domingo, 21 de agosto de 2011

A Árvore da Enganação



É uma grande enrolação, uma enorme babaquice, um descomunal pé no saco, o festejado 'Árvore da Vida', filme dirigido por Terrence Malick. Pra mim, é um absurdo quase inexplicável o fato dessa pretensiosíssima produção, vazia como um bolo de noiva de mostruário de confeitaria, ter ganho a Palma de Ouro em Cannes. E vi um espetáculo igualmente costrangedor do lado de cá da tela, ao perceber a maior parte do público, acompanhando aquele amontoado de chavões em estado de catatônica e bovina reverência.

Alternam-se imagens estilo Discovery Channel de explosões vulcânicas, de ondas do mar, do universo em movimento, e até uma tosca recriação da época dos dinossauros, com cenas do dia-a-dia de uma família americana entre os anos 40 e 60. As imagens grandiosas são lentas, arrastadas, e acompanhadas por música de igreja - formando um conjunto apelativo e interminável. E a tal família, liderada por Brad Pitt, de cabelo escovinha e óculos fundo de garrafa... bem, é mais uma daquelas famílias americanas caretas e religiosas por obrigação, onde uma ou várias tragédias parecem o tempo todo prestes a acontecer. Ok, mas já vimos isso muitas vezes no cinema americano - e na maioria delas, em abordagens e com resultados artísticos muito superiores aos de Malick.

Sucedem-se os chavões imagéticos e as 'mensagens' da profundidade de um pires. A participação de Sean Penn - que talvez seja, hoje, um dos maiores atores em atividade - é pequena e beira o ridículo, evidenciado nas poucas e pobres palavras que pronuncia e pela única e aparvalhada expressão que apresenta no decorrer de toda a sua ' atuação'. E dá-lhe clichê: sim, existe a cena do sujeito de terno e gravata caminhando sem rumo pelo deserto, aquela outra em que o cara atravessa um tipo de portal, imagens de tubarões contra a luz e de ensolarados campos de girassóis. Mas o 'melhor' está reservado para o final, na manjadíssima cena de uma multidão de pessoas vivas e mortas caminhando ao pôr do sol em uma praia. É... parece que a estética 'Chico Xavier' atravessou fronteiras e convenceu até os jurados do Festival de Cannes. Talvez o errado seja eu...

17 comentários:

Tiago Ferreira disse...

Welcome back, Marcio.

Nossa, pior que eu estava com uma puta vontade de assistir esse filme no cinema. Depois dessa esculhambação toda, acho que vou baixar e assistir em casa mesmo.

Cinema tá muito caro pra assistir filmeco.

Abraço, bom saber que tu tá de volta!

christiana disse...

E da árvore da vida, quem diria... rebrotou o blog! Benvindo seiva :)

Neil Son disse...

obrigado, tiago. cinema tá muito caro mesmo; difícil pagar 20 paus pra assistir porcaria. mas no caso, gostei de ter visto mesmo não tendo gostado do que vi. ao menos, posso falar mal 'com propriedade', hehehe...

Neil Son disse...

oi chrispoeta, bom ter vocâ aqui, também de volta. e adorei o 'benvindo seiva'...

Márcia W. disse...

Pois é, Márcio,
como já falaram aí em cima, pelo menos esse filme serviu para você ressuscitar o QPQT.
Eu tive vontade de pedir meu dinheiro de volta. Achei o filme um poço de pretensão e tédio.

Neil Son disse...

hahaha, é isso aí marcia!! e você? continua com o blog? e continua morando em SP?

franka disse...

assino embaixo. filme nana nene.

Neil Son disse...

filme nana nene. essa é a franka, hehehe...

peri s.c. disse...

Ainda bem que ainda sobrevive um bando ( bandinho, vá ) de errados ainda circulando por aí.

No seu retorno a este hoje escondido mundo dos blogs, seja bem vindo e não limpe os pés .

Neil Son disse...

sigo errado e errante, caríssimo peri. e também já voltei ao armazém. sem bater na porta e sem limpar os pés, hehehe...

Márcia W. disse...

Isso, Neil & Peri: sobretudo os pés sujos!

Márcio, respondendo: tô no Rio de JaNeura. E matei a Bloga, já que era só para contar minhas vivências na Batávia e adjacências.

anna disse...

pois eu a-d-o-r-e-i!

os personagens, sean penn (meus sais please),brad pitt, o menino, as cenas do discovery channel.
tudo!

gosto da diversidade de opiniões.
inda mais porraqui, com a casa novamente aberta e sob a "velha direção".

e que bom que voltou!

Neil Son disse...

bem vinda seja a rainha-mãe dos comentaristas de blog. beijo pra você, anna.

Anônimo disse...

talvez tenha ajudado aos bovinos como eu, esperar menos da técnica e ligar a sensibilidade. Mas para isto é necessário ter sensibilidade. Nunca vi um filme antes que tivessse mostrado a percepção infantil do mundo de uma maneira tão sutil e bem fotografada. E o filme não precisa de palavras, é imagem, é filme. Se elas são feitas com a velha tecnologia tal ou com chiquérrima e original tecnologia tal, não me interessa em nada. Pense o que quiser dele. Mas não ataque desta maneira quem não pensa como você!

J. O. disse...

Eu, bovinamente, concordo com a Anna: gosto da diversidade de opiniões... e da árvore da vida. Muito bom te conhecer e essa genial proposta do QPQT. Abs

Neil Son disse...

prezado anônimo: não ataquei os que não pensam como eu. ataquei o filme em si e seu diretor. e você é super bem vindo por aqui. opiniões diversas (e mentiras sinceras) me interessam...

Neil Son disse...

abraçãoaí J.O.!! volte sempre.