quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Musas de Qualquer Estação

A sensacional escalada de Diablo Cody ao topo da pop culture se deu a partir de um blog. Agora, é reconhecida mundialmente depois de ganhar o Oscar como melhor roteirista por ‘Juno’, filme de Jason Reitman - o mesmo do excelente ‘Obrigado por Fumar’. Mas é a história dela – além do aspecto físico, naturalmente... – que a faz merecedora de entrar para a galeria das ‘Musas’.

Ela nasceu em 14 de junho de 1978 em Chicago, recebeu o nome de Brook Busey, estudou num colégio católico e se formou como ‘profissional de mídia’ pela Universidade de Iowa. Começou a trabalhar numa agência de publicidade mas, entediada, começou seu primeiro blog, ‘Red Secretary’, que contava as aventuras fictícias de uma secretária que se torna stripper. Em 2004, casou-se com um músico que conheceu pela Internet e abriu outro blog, ‘Darling Girl’, que falava de sua vida de casada e dava dicas dos lugares ‘quentes’ de Minneapolis. Da ficção para a realidade: com a aprovação do marido, largou o emprego e passou a se apresentar nos tais lugares quentes, como stripper e lap dancer. Essa experiência serviu de combustível para um novo blog, com o sugestivo nome de ‘The Pussy Ranch’, que ela mantém até hoje.

Foi esse blog que atraiu a atenção de um poderoso de Hollywood, que a convidou a transformar os textos do blog em um livro. Candy Girl: A Year in the Life of an Unlikely Stripper saiu em 2005 e foi sucesso de vendas e de crítica, rendendo até uma entrevista no talkshow de David Latterman. Daí, a fama. Logo surgiu o convite para escrever o roteiro de um filme, mas Cody não tinha a mínima idéia de como escrever roteiros pra cinema; foi a uma livraria e comprou os roteiros de alguns filmes. Foi assim que surgiu ‘Juno’. O roteiro caiu na mão de Reitman e o resto da história todo mundo sabe: sucesso mundial e o arraso na noite do Oscar (aliás, acho que foi a única coisa que se salvou naquela noite), quando Cody foi tão ou mais fotografada do que estrelas como Cameron Diaz ou Nicole Kidman. Agora, chovem convites, e consta que Diablo Cody está escrevendo um novo roteiro pra cinema (o filme de terror ‘Jennifer’s Body’) e uma sitcom para a TV, chamada ‘The United States of Tara’. No papel principal, a ótima Toni Colette, que fez a mãe ‘super-centrada’ de ‘Little Miss Sunshine’.
Tão vendo? Esse negócio de blog pode dar certo... e os EUA podem ser tudo de ruim, mas em matéria de Bruna Surfistinha, dão um banho ni nóis...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Pelotão de Fuzilamento
















Foram tantas as sugestões, colaborações valiosas dos leitores deste blog, que ficou difícil escolher os próximos condenados ao pelotão de fuzilamento. A honraria ‘premia’ com a morte sumária, sem julgamento, aquelas ‘celebridades’ (argh, como odeio essa expressão...) que insistem em sua doentia busca por holofotes e nos agridem com a sua absoluta falta de talento genuíno, algo que vá além de um sobrenome famoso, de um ou outro factóide ridículo, ou de um corpinho trabalhado para despertar desejos vulgares em pessoas idem.

Bem, acabei escolhendo uma das sugestões (essa foi do Ricardo Soares): a insuportável Xuxa. Precisa justificar? Acho que não, mas digo que ela foi condenada por instaurar uma sexualidade tenebrosamente irresponsável em toda uma geração de criancinhas; não é cantora, não é apresentadora, não é modelo (foi um dia, ao que parece), não é bailarina, não é atriz, não é nada, mas faz tudo isso. E ainda arranjou um imbecil reprodutor de aluguel pra mascarar a sua própria sexualidade dúbia e arranjar uma filha pra vilanizar. Ao seu lado no paredão, o não menos desprezível Ricardinho Mansur, que pediu à imprensa (vejam só...), em determinado momento de sua ‘carreira’, que fosse chamado apenas pelo apelido de Rico (vixi maria!!!). O fulano é filho do homem que quebrou o Mappin, a Mesbla e o banco Crefisul, deixando uma dívida de mais de R$ 1 bilhão. Como se sabe, o pai conseguiu proteger a maioria de seus bens, fazendo com que os credores, inclusive os milhares de funcionários que perderam o emprego, permaneçam em seu encalço. O tal do Rico, ao que me consta, nunca fez nada de útil na vida, além de jogar pólo (conseguindo patrocínios e benesses de empresários idiotas), borboletear na noite com mulheres lindas e vazias, e abrir casas noturnas (com o dinheiro ‘herdado’ do pai?) em sociedade com amiguinhos asquerosos de sobrenomes Diniz, Accioly, Garnero e Huck. Pensei em colocá-los juntos no ‘paredón’, mas cada um deles merece uma ‘homenagem’ particular.

É isso. E continuamos abertos às colaborações.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Você tem fome de quê?




O garotão americano Christopher McCandless, antes de entrar em Harvard, abandona o caminho seguro e óbvio pré-traçado pela vida típica de uma família classe média norte-americana, pra ‘cair no mundo’ sem um tostão no bolso em direção aos confins do Alasca. Essa história verídica é contada pelo filme ‘Na Natureza Selvagem' (‘Into the Wild’), que tem direção do talentoso Sean Penn (sim, existe vida inteligente nos EUA!) e impressiona não só pelas paisagens belíssimas, mas sobretudo pelo roteiro muito bem amarrado, pelos personagens que o cara vai encontrando pelo caminho, e pela direção segura e criativa, rica em detalhes. O filme emociona sem jamais cair na pieguice, e tem ao menos uma meia dúzia de cenas brilhantes, de rara inspiração.

Quando saí do cinema, imediatamente me lembrei de duas produções anteriores, de ‘clima’ parecido. A primeira é ‘Dersu Uzala’, maravilhoso filme de 1975 dirigido pelo mestre Akira Kurosawa. Conta a história de um explorador do exército russo que é resgatado na Sibéria por um caçador asiático, dando início a uma forte amizade. Quando o explorador decide levar o caçador para a cidade, seus costumes se confrontam de forma insuportável com o enfadonho modo de vida na cidade, fazendo-o questionar diversos padrões da sociedade. Inesquecível.



O outro é o bem mais recente ‘O Homem Urso’, documentário dirigido em 2005 pelo também genial Werner Herzog, que assistiu a horas e horas de material gravado em vídeo pelo americano Timothy Treadwell. Este não era biólogo e nem tinha profissão definida, mas resolveu estipular como missão de sua vida, estudar e proteger os ursos-pardos do Alasca. A história terminou em tragédia – Treadwell e sua namorada foram devorados por um urso não muito ‘amigo’ -, mas o filme tem um inusitado viés humorístico, muito por causa da personalidade ímpar do protagonista, e um pouco por causa do olhar original do diretor alemão.


São três filmes ‘primos’, eu acho. É um chavão, eu sei, mas cada um à sua maneira, estes filmes nos fazem sentir a insignificância de nossas vidinhas mesquinhas e burocráticas, diante da imensidão da natureza e do universo de possibilidades que não enxergamos – ou que não queremos enxergar. Há um sentido místico, quase óbvio e quase opressor, por trás das aventuras de Dersu, de Timothy e de Christopher. Mas será que buscavam Deus? Será que buscavam a si mesmos? Liberdade? Felicidade? Tudo isso junto??

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Musas de Qualquer Estação




Ela nasceu em Los Angeles, em 09 de maio de 1946. E além de carregar até hoje uma beleza serena e classuda, a atriz Candice Bergen já foi jornalista, dramaturga e fotógrafa. Despertou paixões em filmes emblemáticos como ‘Ânsia de Amar’ (dirigido por Mike Nichols, 1971) e ‘Encontros e Desencontros’ (de Alan J.Pakula, 1979); surpreendeu ao mostrar uma insuspeitada veia cômica, como a primeira mulher a apresentar o ‘Saturday Night Live’ na TV americana – em sua temporada de estréia, em 1975 – e participar de sketches memoráveis ao lado da primeira (e melhor) turma do programa, cujo destaque máximo era o impagável John Belushi.


Depois, viveu o papel da fotógrafa Margaret Bourke-White em ‘Gandhi’ (de Richard Attenborough, 1982) e a partir do final da década de 80, protagonizou uma das séries de maior sucesso da TV americana, ‘Murphy Brown’. Mas o que pouca gente sabe é que foi Candice Bergen quem alugou para Roman Polanski a mansão em Beverly Hills onde o diretor morou (por pouco tempo...) com a atriz Sharon Tate; foi nessa casa que aconteceu a tragédia protagonizada pelo malucão Charles Manson.


Outro fato curioso: Candice viveu, nos anos 70, um tempestuoso e tórrido caso de amor com o controverso, genial e genioso jornalista brasileiro Tarso de Castro (integrante da primeira turma do Pasquim, já morto), com incursões diversas por Búzios, onde a foto ao lado foi tirada. Candice Bergen foi casada com o grande diretor francês Louis Malle e hoje continua sua carreira a TV americana, na série ‘Boston Legal’.


Essa tem história, hein?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Uma cidade: Estocolmo


A capital da Suécia foi uma das poucas capitais européias não atacadas durante a Segunda Guerra. Por isso, e graças ao conhecido valor que os nativos sabem devotar à cultura e à história, permanece como um museu a céu aberto, uma impressionante coleção de construções que remontam à Antiguidade, passam pela Idade Média e alcançam o ápice da Renascença e da Modernidade. Cortada por canais, Estocolmo é uma cidade que alterna o transporte terrestre com o aquático – historicamente, a Escandinávia é uma região que tem fascínio pelas águas; desde os vikings e provavelmente, antes disso.

Aliás, é em Estocolmo que está um dos mais interessantes museus do mundo, o Vasa. Ele possui apenas uma peça principal: um imenso e espetacular navio de guerra viking. Soube que o encontraram no fundo de um dos canais da cidade e passaram décadas ‘tratando’ o navio embaixo d’água, de forma a preservá-lo quando fosse trazido à tona. Assim aconteceu: colocaram a nau na margem do canal e em torno dele construíram o Vasa Museum. Inaugurado em 1990, é o museu mais visitado da Escandinávia e o galeão é a única grande embarcação do século XVII intacta, hoje remanescente no mundo. Espetacular.

Mas Estocolmo tem também uma agitada e moderna vida noturna, muita música e aquavit rolando, lindas mulheres... e pra mim, fuçador incorrigível de jazz e rock, foi ainda por cima uma agradável surpresa constatar que a cidade possui uma rua inteira só de sebos de CDs piratas e raridades inacreditáveis! Vale a pena também rodar o país (que possui apenas pouco mais de 8 milhões de habitantes): ao sul, da cidadezinha universitária de Lund (que parece saída de um conto de fadas), em meia hora de barco, chega-se à Copenhague, a interessante capital da Dinamarca; ao norte, nas geladas noites do inverno, o espetáculo único da Aurora Boreal.

Entendo que, pela vida ‘certinha’ demais e pelo frio que perdura por mais da metade do ano (os dias chegam a ter apenas 4 horas em dezembro e janeiro!), é quase impossível para nós, seres tropicais, morar na Suécia. Mas não tenho dúvidas de que Estocolmo é uma das cidades mais ‘visitáveis’ do planeta.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pelotão de Fuzilamento


Não é possível. A estupidez e a cretinice de muitas das figuras que habitam as páginas da nossa triste e lamentável imprensa mundana, a programação dos canais de TV aberta (e da 'fechada' também), a desfaçatez e o cinismo geral, não me deixam alternativas. Está criado, neste blog, o espaço 'Pelotão de Fuzilamento'. Vamos mandar para o paredão (infelizmente, apenas virtual...), algumas dessas figuras que insistem em nos encher o saco com suas vidinhas imbecis e nos agredir com suas demonstrações de futilidade e ignorância. O espaço está aberto para sugestões dos leitores. Sugiram condenados ao fuzilamento! Vamos lá, gente! Eles merecem!

Inauguro a seção com as insuportáveis Ana Maria Braga e Suzana Vieira. À primeira, poderia acrescentar seus dois maridos (o ex e o atual), que protagonizam baixarias da pior espécie pela imprensa, e merecem a condenação sumária por estarem brigando pela... Ana Maria Braga (???!!!! Blaaaargh!!!!). A outra senhôra, versão canhestra da também ridícula Donatella Versace, é 'irmã' de barraco da primeira, também gosta de delegados e não me consta que seja uma atriz que mereça este título.

Paredão para as duas!! E aguardo as colaborações!!!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Grande Ronaldo!


Ontem foi um dia muito triste para quem realmente sabe apreciar o futebol. A nova - e mais uma vez muito séria - contusão de Ronaldo coloca em risco a carreira daquele que foi o maior centroavante que vi jogar. Em forma, Ronaldo é um atacante irresistível, espetacular. Os gols que já marcou pelo Cruzeiro, pelo Barcelona, pela Seleção Brasileira, pela Inter de Milão, pelo Real Madrid... um verdadeiro fenômeno, sem dúvida.

E há muito tempo me irrito com o desdém e o desrespeito da mídia brasileira - e de boa parte do público - com o cara. Em 2000, quando sofreu aquela terrível contusão no joelho direito, teve muita gente (médicos, inclusive) que duvidavam até que ele voltasse a andar normalmente. Jogar futebol profissional então? Imagina...

Mas com esforço impressionante e mais de um ano de dores lancinantes em sessões diárias de fisioterapia (de manhã, de tarde e de noite), Ronaldo ganhou a Copa do Japão/Coréia para o Brasil com dois golaços na final contra a Alemanha. Recentemente, quando Alexandre Pato estreava no Milan - e tinha toda a mídia 'babando ovo' a seu favor -, quem fez dois gols e deu o passe para outro? Ronaldo...

Entre os que vi jogar, apenas outro centroavante pode se equiparar a Ronaldo: Careca, que começou no Guarani de Campinas e teve passagem fulgurante pelo São Paulo, para depois formar memorável dupla de ataque com Maradona (no auge!), jogando pelo Nápoli. OK, tem também o Romário, mas este sempre foi um gênio dos pequenos espaços, matador infalível na área, mas os dribles em alta velocidade, a explosão muscular, o chute poderoso de fora da área... essas são características de Ronaldo e de Careca.

Infelizmente, acho difícil o Ronaldo enfrentar toda essa saga mais uma vez, para voltar a jogar profissionalmente. É uma pena, mas seja como for, seu lugar na galeria dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos está mais do que garantido. Para sempre.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

... pour Henri




Henri Salvador se foi.

O grande cantor e compositor nascido na Guiana Francesa tinha 90 anos e uma forte ligação com o Brasil. Reza a lenda que, ao lado de Chet Baker, foi influência fundamental no surgimento da bossa nova. Foi também o compositor de 'Dans Mon Ile', lindamente regravada por Caetano, que ainda referiu-se a Henri em 'Reconvexo': 'Quem não sentiu o suingue de Henri Salvador?'.

Em 2006 saiu seu último disco, 'Révérence', com várias faixas gravadas no Brasil, arranjos de Jacques Morelembaum e participações de Caetano, Gil e João Donato. Um ano antes, no Ano do Brasil na França, Henri Salvador abriu o grandioso show de 14 de julho na Praça da Bastilha, em homenagem ao Brasil.

Um sorriso, uma lágrima e uma flor para esta elegante, talentosa e radiante figura.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O homem, o mito


No final da década de 50, ele era apenas mais um caipira chegando a Nova York em busca de fama e fortuna; hoje, permanece como um dos maiores e mais influentes artistas de sua geração. E aos 67 anos, continua viajando pelo mundo numa turnê que parece não ter mais fim.

Ao longo dos últimos 47 anos, Bob Dylan demonstrou enorme dificuldade para lidar com as implicações decorrentes do mito que se formou em torno de sua figura. Ele sabe, entretanto, que uma carreira feita de atitudes quase sempre arredias e construída sobre uma discografia com mais de 40 discos (oficiais) que cobrem fases tão diversas quanto polêmicas, apenas poderia contribuir para fazer crescer a aura de mistério e curiosidade que cerca a sua intimidade. Mais de vinte autores já se arriscaram a escrever a história de Robert Allen Zimmerman, mas nenhum deles conseguiu a garantia da absoluta exatidão. E mesmo sua própria autobiografia – cuja primeira parte, ‘Chronicles’, já saiu por aqui -, apesar de traçar um saboroso painel dos primeiros anos de sua vida artística, deixa muitas perguntas sem resposta. Logo que chegou ao mítico Greenwich Village nova-iorquino, além de inventar um sobrenome (que até hoje não se sabe com certeza se foi mesmo inspirado no escritor e poeta Dylan Thomas), Bob construiu uma nova biografia para si próprio. É engraçado... por muito tempo, acreditou-se que ele era realmente um vagabundo estradeiro, descendente dos índios sioux, ao invés de mais um entre muitos meninos aparentemente sem qualquer atributo ou talento especial e principalmente, sem nenhuma perspectiva de vida que fosse além da obscura, tediosa e preconceituosa cidadezinha de Hibbing, no Minnesota. O caudaloso (e excelente) documentário ‘No Direction Home’’, de Martin Scorsese, retrata magistralmente o período-chave dessa incrível transformação do redneck sem graça em popstar mundial.

E pra complicar ainda mais a vida de fãs e jornalistas, Dylan participou de diversas gravações de amigos – e mesmo em alguns de seus próprios discos, tocando piano ou bateria, por exemplo – ‘escondido’ atrás de vários pseudônimos: Elston Gunn, Blind Boy Grunt, Lucky Wilbury, Boo Wilbury, Elmer Johnson, Sergei Petrov, Jack Frost, Jack Fate, Willow Scarlet e Robert Milkwood Thomas são os que hoje se sabe.

No mês que vem, alguns poucos milhares de endinheirados que tiverem entre 400 e 900 reais pra gastar em um único ingresso (os mais ‘baratos’, de 250, já se esgotaram), poderão tentar decifrar mais um pouco do enigma Dylan. Ao mesmo tempo, poderão se divertir tentando reconhecer as músicas que ele cantará. Com a voz cada vez mais fanhosa e uma inquietude cada vez maior em relação a seu próprio repertório, Bob Dylan é capaz de fazer um show inteiro só com músicas conhecidíssimas como ‘Like a Rolling Stone’, ‘Blowin’ in the Wind’ ou ‘Knockin’ on Heaven’s Door’, mas com arranjos e melodias alteradas a ponto de tornar praticamente impossível a sua identificação. E reza a lenda que o cara jamais faz um show igual a outro.

Em sua longa carreira, Bob Dylan gravou alguns discos inspiradíssimos, essenciais. Meus favoritos? ‘The Freeweellin’ Bob Dylan’, ‘Highway 61 Revisited’, ‘Basement Tapes’, ‘Nashville Skyline’, ‘Planet Waves’, ‘Before the Flood’, ‘Blood on the Tracks’, 'Desire', ‘Infidels’. Mas a boa notícia é que, depois de diversos altos e baixos, seu CD mais recente – ‘Modern Times’, que apesar do título, possui inusitado clima retrô que remete a um vaudeville mambembe do faroeste americano – é muito, muito bom. E vejam só: na semana de seu lançamento, em agosto de 2006, ‘Modern Times’ entrou direto no primeiro lugar das paradas dos EUA, fazendo de Bob Dylan, aos então 65 anos, o artista mais velho em toda a história do showbiz americano a alcançar tal feito.

Welcome, Mr. Zimmerman!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pra onde vai o Carnaval?




E lá se foi mais um Carnaval... a cada um que passa, mais crescem em mim as dúvidas: para onde vai, afinal de contas, essa festa que nasceu do povo, foi a princípio reprimida e depois 'assumida' pelo sistemão? É possível equilibrar a manifestação sincera de toda aquela gente que passa o ano todo preparando o desfile de sua escola, com a necessidade de se fazer um espetáculo que, na verdade, acaba se resumindo a um programa de TV? E que programinha de TV mais chato, hein? Horas e horas daquele lenga-lenga, com uma impressionante galeria de chavões e idiotices repetidas 'ad nauseum' pelos locutores e comentaristas... E a ganância dos patrocinadores? E a estupidez galopante dos camarotes VIP?

Bem, no Rio, sei que aconteceu nos últimos anos um renascimento dos blocos de rua, da brincadeira livre e democrática, o que é, pra quem gosta, uma ótima notícia; mas em Salvador, a própria prefeitura já reconheceu que a festa precisa ter um 'novo formato'. Afinal, desde que inventaram o circuito 'chique' da orla (onde pu(lu)lam Ivetes e Danielas), parece que o 'verdadeiro carnaval baiano', dos blocos e ijexás, ficou restrito ao centro velho, longe dos holofotes e dos turistas. E Recife/Olinda? Também parece haver, finalmente, sucumbido à mercantilização desenfreada e à guerra das fabricantes de cerveja.

Quanto a mim, confesso que, a cada vez que vejo na TV, de relance, uma imagem daquela impressionante multidão se comprimindo pelas ruas de Recife ou de Salvador, acho interessante (por cerca de 30 segundos) até, logo em seguida, pensar: 'que bom que estou aqui e essa gente toda está lá...'
Pra terminar essa reflexão meio sem sentido e sem pé nem cabeça (será o tal do 'espírito momesco'??), destaco uma frase da página de editoriais da Folha de hoje:

“A ‘cultura das celebridades’, essa ficção, colonizou o Carnaval. As escolas de samba passaram a funcionar como agências de ‘rating’ de modelos e aspirantes. Fazem a triagem que alimenta o mercado sexista e vulgar das revistas, novelas e filhos da elite pelo resto do ano”. – Fernando Barros e Silva.