quinta-feira, 18 de março de 2010

Paula & Rubem


Essa moça aí de cima é a escritora carioca Paula Parisot, personagem de uma história 'interessante', revelada hoje pela Folha de S.Paulo. Conta o jornal que foi ela o pivô da saída do consagrado Rubem Fonseca da Companhia das Letras, em maio passado, depois de 20 anos de editora. Desde então, o mundo editorial especulava sobre os motivos do rompimento. Segundo a Folha, a causa teria sido a insistência de Rubem para que a editora publicasse 'Gonzos & Parafusos', novo romance de Paula, declarada pupila e amiga do escritor.

Paula Parisot passou os últimos dias dentro de um cubo transparente na Livraria da Vila em Pinheiros (SP), numa performance para o lançamento de 'Gonzos', que finalmente saiu pela editora Leya - por indicação, é claro, de Rubem Fonseca.

E num surpreendente movimento, o escritor abandonou a sua famosa reclusão e a aversão a eventos públicos, e veio a São Paulo anteontem participar da performance da amiga. Diz a Folha: "... (Fonseca) ajudou a servir o café da manhã para a amiga, abaixou para beijar a mão dela por uma portinhola e, parecendo fascinado, sussurrou-lhe por trás do vidro palavras carinhosas: 'Precisa comer, viu?';'Tá tão magrinha'; Chora não, meu bem'". O livro de estréia de Paula Parisot, 'A Dama da Noite'(2007) chegou a finalista do Prêmio Jabuti. Mas, destaca a Folha, foi 'malhado numa resenha no jornal de literatura 'Rascunho', que o definiu como 'pastiche' de Fonseca, com 'marginalidade aos montes, uma visão idealizada do morro e sexo, muito sexo'".

Pode não ter nada a ver, pode ser só caretice ou mesmo pura maldade da Folha, mas que a história é estranha... é mesmo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Leitor de jornais: uma espécie em extinção?


Começou há muito tempo, como obrigação auto-imposta.
Depois, virou prazer.
Por fim, um hábito arraigado.
Hoje, um pouco disso tudo.
Falo do costume de ler, na íntegra, ao menos um jornal, todos os dias.

Comentário rápido:
Parece algo banal, mas todos os dias me espanto com o número de pessoas que, constato, não lê jornal. Eventualmente, acompanham o noticiário rápido, falho e superficial da Internet, assistem à baboseira espetaculosa e diversionista do Jornal Nacional e se dão por satisfeitas. E estou falando de pessoas que encontro e encontrei no decorrer da minha vida profissional. Vivida, na sua maior parte, em empresas 'de comunicação'!

Bem... da minha parte, acompanho eventualmente no decorrer do dia as notícias online, mas não abro mão do velho e bom jornal ‘físico’ que chega todas as manhãs na porta de casa.

Desenvolvi uma técnica:

- Primeira página, leio-a toda.
- De todas as matérias, leio o primeiro parágrafo (no jargão jornalístico, lead) e o último.
- Completada essa fase, volto ao início das páginas para ler na íntegra as matérias que mais me interessaram. Dependendo do tempo disponível, faço isso de imediato ou no decorrer do dia.
- Última regra auto-imposta: procuro fazer isso no mesmo dia. Jornal do dia anterior é mesmo para embrulhar peixe (ou no meu caso, bosta de cachorro).

O interessante é notar que, dessas minhas leituras, acima do em geral deprimente noticiário do dia-a-dia, o que cada vez mais me chama especialmente a atenção são as noticias e frases inusitadas ou aparentemente menos importantes - já que em sua maior parte, são relegadas pelos editores a um desprestigioso pé de página.

Como por exemplo, a noticia abaixo:

“O InCor está selecionando homens entre 50 e 75 anos que bebam meia taça de vinho tinto de quatro a cinco vezes por semana e abstêmios, para uma pesquisa sobre os efeitos positivos da bebida no proceso de envelhecimento. A maior dificuldade dos médicos está sendo encontrar abstêmios”

segunda-feira, 8 de março de 2010

Bastarda decepção


Foi só neste sábado que finalmente assisti ao unanimemente elogiado ‘Bastardos Inglórios’, de Quentin Tarantino. Não conheço nenhuma pessoa que não tenha elogiado o filme. E nem me lembro de ter visto ou lido sequer uma crítica negativa. Mas… surpresa: NÃO GOSTEI DO FILME! É claro que não é um filme ruim, mas é muito longo, é arrastado e na minha opinião, não realiza plenamente aquela que sempre foi uma das maiores qualidades de Tarantino: o olhar irônico e corrosivamente crítico, a partir da banalização inteligente de uma violência exageradamente exposta que toma emprestada das histórias em quadrinhos, o delirio visual e a linguagem rápida, onomatopéica e vulgar, no bom sentido que esse termo pode ter. Pra resumir, achei ‘Bastardos Inglórios’ o trabalho mais fraco que vi do diretor; pra mim, fica atrás de ‘Cães de Aluguel’, de ‘Pulp Fiction’ e dos dois ‘Kill Bill’.

A interpretação de Brad Pitt é caricata ao extremo, não se completa. E o Hitler é ridículo, mais do que deveria ser (ou do que provavelmente foi na realidade). É claro que a intenção era essa mesmo, mas a caricatura buscada por Pitt e a ridicularização do ditador nazista não encontraram o tom certo e prejudicam o resultado como um todo, assim como a violência dos escalpos soa exagerada, gratuita, desagradável e de péssimo gosto, ao contrário do êxtase de sangue perpetrado pelo autor em filmes anteriores. Também não gostei da reviravolta final do principal personagem nazista do filme: me pareceu frustrante e desnecessária, um verdadeiro anti-climax. Salvam-se a excelente sequência inicial, a cena onde Brad Pitt e seus amigos tentam se passar por italianos e as atuações do austríaco Cristoph Waltz e da bela francesa Mèlanie Laurent, que aparece na foto ao lado. Mas pra mim foi pouco. Jamais imaginei que teria que fazer um esforço supremo pra não me levantar e ir embora antes do final da sessão de ‘Bastardos Inglórios’...