado: ‘Tava vindo pra cá, mas passei em frente a um cinema e me deu uma vontade danada de ver aquele filme!’...
Subiu no palco às sete da noite, sob os mais diversos xingamentos e até tendo que se desviar de algumas latinhas de cerveja arremessadas. Começou a cantar e, na segunda música, já tinha todo o público a seu lado. Foi um dos melhores shows que já vi do Luiz Melodia...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Peteleco!


Esse é o jogo! Viciante sem ser desagregador - ao contrário! Exige técnica, mas não exclui ninguém. Possibilita as mais variadas ‘firulas’ mas é extremamente fácil. E reza a lenda - ou pelo menos (o que não é pouco), a ‘musanna’: um alto teor etílico colabora na performance. Peteleco! OBA!!

P.S: Foto da KB e 'mãosanta' do LPE!

domingo, 14 de outubro de 2007

Quarto de Século


Há 25 anos, exatamente nesta data, 14 de outubro, algo inimaginável aconteceu: eu nasci de novo!!!

Saí mais uma vez do útero materno, pouco a pouco comecei a reconhecer luzes e sombras, figuras, rostos, objetos.
As primeiras expressões, reações, olhares, sorrisos, choros, dores.
Fui crescendo junto com ele, me reconhecendo em suas manhas e pequenas alegrias.
Espontaneidades e ingenuidades - e eu junto, me lembrando de coisas que não sabia que estavam em minha memória.

E tem sido assim... que jornada!

Parabéns, Gabriel, pelos seus 25 anos.
Parabéns por ser o que é e obrigado por ter me concedido a dádiva de uma segunda vida.
Parabéns, filho.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Feriado?


Sempre que chega um feriado prolongado como este e começo a ver essas notícias dos milhões de carros que deixarão São Paulo, mais eu gosto de ficar na cidade nessas ocasiões.

DETESTO estrada congestionada, DETESTO passar calor dentro de um carro, DETESTO me preocupar com a possibilidade do carro quebrado no meio de uma Imigrantes, DETESTO ter que pensar a que horas é melhor voltar. DETESTO cada vez mais tudo isso!!

Banho de esguicho pela manhã, cineminha de tarde e buteco à noite - é tudo o que eu quero!!!!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Give Peace a Chance


Desde ontem, esse incrível facho de luz ilumina o Mar do Norte, a partir de uma ilha que faz parte da Islândia, pertinho da capital do país, Reykjavic. É a ‘Imagine Peace Tower’, concebida por Yoko e John há trinta anos e inaugurada na data em que John Lennon completaria 67 anos, dia 09 de outubro de 2007. A ‘torre’ ficará iluminada todos os anos do dia 09 de outubro ao dia 08 de dezembro, data em que John foi assassinado. A torre de luz é, na verdade, uma espécie de farol em favor da Paz Mundial. Em sua base, um ‘poço dos desejos’ abriga mais de 495 mil ‘desejos’, cuidadosamente embalados em pequenas cápsulas, e recolhidos/e ou recebidos por Yoko nos últimos anos, de pessoas espalhadas pelo mundo. Ainda é possível enviar o seu desejo, para o email imaginepeacetower@mac.com.

Palavras de Yoko Ono ontem, durante a inauguração da torre:

“Escolhi a Islândia para a instalação da Imagine Peace Tower porque é o país mais ‘amigo da natureza’ que existe no mundo. 80% da energia utilizada vem da água, ao invés do petróleo; e por causa disso, o ar, a água e a terra, aqui, são incrivelmente puros e limpos. E a energia da torre também vem da água. Eu espero que a Imagine Peace Tower seja a luz que nos lembrará da importância do desejo coletivo pela Paz Mundial, nos enchendo de coragem, inspiração e com um sentido de solidariedade, em meio a um mundo cheio de medo e confusão. Vamos nos juntar para imaginar um mundo pacífico. Pessoalmente, me considero uma pessoa afortunada por ver o sonho que eu e meu companheiro de vida sonhamos juntos, tornar-se realidade"

John Lennon foi um tanto ingênuo em manifestações como o famoso ‘Bed-in’ (ao lado de Yoko) e em letras como ‘Imagine’; e a própria ‘Imagine Peace Tower’ parece ir nesse mesmo caminho. Mas não sou daquelas ‘viúvas dos Beatles’ que costumavam (costumam?) eleger Yoko como a ‘bruxa má do Oriente’ ou a ‘mulher que acabou com o melhor grupo musical de todos os tempos’. Simpatizo com ela, respeito seu trabalho e sempre me impressionei com a incrível história de amor do casal. Ingenuidade? Que bom que ainda existem pessoas assim por aí. Love You, Yoko..

terça-feira, 9 de outubro de 2007


- “Ainda não leu o meu blog?”
- “Por que? Não acho você interessante nem pessoalmente...”


Por absoluta falta de tempo (e principalmente, competência técnica), ainda não consegui colocar aqui um monte de coisa que gostaria – como, por exemplo, links para blogs que recomendo. Assim, resolvi fazer um post com a sugestão de alguns destes blogs, cujos autores, ao contrário das galináceas aí de cima, são interessantíssimos - tanto pessoal como virtualmente...

- o primeiro que me vem à mente é o blog da lúcia (http://www.frankamente.blogspot.com/), que aliás se candidatou a ser minha ‘personal blogger consultator’ mas que, até agora, não me deu uma dica sequer... hehehe...

- também gosto muito do armazém do peri s.coppio (http://armazemperisc.blogspot.com/), do ao cubo do guga (http://gugaalayon.blogspot.com/), do dito assim (http://www.ditoassim.blogger.com.br/) do jaymão (grande texto!), da delicada e criativa beleza do trabalho da silvia (http://cobradevidro.blogspot.com/), do besteirol neurótico-obsessivo da rosana hermann (http://queridoleitor.zip.net/), da metralhadora giratória do ricardo soares (http://todoprosa.blogspot.com/)

- e tem também a amiga jornalista ana carmen foschini, que tem um blog bacana (http://www.anacarmen.com/blog/) e pra quem abro espaço pro convite abaixo:

“Dia 12 de outubro, esta sexta-feira, feriadão, calor, 14h, tem workshop sobre blogs no Conjunto Nacional. É aberto, é gratuito, é começo da tarde, espero que você apareça para um bate-papo. Não pensei em aulinha técnica básica, é muito chatonildo isso. Vou falar sobre alguns dos conceitos básicos relacionados a esse universo. Por isso, sua contribuição será bem-vinda. O encontro é no Espaço Cultural Caixa Econômica, no Conjunto Nacional e faz parte do Corredor Literário na Paulista. Apareça, aproveite o feriado para um bom papo”.

E assim que a luciafranka se dispuser a me atender, esse blog vai incluir muito mais coisa, podem ter certeza.