segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Guitar Heroes (2)


Esse simpático tiozinho aí de cima é Robert Fripp, genial guitarrista, criador do King Crimson - que formou, ao lado do Pink Floyd e do Yes, a Santíssima Trindade do rock progressivo (ok, podemos incluir aí o Emerson, Lake & Palmer e o Genesis da fase Peter Gabriel). Isso, antes do gênero tornar-se um bolo de noiva vazio e açucarado.

Nascido em 16 de maio de 1946 na cidadezinha de Wimborne Minster, Inglaterra, Fripp começou sua carreira quando respondeu um anúncio de jornal em que os irmãos Giles (Peter, baixista, e Michael, baterista) procuravam um organista/cantor. Ele não era nem uma coisa nem outra, mas o trio Giles, Giles & Fripp estava formado e chegou inclusive a lançar um LP, que passou despercebido. Mas estava plantada a semente do Rei Escarlate. Em 69, com Michael Giles, Greg Lake, Pete Seinfeld e Ian McDonald, saía “In the Court of Crimson King”. Sucesso absoluto e que, por incrível que pareça, continua vendendo bem. Ouvindo esse disco hoje, algumas faixas soam datadas, mas permanece acima de tudo, a marca da inovação e da originalidade. A marca da guitarra de Robert Fripp.

Apesar do sucesso, logo depois do lançamento, a formação original debandou. Ficou Fripp, que seguiu sustentando o Crimson com diferentes line-ups até 1974, quando ocorreu o primeiro grande hiato na história da banda. Antes, porém, lançaram nada menos do que oito discos, com destaque para “In the Wake of the Poseidon” (1970), “Larks’ Tongues in Aspic” (1973), “Starless and Bible Black” (1974) e o sensacional “Red” (também de 74). Antes do final dessa primeira fase do King Crimson, Fripp ainda gravou com Brian Eno em 1973 o viajante “No Pussyfooting”, lançando o conceito da ‘ambient music’, com muitos climas, bases pré-gravadas - mantras musicais eletrônicos. Voltaria a se encontrar com Eno em 75 no álbum “Evening Star”, cristalizando um estilo que chamou de ‘Flippertronics’ e que viria a influenciar muita gente, de Steve Reich a Philip Glass e Jon Hassell.

Em 1977, Robert Fripp foi o guitarrista do primeiro álbum-solo de Peter Gabriel; no mesmo ano, tocou todas as guitarras do emblemático “Heroes”, de David Bowie. Por essa época, tive a felicidade de assistir a um show de Fripp e Gabriel no Hammersmith Odeon de Londres… Em 79 saiu “Exposure”, primeiro disco-solo de Robert Fripp e ele fez sua primeira turnê como ‘front-man’. De passagem por Nova York, gravou com The Roches, com Blondie e com os Talking Heads (no LP “Fear of Music”). Mais uma sessão de estúdio com Bowie resultou no belíssimo LP “Scary Monsters (and Super Creeps)”. Nesse disco, de 1980, a guitarra de Fripp em “Fashion” ainda hoje soa absolutamente devastadora, única. No mesmo ano, formou a efêmera banda The League of Gentleman.

E em 1981, com nova formação, voltou glorioso o King Crimson. Essa segunda encarnação, com Fripp, Bill Bruford (bateria), Adrian Belew (guitarra/vocais) e Tony Levin (baixo), foi espetacular. Se você achar por aí os discos “Discipline” (1981), “Beat” (1982) e “Three of a Perfect Pair” (1984), compre imediatamente!! Durante esse revival do Crimson, Fripp ainda arranjou tempo pra gravar um disco ao lado de Andy Summers, guitarrista do Police: “I Advance Masked”, onde os dois tocam todos os instrumentos.

Em 1985, Robert Fripp virou professor de música na American Society for Continuous Education (ASCE) em Claymont Court, EUA. O curso dado por Fripp, ‘Guitar Craft’, acabou gerando um grupo profissional, The League of Crafty Guitarists, que lançou diversos discos e realizou várias turnês, quase sempre ao lado do mestre. Em 93 e 95, Robert Fripp lançou dois ótimos discos ao lado de David Sylvian (ex-guitarrista do Japan) e foi por essa época que retomou o projeto Flippertronics, agora utilizando tecnologia digital. Lançou diversos CDs em uma série que ele chamou ‘Soundscapes’ (algo como paisagens sonoras). Retomou também o King Crimson, com nova formação e dois novos discos: “Dinosaur” e “Thrak”, ambos lançados em 1995. No ano 2000, nova encarnação do Crimson e mais dois discos: “The ConstruKction of Light” e “The Power to Believe” - este, de 2003. Em 2004, Fripp realizou extensa turnê mundial com o projeto G3, ao lado dos também guitarristas Steve Vai e Joe Satriani. E no ano seguinte, foi contratado pela Microsoft para criar ‘paisagens sonoras’ para o Windows Vista.

Robert Fripp ocupa a posição 42 no ranking dos “100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos” da Rolling Stone. No vídeo abaixo, uma rara apresentação do Flippertronics, ainda analógico, com os inacreditáveis gravadores de rolo, em 1979, na TV americana. Detalhe: ele é canhoto, mas sempre tocou guitarra como destro.

15 comentários:

anna disse...

vc não devia ter posto a foto atual dele. e ainda parece que vai tocar numa churrascaria.
dá maior aflição!

pecus disse...

Legal a lista da RS, não conhecia. Um conceito amplo de grande guitarrista. E os seus perfis estão muito bons. Continue.

Neil Son disse...

é anna, o tempo não pára. a boa notícia é que não é só pra gente...

Neil Son disse...

legal que vc tá gostando, pecus. esse é só o começo. stay tuned!

peri s.c. disse...

Ufa, mais uns dois parágrafos e eu acharia que você conhece alguma coisa do cara, ah, ah.
Qual o Lp mais conhecido deles por aqui? Lembro vagamente de alguma coisa.
Excelente.

Neil Son disse...

peri: acho que o mais conhecido continua sendo o primeiro, 'in the court of the crimson king', com sua bombástica faixa-título. mas os meus favoritos da banda são: 'starless and bible black', 'red', 'discipline' e o ao vivo 'u.s.a.', que acabei esquecendo de citar no post.

Márcia W. disse...

Neil,
puxa, meu comentário se perdeu na poeira dos bytes....Dizia que máximo encontrar o Fripp por aqui, gosto muuiito dele e acho que ele sempre influencia para o bem seus parceiros (claro no caso Vista isso é mais ou menos impossível). Acho que a melhor interpretação EVA do Here comes the flood está no Exposure. Aliás, no encarte da edição comemorativa desse disco, o crítico o define como "proto-punk", que eu só não sei se é pior do que ser chamado pós-moderno. Ou não.

Tiago Ferreira da Silva disse...

Neil,

Falando em 16 de maio, acabei levando um puxão de orelha da Márcia (essa aí de cima mesmo) por não ter lembrado do dia do aniversário de Fripp.

Fiz um post relembrando que, nesse mesmo dia do ano de 66, foi lançado dois dos maiores discos: "Blonde On Blonde", do Dylan e "Pet Sounds", do Beach Boys.

Digo que conheço pouco de Fripp. Mas o "Starless and Bible Black" é devastador. Só a primeira faixa, "The Great Deceiver", já é um punhal sonoro. Lembro de ouvir dizer que Fripp tocava, ao mesmo tempo, guitarra e sintetizador.

Bom, só sei que o cara é bom. Muito bacana os posts 'guitar hero'. Nem vou ousar sugerir nada porque não tenho envergadura moral para tanto.

Márcia W. disse...

(Da licença, Neil . Tiago, não era puxão de orelha, só um lembrete ;) . Mas fica claro pelo teu comentário que eu não faço "Fripp, Fripp, Fripp, Hurrah" para qq um, não)

Neil Son disse...

o que será proto-punk, marcia? acho que esses caras inventam essas coisas pra tentar explicar o que não precisa ser explicado e/ou para esconder a própria mediocridade em falar de alguma coisa sem rotular. aqui pelo brasil, me lembro que o fripp foi também rotulado, em 'priscas eras', como o inventor da 'head music'. será que música 'cabeça' exclui coração? ou o contrário? típica disussão inútil...

Neil Son disse...

tiago: 66 foi também o ano do lançamento do 'revolver', dos beatles - para muitos, ainda mais importante que o 'sgt.pepper's', que viria a seguir. e sim, fripp também tocava (e toca) sintetizador. aliás, foi também um entusiasta do mellotron, engenhoca que está em muitas invenções de beatles/georgemartin. e pode sugerir guitarristas sim!

Edimar Suely disse...

Oração da amizade...

Jesus, obrigada por tudo com o que o Senhor
me presenteou até agora.
Obrigada pela saúde que não me faltou,pela minha família, pela minha casa,
pelo alimento que nela entrou, pelo trabalho.
Obrigada por tudo o que me deu com amor,como ensinamento.

Ah Senhor....
Quero agradecer especialmente por um ser humano que cruzou o meu caminho.
Este ser humano Jesus,
Tornou-se um grande e eterno amigo...
Uma pessoa que já é tão especial pra mim...
Peço Senhor que ilumine todos os seus passos
e o guarde de todo mal.
Traga sua família sempre unida...
abençoando cada membro dela.
Quero agradecer-lhe Jesus, de todo coração,
Pois entre tudo que ganhei,
Este foi o maior e melhor presente.

Ahh, esqueci de dizer:
A pessoa a quem me refiro é a mesma que está acabando de ler essa mensagem."
Amém...

Muito interessante seu espaço. Uma linda quinta feira e muita paz em sua vida.

Smack!

Edimar Suely
jesusminharocha2.zip.net

Neil Son disse...

amém, edimar.

Lord Broken Pottery disse...

Mais um inglês, né? A maioria já nasce tocando guitarra. É só andar pelos Pub's e ver o que eles são capazes de fazer. Gente totalmente desconhecida e cada um melhor que o outro.
Grande abraço

Neil Son disse...

pois é lord, mas essa série ainda vai contemplar americanos, europeus de outras plagas, asiáticos e até brasileiros...