sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Musas de Qualquer Estação


Ela é inglesa, nascida em 28 de setembro de 1968, mas desde os 14 anos vive na Austrália. Seu pai foi engenheiro de som do Pink Floyd - em homenagem a ele, já falecido, o toque do celular da moça tem a música ‘Money’, do emblemático ‘Dark Side of the Moon’. Sua melhor amiga? Nicole Kidman, a quem conheceu quando ambas dividiram um táxi, há muitos anos, a caminho de um teste para comercial de biquini - as duas foram reprovadas no tal teste, vejam só… Mas foi ao lado da amiga que Naomi Watts estreou no cinema, em 1991, no filme ‘Flirting’. Depois de uma penca de participações menores em filmes australianos, a grande chance apareceu com o convite de David Lynch para um dos papéis principais em ‘Mulholland Drive’ (2001) - estranho, perturbador, aclamado pela ‘crítica-cabeça’. Mas pra mim, o que ficou mesmo desse filme foi a tórrida cena de amor entre Naomi Watts e Laura Harring. Com o dinheiro ganho no filme de Lynch, Naomi produziu e estrelou o interessante ‘Ellie Parker’ (também em 2001), pouco conhecido e que vale a pena ver.


Depois disso, ela fez o papel principal da refilmagem ‘O Chamado’ (de Gore Verbinski, 2002) e o também angustiante e ótimo ’21 Gramas’ (de Alejandro González Iñarritu, 2003). E como ninguém é de ferro, Naomi então resolveu ‘refrescar’ um pouco seu currículo e foi fazer a queridinha do King Kong (2005) de Peter Jackson. Mas nada disso: uma grave queda em um barranco, durante a produção, custou mais de um mês de hospital para Naomi e um enorme atraso nas filmagens. Pra compensar, o filme foi um estrondoso sucesso. E vou dizer: adoro esse filme – gosto da história absurda, acho os efeitos especiais super-legais, e ela... arrebatadora! Conquista fácil o macacão e os babões em frente à tela.

Em 2006, Naomi estrelou, ao lado de Edward Norton, o belo ‘The Painted Veil’ (de John Curran) e no ano passado, deu a luz a seu primeiro filho, Alexander, fruto da união com o ator Liev Schreiber. O filme mais recente de Naomi Watts é ‘Funny Games U.S.’, de Michael Haneke. Ainda não vi, mas vou atrás.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dica da Semana


Sexta e sábado, Gilberto Gil no Citibank Hall, com seu novo show 'Banda Larga Cordel'. É a primeira turnê desde que deixou de ser ministro. Já passou por algumas cidades européias, norte-americanas e sul-americanas; nos EUA, recebeu crítica super-elogiosa do New York Times. Depois de se apresentar no Rio, semana passada, Gil chega a São Paulo.

Um show de Gil é sempre um acontecimento; sua simples presença já desperta aquele clima de excitação em muita gente. Tive a oportunidade de acompanhar Gil em algumas turnês Brasil afora; muitas vezes, observava curioso a variedade de tipos que comparecia aos shows e as pequenas multidões que, a cada cidade, vinham conversar com o artista no camarim, após os espetáculos. Tinha de tudo: de fãs assustadoramente devotos a políticos locais, de tietes oferecidas a insistentes artistas iniciantes, de malucos viajandões a pseudo-parentes do interior da Bahia. Certa vez, conversei com Gil sobre isso, que se disse também impressionado com o fato, a ponto de estar preparando uma música a respeito. A tal música apareceu algum tempo depois; sua inspirada letra segue abaixo:

"Febril", de Gilberto Gil


Veio gente me pedir uma esmola
Veio gente reclamar uma escola
Veio gente me aplaudir
Veio gente vaiar
Veio gente dormir nas cadeiras

Veio gente admirar meu talento
Veio gente adivinhar meu tormento
Veio gente me xingar
Veio gente me amar
Veio gente disposta a se matar por mim

E eu cantava aquela música aquela música alucinação
Como se eu fosse um punhado de gente
E aquela gente ali não
Como se o salão repleto fosse um deserto e eu fosse mil
Mil troncos de arvores velhas arvores velhas de pau brasil
Tanta gente e estava tudo vazio
Tanta gente e o meu cantar tão sozinho
Todo mundo mundo meu
Meu inferno meu céu meu vizinho

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Bomba! Bomba!!


Deu na coluna da Monica Bérgamo, na Folha de hoje: Claudia Ohana será capa da Playboy de novembro!

A notícia não teria a mínima relevância (assim como a revista já não tem, há muito tempo), caso a moça em questão não tivesse virado ícone de toda uma geração, ao revelar, na mesma Playboy e há mais de 20 anos, uma... como diria... impressionante coleção/cultura de pelos pubianos.

E agora, a expectativa é quase insuportável! Como estará a ohana da Claudia?
Opa, quer dizer... Ah, xapralá! foi isso mesmo que eu quis dizer!

Who's that girl?


Ontem, me bateu uma dúvida: será que o Figueiredo, último presidente do (des)governo militar, morreu? Foi ele o único na história do país a recusar-se a entregar a faixa a seu sucessor. Levando em conta que este era José Sarney, hoje até entendo a atitude...

E foi ele também que pediu, assim que deixou o governo, que o esquecessem. E olha, nunca vi pedido levado tão a sério: esqueceram de tal jeito que nem sabia mais se o homem morreu ou se está vivo. Mas dei uma rápida googada e descobri que sim - João Figueiredo partiu desta pra melhor em 1999. E achei também essa foto maravilhosa, tirada pelo fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky, então trabalhando n'O Globo - que não publicou a imagem. Ela foi feita em Belo Horizonte, em 1979, onde o presidente lançava o primeiro carro a álcool do país; a prefeitura organizou uma fila de crianças para cumprimentá-lo e a menininha da foto se recusou terminantemente a apertar a mão do general da vez. Hahaha, demais! Seria interessante descobrir quem é a tal garota...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dica da Semana

Stacey Kent, Esperanza Spalding e Carla Bley, numa mesma noite e naquela acústica maravilhosa do Auditório Ibirapuera? Pois é! É nessa quarta-feira, no TIM Festival, para os poucos que puderam arcar com o alto valor do ingresso; ou... para aqueles sortudos que nem sequer batalharam, mas conseguiram ingressos 'na faixa', de mão beijada. Sorry, juro que não quero me vangloriar, mas estou eu aí nesse segundo grupo...

Stacey Kent é pra mim, hoje, a melhor cantora do mundo. Trata-se de uma americana que foi fazer faculdade na Europa, acabou se apaixonando por um saxofonista e nunca mais voltou. Sorte nossa! Seu timbre, sua dicção e sua respiração perfeitas, sua interpretação... não encontram concorrentes na música vocal que é feita hoje. Olhaí:



Esperanza Spalding, por sua vez, é menina-prodígio. Misto de contrabaixista e cantora, tem apenas 24 anos e já está em seu segundo disco - mistura jazz, soul e música brasileira. Além disso tudo, é lindíssima. Dá pra conferir aí embaixo:



Já Carla Bley é uma véinha muito louca; sempre foi, aliás. Californiana nascida em 1936, essa pianista, compositora e bandleader já passou por quase tudo no jazz, do tradicional ao free total, com destaque para a sua longa parceria com o genial contrabaixista Charlie Haden e seu trio com o baixista Steve Swallow (seu atual marido) e o saxofonista Andy Sheppard. Em 1994, esse trio lançou um disco espetacular ('Songs with Legs'), cuja capa aparece no comecinho desse rápido video:



A noite promete...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Declaração de Voto



A diarista que trabalha aqui em casa, Leide, vai votar na Marta Suplicy. E me explicou porque:

“Tenho quatro filhos e moro lá no final da Parelheiros. Antes da Marta prefeita, eu pegava no mínimo quatro conduções por dia para trabalhar e tinha que gastar dinheiro em todas. Os ônibus eram muito velhos, caindo aos pedaços – vira e mexe, quebravam no caminho; ou eu desistia e voltava pra casa, ou pegava uma daquelas lotações clandestinas, que corriam muito e eram ainda mais caras que o busão. Meus filhos não tinham material escolar e nem roupa; tinham vergonha de ir à escola vestindo ‘roupinha pobrinha’ – me contavam que eram discriminados pelas outras crianças que tinham pelo menos uma havaiana pra calçar. Fora da escola, lá no bairro, as crianças não tinham nada pra fazer, nenhum lugar pra brincar ou pra aprender alguma coisa boa. Daí veio a Marta, ela inventou o bilhete único e eu passei a gastar metade do que gastava em condução – e os ônibus melhoraram, tinha até ônibus cheirando a novo na periferia! E mais: a Marta foi lá e inaugurou um CEU – por isso, pela primeira vez na vida, meus filhos foram no cinema”.

Esse breve depoimento dá a pista para aquilo que considero o mais importante na minha decisão de voto em Marta Suplicy. Esse voto é um ato de desprendimento, um ato de amor ao próximo, um ato POLÍTICO de ALTRUÍSMO. Isso porque, ‘na real’, para um cara como eu ou como você que lê esse blog, não faz muita diferença se ganha a Marta, o Kassab, ou o Alckmin, ou até mesmo o Maluf – esses dois, se ainda estivessem no páreo. Continuaríamos com nossas vidinhas mais ou menos na mesma, com nossas pequenas ambições, nossas pequenas conquistas, nossas pequenas posses. Mas o problema é que a maior parte da população precisa - e depende - de governo. Senão, falta até comida. Aqueles que acham, por exemplo, que a popularidade do Lula é um fenômeno de mídia ou fruto da ignorância do povo, enganam-se completamente. É gente que não comia e passou a comer – se o Lula pular do vigésimo andar, o cara pula atrás.

E é o egoísmo das classes mais altas que revolta. Já ouvi gente dizendo: "não preciso de creche, não preciso de bilhete único, nem de banda larga de graça, muito menos de programas sociais. Por que político só tem proposta pra pobre?" Classe me®dia conservadora, mesquinha, hipócrita. Não vale o que come.

Os filhos da Leide não preferem filme de humor a suspense, não saberiam escolher entre um passeio no parque ou uma tarde em casa fuçando na internet. Simplesmente porque essa realidade não existe. Uma pesquisa feita na Cidade Tiradentes, quando o primeiro CEU foi inaugurado, mostrou que 90% da população NUNCA tinha entrado num cinema. Mais que isso: nos CÉUs, além da educação básica, tiveram a chance de aprender dança, fazer cursos artísticos, balé, cursos de línguas, várias coisas: tudo aquilo que nossos papais e mamães de classe média alta insistiam/pagavam para fazermos, para termos cultura, para termos acesso a oportunidades. Já ouvi também muita gente dizer, entre risinhos, que é besteira fazer coisa de qualidade pra pobre – o cara não tem nada mesmo, qualquer coisa tá bom. Pura maldade de quem não sabe enxergar um palmo adiante do nariz.

Pois Marta deu o feijão e o arroz, mas deu também a cereja do bolo. E mais: a prefeitura de Marta Suplicy distribuiu uniforme e material escolar de qualidade para mais de 1 milhão de crianças em São Paulo. Fui testemunha de uma cena emocionante, uma vez no Parque do Ibirapuera, quando organizei um dia inteiro de oficinas musicais para as crianças de 4 a 8 anos, da rede pública do tempo da Marta. Quando a prefeita chegou pra conferir a ação, todas, absolutamente TODAS as crianças, pararam o que estavam fazendo para aplaudi-la, para abraçá-la, para beijá-la, para simplesmente estar com ela.

Enquanto a grande parcela da burguesia opta por Kassab e uma outra reclama do sistema e diz que Marta e Kassab são iguais (mas vota no segundo, ou nulo, ou branco), a galera de Parelheiros, Cidade Tiradentes, São Miguel Paulista, Brasilândia e outros lugares paupérrimos preocupam-se com a educação de seus filhos, as parcas oportunidades de trabalho, a condição da saúde pública e a existência de comida no prato ao fim do dia. Será que só populismo explicaria a quantidade de votos de Marta nas regiões mais carentes - assim como a vitória avassaladora de Kassab nas áreas mais ricas?

Acabei de ver na TV o ‘ direito de resposta’ do Kassab. A Justiça concedeu isso por considerar que a campanha da Marta ofendeu o atual prefeito. Perguntar se alguém é casado é ofensa? Puxa... não sabia... Também acho que foi uma cagada o pessoal da Marta levantar essa lebre, mas acho ainda muito mais ridículo, absurdo e revoltante, a relevância que tal fato gerou na mídia em geral. Nas eleições anteriores, a campanha do Serra distribuiu panfletos com o título ‘ Dona Marta e seus dois maridos’. Alguém se lembra de alguma manchete na Folha ou no Estadão sobre isso? Não, porque não houve. Mas certamente, muitos se lembrarão das várias fotos, nas primeiras páginas dos jornalões, onde seus autores procuravam maldosamente um momento fugaz para ridicularizar e desrespeitar Marta – fotos dela cruzando as pernas, até foto de suas pernas DEBAIXO DA MESA me lembro de ter visto. E onde estavam os arautos do politicamente correto, os defensores do não-preconceito? Onde estava o Sr. Contardo Calligaris – sujeito de quem gosto (ou gostava...) – e que ontem escreveu ridículo artigo comparando Marta a McCain?

Votar em Marta é votar pelo bem da maioria, é votar pelo abrandamento da tremenda injustiça social que abala e envergonha essa cidade. Votar em Marta é uma obrigação para aqueles que se preocupam em enxergar além de suas próprias vidinhas mesquinhas e patéticas.

Marta Suplicy para prefeita de São Paulo. Tenho dito.

PS: Esse post revela de forma cristalina o que penso dessa eleição, mas boa parte dele foi descaradamente chupado de escritos recentes do Gabriel e da Ana Clara – a quem louvo, dou crédito e agradeço.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dica do Dia


Lançamento do livro do André Midani, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. André é uma figura histórica do mercado do disco no Brasil (quando havia disco e mais que isso, havia mercado...). Dono de uma história rocambolesca que um dia ainda vai virar filme, André vagou menino pela Europa ao lado da família em uma carroça de ciganos, 'driblando' os nazistas. Sabe-se lá como (ainda não li o livro...), chegou ao Brasil e começou a trabalhar carregando caixas de discos. Apaixonou-se pela música brasileira e acompanhou tudo - muitas vezes como protagonista, ainda que no 'backstage': bossa nova, os festivais, elis regina, o tropicalismo, a jovem guarda, mutantes & ritalee, a volta dos baianos, o rockbrasileiro de titãs e lulu, tudo, tudo.

Foi presidente da Philips/Polygram e depois da WEA (Warner/Elektra/Atlantic), onde foi meu chefe. Figuraça, imprevisível, explosivo, engraçado, inteligente, de humor corrosivo e com atitudes e declarações no mínimo polêmicas e controversas. Mais recentemente, depois de se aposentar como presidente da Warner International, colocou muita grana em projetos sociais no Rio e produziu o 'Ano do Brasil na França' para o MINC de Gilberto Gil.

'Música, Ídolos e Poder: do Vinil ao Download' é o nome do livro de André Midani. Acho que não há ninguém, no Brasil, que poderia escrever com mais propriedade sobre esse tema.

Update: Caetano Veloso, que agora tem um blog bem interessante (http://www.obraemprogresso.com.br/), também comentou sobre o livro:

Estou lendo o livro de André Midani, “Música, ídolos e poder“, e estou impressionado. É um livro bom, escrito por um homem incrível, sobre uma vida improvável. Muito bonito o destino desse homem que eu amo tanto e que foi tão importante para mim. Independentemente disso, é um livro para ser lido por quem quer que se interesse por música no Brasil e tenha prazer em ver o assunto olhado de uma perspectiva não provinciana, de uma larga visão histórica. Da chegada dos aliados na Normadia aos downloads e aos piratas, uma personalidade singular, sofrida e curtida (nos dois ou mais sentidos) faz a gente aqui se sentir real, possuidora de um tamanho real.

domingo, 12 de outubro de 2008

Musas de Qualquer Estação


Musa absoluta do genial Ingmar Bergman, Liv Ullmann esteve em São Paulo para abrir uma mostra da Cinemateca Brasileira em sua homenagem. Sempre me fascinou a beleza escandinava, misteriosa, de Liv em atuações sutis e expressionistas - onde os olhares e silêncios dizem mais do que as palavras - nos filmes 'Gritos e Sussurros', 'A Paixão de Anna', 'Persona' e 'Cenas de um Casamento', para citar só alguns. E Liv soube envelhecer linda, com extrema dignidade, como se comprova na matéria abaixo, feita pelo Gabriel (meu filho) a partir da coletiva que a atriz concedeu à imprensa paulista, semana passada. A matéria foi originalmente publicada no Portal Onne (http://onne.com.br/conteudo/6129/dois-segundos-al-m-do-poss-vel).

Dois segundos além do possível
por Gabriel Rocha Gaspar
________________________________________

Na coletiva de imprensa, ninguém queria perguntar a Liv Ullmann sobre Ingmar Bergman. A atriz/diretora/escritora teve sua trajetória estreitamente ligada à do gênio sueco com quem, além de ter feito alguns dos mais importantes filmes do Século XX – “Persona” (1966), “A Paixão de Anna” (1969) e “Cenas de Um Casamento”(1973), entre outros –, teve uma filha. Jornalistas hesitavam porque se supõe que Liv deve estar mais do que cansada de responder sobre seu ex-companheiro, amigo e ídolo. E, principalmente, porque ela vem ao Brasil para falar dela própria.

É que Liv é homenageada na Cinemateca com a mostra “Liv Ullmann – A Atriz, A Diretora e Seus Filmes” e com a primeira versão em português de seu livro autobiográfico “Mutações”, de 1975. Sorte deste repórter do ONNE que, sendo o primeiro a citar o diretor, foi o único a suscitar olhos marejados, acompanhados de um sorriso encantador. “Há dois anos (pouco antes da morte de Bergman, em junho de 2007), conversamos ao telefone e eu disse: ‘é tão incrível. Todo mundo com quem eu falo me diz tantas coisas lindas, só porque eu trabalhei com você,” ela contou. A belíssima resposta: “A gente compartilha o mérito. Você é o meu Stradivarius (violino mais precioso do mundo)”.

Essa foi uma entre muitas falas apaixonadas. Na verdade, suas primeiras palavras já foram uma declaração de amor (às avessas, há de se dizer). O cônsul geral da Noruega, Jens Olesen, abriu a conversa apresentando o programa da mostra, que inclui coquetéis com bebidas e comidas típicas daquele país – leia-se akvavit e bacalhau. “Nós adoramos”, ele disse, “que os brasileiros adoram e que Liv Ullmann adora”. Ela tratou de dizer, rapidamente: “Eu não gosto!”. Rendeu gargalhadas e a simpatia dos entrevistadores.


Foto: Rodrigo Schmidt)

Seguiu-se a essa, nova paixão. Dessa vez, pela... Velhice?! Dos dois lados de Liv, cartazes mostravam uma foto sua, “datada de 38 anos atrás”, segundo ela própria. “Não gostei porque essa menina não sou eu; nem me lembro de algum dia ter usado esse chapéu!”. Aos 69 anos, essa menina se diz orgulhosa da idade. “Hoje em dia, parece que é vergonhoso ficar velho. A experiência nos permite encontrar novos caminhos para onde seguir”.

Com toda essa disposição intelectual, não é de se admirar que Liv critique um certo cinema atual, que induz o espectador à preguiça. “Para mim, algumas das melhores experiências da vida aconteceram dentro de uma sala escura de cinema”. Quando criança, na Noruega, ela vivia em um ambiente muito protegido, cercada de família, amigos e vizinhos próximos. “Umberto D”, “Ladrões de Bicicleta” e “Milagre em Milão”, filmes do italiano Vittorio de Sica, foram a chave de um vasto universo além-muros.

Foram os primeiros passos de uma carreira que moldou o cinema no Século XX. Com meros 17 anos, Liv Ullmann estreou nas telas na comédia “Fjols til Fjells” (Tolos na Montanha, em tradução livre), de Edith Carlmar. Dois anos depois, em 1959, protagonizou “Ung Flukt” (A Garota volúvel – também de Carlmar). Antes dos 20, era uma celebridade local. “Ser famosa em um pequeno lugar é o mesmo que ser famosa no mundo inteiro. Significa ser duas pessoas: alguém que todos conhecem e alguém que é normal, que ninguém conhece. Essa segunda pessoa foi quem escreveu livros”.

Por isso, Liv se diverte com o fato de ter se tornado um ícone da libertação da mulher com “Mutações”. Diz que nem sabia que era feminista. Na verdade, ela vê todos como iguais e até tira sarro da alcunha. Conta que, quando fez Casa das Bonecas na Broadway (1975), chegou a encarar uma face furiosa do feminismo nova-iorquino. Na peça, Liv vivia Nora, uma mulher que larga o marido em nome da liberdade. “Quando eu subi no palco, na pré-estréia, as mulheres vibraram. Quando o pobre coitado que fazia meu marido (Sam Waterston) abria a boca, choviam vaias”. Waterston começou a ficar nervoso antes da apresentação e Liv recomendou ioga ao companheiro. Resultado: ele torceu o pé e teve de usar uma bengala na estréia. Acabou dando certo. O público ficou com pena dele e as comemorações pelo pé-na-bunda diminuíram. “Durante o resto da temporada, meu marido usou muletas.”

Ingmar Bergman

“Ele se sentava ao lado da câmera, escutava e olhava tudo. Era como um amante de fato, alguém que presta atenção a cada mínimo detalhe do que você faz. Para o apaixonado, você faz o seu melhor: você sorri melhor, chora melhor, você é mais para sua interpretação”, conta Liv. Quando foi filmar Sarabanda (2003), Bergman estava longe dos sets havia quinze anos. Novos métodos de filmagem, “aos quais Ingmar não estava acostumado nem se acostumaria” impediam que ele ficasse colado à câmera como sempre fez. “Perdi aquele espectador privilegiado, fiquei perdida.” Quando ele disse ação, o que aconteceu? “Tudo foi muito bem. Nos comunicamos por sinal de fumaça.”

Não foi à toa que naquela conversa, uma das últimas, Bergman disse que Liv Ullmann era seu Stradivarius. Dessa relação entre o maestro e sua maior solista nascia a arte. Nas palavras dela própria, o grande artista é alguém que puxa um pouquinho o limite da verdade. “É como aquela bailarina que salta e consegue ficar dois segundos além do possível no ar”.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pillar, a Patrícia


Nestes tempos de sérias restrições orçamentárias, me sobrou a diversão noturna de 90% da população brasileira: a telenovela. Pois é gente, tenho assistido 'A Favorita', o folhetim global que vem logo depois daquela porcaria chamada 'Jornal Nacional'.

A tal novela possui todos os clichês do gênero, além da ridícula e recorrente piada de mau gosto da TV Globo, que adora mostrar uma estranha Sâo Paulo onde praticamente todos falam como se estivessem em Ipanema. Mas como quase tudo (menos os discos do Fagner ou do Oswaldo Montenegro), a novela também tem algumas coisas boas. Uma delas é a Patrícia Pillar no papel de cruel assassina.

Salvo engano, trata-se da primeira vez que a Sra. Ciro Gomes (putz, que mau gosto!) faz uma vilã. E vem se saindo a contento, explorando bem a sua beleza física para criar um personagem cujo olhar frio e cortante consegue ser estranhamente atraente. Chega a ser uma surpresa: afinal, a estréia de Patrícia Pillar como atriz foi um completo desastre.

Em 1983, sua carinha bonita foi vista pela primeira vez em 'Para Viver um Grande Amor', adaptação para o cinema, dirigida por Miguel Faria Jr., para 'Pobre Menina Rica', de Vinícius de Moraes & Carlos Lyra. Na produção, a atuação de Patrícia faria qualquer pessoa supor que o máximo que ela conseguiria, dali por diante, seria o papel de árvore em uma montagem infantil de Branca de Neve, em escola de bairro. Para se ter uma idéia, Djavan, co-protagonista (??!!) do filme, fez ali a sua estréia e, ainda bem, a sua despedida como ator - provavelmente por uma correta auto-crítica. E sua atuação é muito melhor que a de Patrícia Pillar. Mas surpreendentemente, ela conseguiu sobreviver à tragédia e hoje é uma atriz de currículo até respeitável, com participações elogiadas em filmes como 'Quatrilho' e 'Zuzu Angel', além de papéis televisivos bem feitinhos, como a Dra. Cris da minissérie 'Mulher'.



Em 'Para Viver um Grande Amor' (que era, afinal, um musical), salvava-se a trilha sonora, com boas regravações para os originais de Vinícius & Lyra, além de inéditas - de boa safra - de Djavan e Chico Buarque. No filme, na hora da cantoria, Patrícia Pillar foi dublada por Olívia Byington - o recurso, mal disfarçado pela atriz e mal realizado pelo diretor, só tornava tudo ainda mais constrangedor. Ou seja, o filme tem todos os ingredientes para se tornar, em futuro próximo, um "cult", hehehe...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Pau latejando? OPA!!


HAHAHA, essa é demais!

Saiu hoje, na coluna de TV da Folha, a seguinte nota:

Mico interativo

A Globo estuda mecanismos para filtrar as perguntas de internautas que aparecem nas transmissões esportivas. No último sábado, durante jogo do Mundial de Futsal, a emissora exibiu uma pergunta em que o nome do internauta era um trocadilho sexual. ´Por que o Falcão começa os jogos no banco é a pergunta de Paula Tejando, de Goiânia, aqui pertinho de Brasília´, soltou o locutor Luís Roberto.


Me escangalhei de rir. Não só pela idéia da pessoa em ligar pra Globo e pregar essa peça, não só por imaginar a esbórnia que deve ter feito essa pessoa quando conferiu que seu trote deu certo, como também por pensar na cara do Luís Roberto quando sacou a o mico. Esse locutor é um chato de galocha, daqueles tipos que estão sempre sorrindo, numa alegria falsa e irritante, e ainda é puxa-saco do Galvão Bueno, vejam só!

Muito provavelmente não por acaso, ontem à noite no SporTV, o programa 'Bem, Amigos' - que há muito tempo é apresentado pelo Luís Roberto -, teve o comando do Mauro Naves. Mas ao menos, o episódio serviu pra mostrar que as 'perguntas dos internautas' nas transmissões da Globo, não são fajutas, como eu sempre pensei que fossem.

E quanto ao 'Bem, Amigos' de ontem, salvou-se não só pela ausência do Luís Roberto como pela presença do Duofel, dupla de violões formada pelos talentosos amigos Luizão Bueno e Fernandinho Melo (que merecerão post exclusivo aqui, em breve).

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dica da semana



Quem acompanha esse blog faz tempo, sabe que sou fã do cartunista Jaguar, gênio absoluto do traço e do humor politicamente incorreto.

Pois tá saindo um livro 'novo' do Mestre.
O novo vem entre aspas porque 'Ninguém é Perfeito', o livro, foi publicado inicialmente em 1972 na Argentina e permanecia, até agora, inédito no Brasil.

Mas em se tratando de Jaguar, é claro que seus cartuns e desenhos permanecem atualíssimos. Como aliás comprova a frase que conclui a apresentação do livro, escrita pelo próprio autor:

"Sei que ninguém é perfeito, mas eu exagero"

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Musas de 'Alguma' Estação

A beleza agressiva de Gabriela Sabatini, ex-tenista argentina:



Sônia Braga, nos anos setenta; nessa época, não tinha pra ninguém!



E essa capa de disco da Gal Costa? Será que os mais jovens conseguem imaginar o impacto disso naqueles tempos? Que ousadia maravilhosa!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Análise de Retorno Financeiro


A foto, não sei de quem é. Mas o texto abaixo é uma colaboração da minha amiga, a jornalista carioca Malu Fernandes. O blog dela (shopping de comunicação) tá linkado aí ao lado. E o texto revela que as agruras atuais ainda não destruíram o bom humor do habitante daquela cidade ainda maravilhosa...

Se você tivesse comprado, em janeiro de 2005, R$ 1.000,00 em ações da Nortel Networks ou da AIG, ambas gigantes da economia americana, teria hoje R$ 59,00. Se optasse por utilizar a mesma verba em compra de ações da Lucent Tehnologies – na época, uma potência das telecomunicações -, teria hoje R$ 79,00!

Mas se em janeiro de 2005 você tivesse usado os mesmos R$ 1.000,00 para comprar latas de cerveja, tivesse bebido tudo e guardado as latinhas pra vender hoje, teria R$ 80,00!

Conclusão:
No cenário econômico atual, você perde menos dinheiro se ficar sentado e bebendo cerveja o dia inteiro...
Mas é importante lembrar que, quem bebe mais vive menos.
Menos triste
Menos deprimido
Menos tenso
Menos puto da vida

Pense nisso... e... se for dirigir, não beba.
E se for beber, me chama.
Se não me chamar, pelo menos me manda as latinhas!