sexta-feira, 28 de setembro de 2007


Um pra cada um

Músculo, pulsação, sangue, sentimento

Baixa pressão

serenidade

Alta pressão,

pegada forte

Existir

Transcender

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

George Harrison, by Scorsese and by me!


A BBC anunciou hoje que Martin Scorsese assinou contrato para levar ao cinema a vida de Harrison. A julgar pelo caudaloso ‘No Direction Home’, filme onde o diretor mostra com enorme competência o início da carreira de Bob Dylan, só se pode esperar coisa boa vindo por aí. O filme deverá tratar da fase Beatles e pós-Beatles, incluindo a busca espiritual de Harrison via religiões orientais, a carreira-solo, e sua pouco conhecida faceta de produtor de cinema – sabiam que ele produziu, por exemplo, o antológico ‘A Vida de Brian’, do Monty Python?
Um privilégio da minha vida em gravadoras foi ter conhecido George Harrison pessoalmente. Pois é, galera, isso aconteceu mesmo! O ex-beatle sempre foi um apaixonado por corridas automobilísticas e veio incógnito ao Brasil com Jackie Stewart, grande piloto na época. Coube a mim, com 20 aninhos então, acompanhar George por uma tarde, indo e voltando de helicóptero, do Hotel Transamérica até Interlagos e, com ele, assistindo ao treino no autódromo. Extremamente gentil, tímido e de fala serena e em baixo volume, foi pra mim difícil conseguir conversar com ele ‘normalmente’ – naquela hora e naquela idade, não me ocorreu nada ‘inteligente’ pra dizer, hehehe. Fiz, mal e porcamente, a foto acima, no saguão do hotel, mas fiquei com vergonha de pedir um autógrafo ou algo parecido. Tudo bem, né? O que está na minha lembrança já vale muito...

Aqueles a quem amamos odiar


Quem? Os argentinos, é claro... Os brasileiros adoram passear pelo país vizinho – los alfajores con dulce de leche, a Livraria Atheneo, o Caminito, el Barrio de La Boca, Palermo, as compras na calle Florida, las parrilladas, o vinho (que melhorou muito nos últimos anos), Bariloche, e tanto mais... Ao mesmo tempo, chega a ser uma doença ainda não satisfatoriamente explicada, a necessidade que o brasileiro possui, de se afirmar perante ‘los hermanos’. Boa parte disso tem a ver com o futebol, é verdade, mas a coisa vai muito além. Há algum tempo, por exemplo, dá pra perceber nos cadernos culturais da nossa imprensa, uma ponta de inveja pela excelente produção recente do cinema argentino; e pra nos enlouquecer de vez, as mulheres argentinas de forma geral (na média, realmente muito bonitas), não parecem ter grande interesse pelo macho brasileiro. Não é nada fácil conquistá-las, digo eu... e talvez isso justifique o sucesso de um velho personagem do Jô Soares (no tempo em que era bom humorista e bem menos arrogante), cujo bordão era dizer que não havia nada como ‘una amante argentina...’ Essa esquizofrênica relação de amor e ódio, é lógico, explode com tudo no futebol. Senão, como daria pra imaginar que uma partida como a de ontem, entre São Paulo e Boca Juniors, por um torneiozinho vagabundo como essa tal de Copa Sul-Americana, tenha levado público recorde (no ano) ao estádio do Morumbi, e que as duas equipes tenham se empenhado como se fosse uma final de Copa do Mundo? Só mesmo essa patologia mal resolvida pra explicar o fenômeno... Mas enquanto busco essa tal explicação, com licença: FOI LINDA A VITÓRIA DE ONTEM!! VAMU SÃO PAULO, VAMU SÃO PAULO, VAMU SÊ CAMPEÃO!! AÊÊÊ

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quatro coisas


Pegando o mote consagrado pelo Angeli, aí vão:


Três coisas que eu odeio:


- esperar... por qualquer coisa ou qualquer pessoa

- obsessão por carros (cuidar do carro, lavar o carro, ambição por determinado carro, fazer do carro uma extensão da sua personalidade, ou das suas carências)

- fazer compras em shoppings ou em lojas de material de construção


E uma que eu adoro:


- ler jornal, visitar os blogs dos amigos, ouvir música boa e ver futebol na TV – TUDO AO MESMO TEMPO!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Chico x Caetano




Nunca fui muito fã do Chico Buarque... nos anos 70, existia uma pinimba entre os que gostavam do Caetano e os que preferiam o Chico; os primeiros eram considerados ‘alienados porralouca’ pelos segundos, os ‘engajados’. Eu, mais pra porralouca do que pra engajado, sempre considerei o Caetano um artista mais completo, mais inovador, mais aberto. Logo, essa bobagem foi enterrada pelos próprios protagonistas, no histórico ‘Chico & Caetano Juntos e Ao Vivo’. Mais tarde, os dois se uniriam mais uma vez para a antológica série da TV Globo ‘Chico & Caetano’, que aliás, por motivos inexplicáveis, até agora não saiu em DVD. E pra horror dos ‘chicólatras’, também achei frio, quadrado e convencional demais o último show do cara, reverenciado por multidões e elevado às alturas pela mídia babaovo; pra falar a verdade, quase dormi durante o show, hehe. Bom, mas apesar de ainda achar o Caetano mais completo que o Chico, já faz algum tempo que me rendi ao fato de que o Chico é o maior letrista da música brasileira, em todos os tempos. E pra mim, uma de suas melhores composições é ‘Futuros amantes’, uma maravilha de letra embalada em melodia simples, perfeita. A letra segue abaixo; e no final desse post, ‘pescado’ do blog do Inagaki (http://www.interney.net/blogs/inagaki/), vai um ma-ra-vi-lho-so comentário do Chico sobre o processo de gênese de ‘Futuros Amantes’. Não pensei que isso fosse possível, mas passei a gostar ainda mais da música depois de ler isso.




Futuros Amantes (Chico Buarque)


Não se afobe, não


Que nada é pra já


O amor não tem pressa


Ele pode esperar em silêncio


Num fundo de armário


Na posta-restante


Milênios, milênios no ar


E quem sabe, então


O Rio será


Alguma cidade submersa


Os escafandristas virão


Explorar sua casa


Seu quarto, suas coisas


Sua alma, desvãos


Sábios em vão


Tentarão decifrar


O eco de antigas palavras


Fragmentos de cartas, poemas


Mentiras, retratos


Vestígios de estranha civilização


Não se afobe, não


Que nada é pra já


Amores serão sempre amáveis


Futuros amantes, quiçá


Se amarão sem saber


Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

FalaChico: "Eu tava mexendo no violão, começando a fazer a melodia, e a primeira imagem que apareceu foi exatamente esta: uma cidade submersa, isolada de tudo. Porque, cantarolando, parecia que a música queria dizer isso. Eu tinha que ir atrás da explicação dessa cidade submersa. Aí eu coloquei os escafandristas, e surgiu a história de um amor adiado, um amor que fica para sempre. Essa idéia do amor como algo que pode ser aproveitado mais tarde, que não se desperdiça. Passa-se o tempo, passam-se milênios, e aquele amor ficará até debaixo d'água. Um amor que vai ser usado por outras pessoas, um amor que não foi utilizado porque não foi correspondido, e então ele fica ímpar, pairando... Esperando que alguém o apanhe e complete a sua função de amor".

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Das alternâncias e independências


Os mais antenados já se deram conta: está rolando em São Paulo uma saudável proliferação de novos espaços para o que se chama de arte ‘alternativa’. São pequenas galerias/lojas/bares/cafés, a maior parte delas distribuída entre os bairros da Vila Madalena e de Pinheiros. Esses lugares representam valiosas oportunidades para novos artistas, de todos os tipos e tendências. O único compromisso é com a novidade e a independência. No sábado, conheci um destes espaços - a Galeria Pop, na Rua Dr.Virgílio de Carvalho Pinto, em Pinheiros. Misto de loja de toy art, livraria e galeria, o local apresenta atualmente uma surpreendente exposição do novo artista Bel Borba. Vale conferir! E lá também dá pra conhecer o Bangolino (simpático bonequinho aí em cima), que é uma espécie de mascote da interessante loja virtual Bangoo, ‘grife de idéias’ que vende de camisetas a livros descolados e objetos de design, tudo ‘alternativo’ e a preços módicos (http://www.bangoo.com.br/). E a Galeria Pop, no sábado, serviu também de plataforma de lançamento da edição número 0.9 do Luiz Zine. Na definição do próprio autor, graaande figura conhecida como Luis Pedro.... : ‘Sempre meio tosco. monocromomático. o formatinho de bolso, 16 x 8 cm, do tamanho de um talão de cheques anão. 160 páginas, mas será que não tem fim? Talvez. Será? Enquanto isto, mais diversão de bolso, misto de revistinha com espírito (e desleixo?) dos fanzines. um revistine. Música, fotografia, obscenidades, alguma atitude e seres de estimação (eram animais, mas qual a diferença?), é claro, não necessariamente nesta ordem’. O Luiz Zine pode ser encontrado na Galeria Pop e em outros locais secretos, mas também pode-se enviar um email pro luiz.zine@pobox.com, que ele dá um jeito.

sábado, 22 de setembro de 2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007


Lulu, linda, 21 anos no domingo.


“Rua, Espada nua/Bóia no céu imensa e amarela/Tão redonda a lua /Como flutua/Vem navegando o azul do firmamento/E no silêncio lento/Um trovador, cheio de estrelas/Escuta agora a canção que eu fiz/Pra te esquecer Luiza/ Eu sou apenas um pobre amador/Apaixonado/Um aprendiz do teu amor/Acorda amor/Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração/Vem cá, Luiza/Me dá tua mão/O teu desejo é sempre o meu desejo/Vem, me exorciza/Dá-me tua boca/E a rosa louca/Vem me dar um beijo/E um raio de sol/Nos teus cabelos/Como um brilhante que partindo a luz/Explode em sete cores/Revelando então os sete mil amores/Que eu guardei somente pra te dar/Luiza, Luiza, Luiza”


A Luiza do Tom, que inspirou o seu nome, é com Z; mas a ‘minha’ Luísa é tão maravilhosa quanto a música do mestre.

Parabéns, filha.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Portugal na veia!!!


São 25 anos de carreira entre Portugal e Brasil. Gravações antológicas com Caetano, Chico, Jobim, Milton, Gal e tantos outros... Incansável batalhadora das artes e da vida, a cantora e compositora portuguesa Eugénia Melo e Castro é uma artista ‘cult’, de público pequeno porém apaixonado. Devastadoramente ousados, dois de seus discos mais recentes – ‘Paz’ (eletrônico até a medula) e ‘Des...construção’ (com repertório de Chico Buarque, cujo resultado inicialmente chocou o compositor, para depois embevecê-lo) – deixaram um tanto atônitos os que acompanham a trajetória de Geninha. Agora, ela se prepara pra lançar no Brasil, ‘POPortugal’, um CD só de re-visitas a um repertório da música pop portuguesa mais recente. São músicas que fizeram sucesso na ‘terrinha’, em suas gravações originais, mas que nós, brasileiros, desconhecemos totalmente. Eugénia é assim: talento puro, personalidade ímpar e uma grande amiga de muitos e muitos anos. E diga lá, Geninha, um disco com músicas pop portuguesas? Que loucura é essa agora?? “Em 2006 eu estive parada para pensar, ou seja, só fiz shows até março, no Brasil, e depois fiquei meses e meses em Lisboa a pensar na vida, sem nenhum compromisso. Dei comigo a ouvir vinis, comprei um giradiscos de vinil, sensacional, super moderno, e fui atrás dos meus vinis, dos meus discos de estimação que estavam guardados no Alentejo. Limpei, lavei, fui ouvindo vinis atrás de vinis, numa espécie de ritual neo chic, e dei comigo a viver coisas esquecidas, mas sem saudosismo, como se eu estivesse á procura de uma coisa bem clara e nova”. Há alguns vídeos de Eugénia Melo e Castro no YouTube, procurem!! E quando sair 'POPortugal' por aqui, aviso.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Uma cidade: Berlim


Londres, Paris, Barcelona, Nova York, San Francisco, Chicago, Estocolmo... adoro todas essas cidades. Especialíssimas, dignas de muitas visitas. Ao gosto do freguês, cada uma dessas visitas pode ser orientada a partir de um ponto de vista – ‘alta’ cultura, ‘baixa’ cultura, modernidade, tradição... – e o sucesso da aventura estará sempre garantido. Mas nos últimos dois anos, me apaixonei por Berlim. Por toda a história trágica e absurda, ligada à questão do Muro, e pela imagem de frieza do povo alemão, confesso que Berlim não constava da minha escala de prioridades em termos de viagens. No entanto, por felizes coincidências do destino, lá estive por duas vezes nos últimos dois anos e foi sensacional – os museus, as cervejarias, os recantos escondidos, a eficiência alemã (que se sobrepõe à tal imagem de frieza - agora por mim desprezada, como se deve fazer com todo e qualquer preconceito), a dualidade novo/velho na arquitetura, a música na noite fria, o sol da manhã e seu céu límpido, o espírito da cidade e de seu povo. Na segunda visita, em março, o prazer foi ainda maior – me senti quase íntimo da cidade, como quem reencontra um velho amigo. É curioso notar que Berlim parece se envergonhar da parte de seu passado ligado à loucura hitlerista. Este passado é presente, mas o berlinense claramente se constrange, como se diante de um espelho mágico que mostrasse a sua própria imagem acrescida de traços marcantes dos ancestrais. Juntando todas essas impressões, me lembro que meu pai, apesar de pacifista convicto (ou talvez exatamente por causa disso), era apaixonado por tudo o que se referisse à II Guerra Mundial – livros, filmes, gravações, depoimentos, imagens. Muitas dessas imagens, evidentemente, eram de Berlim. Assim, me dou conta de que a cidade já estava em mim, faz parte das minhas lembranças de infância e daquilo que remete ao meu pai. E somente ao perceber isso, consigo entender a emoção que a cidade me provocou (e me provoca). Provavelmente, jamais morarei em Berlim, mas isso não tem importância: a cidade já mora em mim, há muito tempo.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Os Grandes Imbecis


Coisa mais irritante é perceber que alguém gosta de certo filme, música ou livro, porque é de ‘bom tom’ gostar - faz a pessoa se sentir ‘in’... Pra mim, tem pouca coisa que represente imbecilidade maior do que isso. Vejam por exemplo o caso de ‘O Grande Chefe’, filme do incensado diretor Lars Von Trier – o mesmo de ‘Manderlay’ e ‘Dogville’. O filme é de uma chatice sem tamanho... arrastado, sem graça (tem a intenção de ser uma comédia), desagradável, enfadonho, interminável. Mas a ‘obra’ recebeu 4 estrelinhas da Folha, e as sessões da Sala UOL, em Pinheiros, estavam lotadas. O público, em geral, saía com cara de ‘xi, achei uma merda, mas não posso dizer isso’. Já eu, digo com todas as letras: PUTA FILME CHATO!!.Tem um outro exemplo que agora me ocorre, de filme chatésimo e aclamado pela crítica, provavelmente por se tratar de obra do bom diretor Wim Wenders: ‘O medo do goleiro diante do pênalti’. Nossa! Esse é hors concours na escala do IN-SU-POR-TÁ-VEL!! O pior é que há filmes que foram e continuam elogiadíssimos, aclamados como verdadeiros clássicos, mas que não resistem a uma segunda visão. Exemplo? ‘Profissão: Repórter’, de Michelangelo Antonioni. Uma boa amiga me emprestou o DVD em questão; não via o filme desde a época em que foi lançado, no final da década de 70. Tem Jack Nicholson e Maria Schneider nos papéis principais, a paisagem impressionante do deserto no Marrocos, mas... o filme envelheceu, ficou datado, cabeção demais pro meu gosto atual. Depois de 2 horas e meia sentado em frente à TV, só me ocorreu pensar que minha próxima sessão em DVD deve ser pra assistir ‘Os Transformers’...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A Dieta do Três




Em uma de minhas vidas passadas, trabalhei em grandes gravadoras de discos. Uma das minhas primeiras tarefas era acompanhar Waldick Soriano em uma série de entrevistas e visitas a rádios do ABC paulista. Antes, é claro, coube também a mim, montar a agenda do cara, entrando em contato com todas as rádios, marcando os compromissos, confirmando tudo com o artista, etc. Finalmente, marquei com o Waldick de encontrá-lo às 8 da manhã de uma segunda-feira no lobby do glorioso Hotel Jandaia - São João, quase esquina com Barão de Limeira. Chego lá e o cara da recepção me diz: ‘Seu Waldick tá ali no boteco tomando café’. Atravesso a rua e fico pasmo ao constatar que o ‘café’ do nosso herói era o seguinte: três copos (três!) de caracu com ovo (casca e tudo), batido no liquidificador. Me disse: ‘três vezes por semana é isso: três copos que me garantem, três vezes por semana, dar três sem tirar!’ O homi taí até hoje, né? Eta dieta poderosa!