Quase pouco de quase tudo é assim: um pouco mais do que pouco, sobre um pouco menos do que tudo. Sem compromisso nenhum, principalmente comigo mesmo.O que der na veneta e pronto.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Teste de resistência
Ang Lee, que já havia ganho o Leão de Ouro no Festival de Veneza com 'Brokeback Mountain', repetiu o feito no ano passado com 'Desejo e Perigo'.
Talvez por isso e levando em conta o passado do diretor, a crítica nacional derramou-se em elogios ao filme.
Mas pra mim, passar quase três horas numa sala de cinema assistindo à saga da jovem ativista na China invadida pelos japoneses em 1942, que se infiltra no dia-a-dia de um traidor colaboracionista para tentar assassiná-lo, foi algo próximo de... uma tortura chinesa.
OK, a direção de arte dá um show, a reconstituição de época é primorosa, e o ator Tony Leung arrasa na interpretação do frio e cruel Mr.Yee.
Mas é só.
O filme parece interminável, a estreante Wei Tang não segura a responsa de protagonista e o roteiro acaba se revelando débil e inverossímil.
Mas há as cenas de sexo... sem dúvida, muito bem interpretadas e captadas com competência e bom gosto. E é só nesses momentos que o filme se afasta do incômodo padrão 'cinemão de Hollywood', que força a mão no melodrama arrastado e convencional.
É evidente que aquelas cenas de sexo - que em certo momento, parecem até pretender se transformar em um manual de iniciação do Kamasutra - jamais seriam feitas nos EUA, por um diretor norte-americano. Tais cenas, aliás, restringiram a exibição de 'Desejo e Perigo' nos EUA, para salas com forte restrição a menores de 21 anos. E na China, vejam só, o filme foi exibido com nada menos que 30 minutos de cortes em seus 157 originais. Além disso, Wei Tang foi banida do país!
Mas no geral, 'Desejo e Perigo' decepciona. Não dá nem pra comparar, por exemplo, com algumas produções anteriores com tramas semelhantes, como os excepcionais 'Julia' (de Fred Zinnemann, 1977, com Jane Fonda e Vanessa Redgrave), 'O Casamento de Maria Braun'(de Rainer Werner Fassbinder, 1979, com Hanna Schygulla) e 'Mephisto'(de István Szabó, 1981, com Klaus Maria Brandauer).
PS: ao contrário do que parece, a Sala Aleijadinho do HSBC Belas Artes, não homenageia o famoso artista mineiro. É com certeza, uma cruel ironia com o estado em que saem os pobres coitados que se aventuram a ficar três horas de castigo tentando enxergar uma projeção sofrível em uma tela pequena, em um ambiente que não tem a inclinação necessária para que todos vejam o filme sem forçar pescoços e costas. Ufa...
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9 comentários:
ahahahaha! bela descrição da sala.
o negócio é levar aquelas almofadinhas de pescoço usadas por pessoas em aviões.
agora... o senhor protagonista, possuidor do falo utilizado nas cenas também não foi banido?
eita mundão machista!
pois é anna, em muitas coisas, a china de hoje ainda tá no século passado. assim como o filme em questão.
Isso é que é verdadeira 'crítica de cinema', literalmente.
Não sou lá muito fã de Ang Lee, e nem de filmes que tenham 3 horas de duração, muito menos da Sala
Aleijadinho do HSBC Belas Artes. Do jeito que você escreveu, parece que eles realmente querem nos transformar em aleijadinhos com a ausência de conforto.
Um verdadeiro desrespeito ao escultor mineiro!!
olha tiago, às vezes acho que sou eu que tô muito chato, mas a verdade é que agora resolvi: só vou ao cinema se tiver ABSOLUTA CERTEZA de que se trata de um filme ótimo. não tenho mais saco de enfrentar estacionamento, fila, preço exorbitante de ingresso, gente mal educada durante a exibição, cheiro de pipoca na manteiga, trailers e anúncios intermináveis. com tudo isso, ainda ver um filme 'marromeno'... não dá!
Neil
Tá chato nada, ir a o cinema perdeu o encanto que tinha.
Vi uma pesquisa que 70% dos paulistanos achavam ótimo viver numa cidade com a programação cultural que temos, porém 80% desses 70% mudariam daqui, abrindo mão desse "banho de cultura " porque não aguentam mais, como você diz "enfrentar estacionamento, fila, preço exorbitante de ingresso, gente mal educada durante a exibição, cheiro de pipoca na manteiga, trailers e anúncios intermináveis " etc, etc, etc.
Neil,
dessa vez concordei 150% com os teus comentários sobre o filme.
Sobre esse tipo de sala que você descreveu tem que amar muito mesmo a 7a arte.
...lá só se assiste até a 5ª e meia arte...
A melhor coisa de cinema é ir à tarde durante a semana. Mas quem pode?
Ainda não vi e agora nem sei se espero o DVD.
Bjs
Neil Son,
Vc tá parecendo o Cri-Crítico do Estadão, huahuaaua!!!!
brincadeira.... mas pelo menos a pipoca tem que compensar, vá!
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