Foi com os Novos Baianos que começou a minha ligação mais 'íntima' com o mundo da música. Por volta dos 18 anos, por conta de amigos comuns, comecei a frequentar a casa onde morava aquele bando de malucos criativos. Depois de barbarizar no famoso sítio de Jacarepaguá, no Rio, a república/comunidade/navilouca dos baianos instalou-se em São Paulo, na Rua Casa do Ator. Era o tipo da coisa que, todos sabiam, não poderia mesmo durar muito tempo. Se hoje já é quase impossível pensar que uma casa, numa tranquila rua de classe média paulistana, possa abrigar um bando de cabeludos e barbudos que fazem música dia e noite, recebem diariamente um monte de gente 'esquisita' e parecem viver em constante festa, imagine só isso no final dos anos 70. Mas foi muito bom enquanto durou. Galvão, Baby, Paulinho Boca, Pepeu, Didi, Jorginho, Bola, Baixinho, Negrita, Gato Félix, Salomão. E havia as crianças, as namoradas, os agregados... Nessa época, gravaram o LP 'Caia na Estrada e Perigas Ver'. O auge do grupo, é preciso reconhecer, já havia passado. Acontecera, ainda com a presença de Moraes e Dadi, no genial 'Acabou Chorare' e no quase tão bom quanto, 'Novos Baianos F.C.' Mas a diversão continuava a mesma.
Quando 'sujou' na Casa do Ator, os baianos inacreditavelmente conseguiram alugar uma casa (ainda mais legal) na Rua Itápolis, área nobre do Pacaembu. No começo do ano, como era de praxe, todos iam pra Bahia. Numa dessas, quando voltaram, a casa havia sido 'invadida' pelos frequentadores do lendário Bar Riviera, apenas três quadras acima, na esquina da Consolação com a Paulista. Depois, as coisas foram se dispersando, os egos inflando, o que era resolvido na brincadeira começou a ficar sério e pronto: o sonho, que lá fora já havia acabado há tempos, por aqui demorou mais um pouco, mas desabou.
Quando soube que haveria um show de 'volta' dos Novos Baianos nessa Virada Cultural de São Paulo, fim de semana passado, me deu vontade de ir. Mas na hora, confesso: não fiz o mínimo esforço, não movi uma palha. Medo? Fuga? Saudosismo em excesso? Pode ser... Mas ontem, fui procurar no YouTube se não havia algo do show de domingo já disponível na rede. Achei algumas coisas. Destaco esse videozinho mal gravado, com um dos clássicos da época de ouro do Novos Baianos, 'A Menina Dança'. O som não tá legal e nem dá pra ouvir direito a voz da Baby, mas dá pra sacar que ela manda muito bem, assim como o Pepeu - que foi, é e para sempre será, um ícone da guitarra brasileira. Evoé!
27 comentários:
Neil,
então senta que lá vem a história.
Pô Marcinho, amar é importante ... e recordar também ... o seu também hj é um belíssimo post. Me identifiquei muito com ele , sobretudo no sentimento de querer ir ao show por um lado e por outro náo ter feito o menor esforço pra isso. Acabei não indo.E, convenhamos, estamos um tanto saudosistas. Você escrevendo está em grande forma. Quanto ao "Amor é importante. Porra " toda vez que vejo a pichação lembro tb , como vc, daquela bela canção do Hermelino, trilha do "Cidade Oculta", lindamente interpretada pelo Paulinho Barnabé e (pasmem!!) pela Tetê Espindola... aquele abraço pra vc...
Eu gostava da canção "Pô, amar é importante" do Hermê, mas com a Vãnia Bastos. Adorava aquele discodo Hermelino. Aorei o texto. Essa música da menina dança enqto você fecha os olhos é uma delícia.
Beijos.
Somo a lista dos que desistiram de ir até lá.
E dá-lhe Pepeu.
Bjs
Neil
Participou de alguma gravação, nos backing vocals ?
Vi uma apresentação de Pepeu and brothers, em pleno Pelourinho ( numa de suas 17 reinaugurações pós-reforma, com shows , claro ): e-x-p-r-e-s-s-i-o-n-a-n-t-e o que o cara toca.
ainda acho que deveria escrever suas memórias.
enquanto tem!
e adoro pô amar é importante.
eu fui, neil!
Neil:
Fui frequentador da rua Itápolis.E o Gaiarsa também.
As viradas foram faz tempo...Enquanto seguia a barca...
Hoje são reviradas.
Abraços
Günther.
marcia: não consegui abrir o link que vc me mandou.
obrigado pelo comentário, ricardo. mas... sabe? gosto da tetê espíndola... (prontofalei!)
essa musica é pra ouvir com os olhos fechados, sibila? alguma razão especial?
patty: pepeu deveria ser reverenciado dentro e fora do país. mas acho que tomou algumas decisões erradas na vida.
gravação, peri? não. apenas um ou outro registro doméstico, em meio a canjas y otras cositas...
não acho que essas memórias valham um livro, anna. será?
e aí bê? gostou?
é mesmo, gunther? e quais são suas impressões e lembranças?
É especial. É como eu imagino uma das cenas da canção. Uma pessoa dançando observa a outra em sua dança; de olho aberto, ela dançando ali; pode fechar o olho que era continuará dançando. Como um flash de Lucy in the sky...os olhos revirando...
É visão - não obrigatória mto menos única - acompanhada do ouvir, às vezes, cantar junto, dançar - de olhos abertos ou fechados.
Estranho?
nada de estranho, sibila. aliás, superlegal.
esclarecendo mais a minha resposta pra anna: já pensei em escrever um livro sobre essas coisas, já até comecei a escreve-lo, um tempo atrás. já estava adiantado na empreitada (umas 50 páginas), quando de repente me deu bode e joguei tudo fora. hoje, com o blog, achei o espaço pra isso. não acho que dê pra ser um livro, pq não tenho mais saco pra escrever muito e tb porque creio sinceramente que o mundo já tá muito cheio de gente falando de outras pessoas (as ditas celebridades) e isso, na maioria das vezes, acaba virando uma egotrip do autor. e quero fugir disso; aliás, estou cada vez mais fugindo de egotrips, me despindo de penduricalhos, praticando o desapego. o que vivi, vivi e tá na minha cabeça (por enquanto, né anna?). não me sinto no direito de expor a vida de outras pessoas em um livro; numa conversa de bar, ainda vai; nesse blog, em pílulas, também. mais que isso, tô fora.
Nossa, legal foi o que vc escreveu aí em cima; que depoimento lindo! Ainda bem que temos vc no blog. Isso me faz voltar aqui.
Beijo pra vc
Nossa, legal foi o que vc escreveu aí em cima; que depoimento lindo! Ainda bem que temos vc no blog. Isso me faz voltar aqui.
Beijo pra vc
Neil:
Eram mais psico do que trópicas.Eram délicas.Não eram estupefacientes,barbitúricas ou excessivamente alucinógenas.Se assim o fosse não haveriam resultados tão lúcidos.A loucura era a da criação.Atôres não se embebedam para representarem personagens bêbados.José Ângelo Gaiarsa participava e se envolvia.
A heterogeneidade se dava com ECA,EAD,Músicos de "Outras Bandas",boêmios do Riviera(depois de muitos vinhos quentes),etc.Conversava-se muito ao som de música.Todos os cômodos da casa eram salas de estar,inclusive jardim e quintal.
Se você escrever ,te auxilio neste capítulo.
Pássaros que vivíam avoando.
Lenço Sem Documento(L S D).
Gonha mó breu.Nói funga farola.
He...He...He...
Abraços
Günther.
Neilo link era da vinheta do
rá-tim-bum. bobagem.
Também gostei da tua abordagem de como e quais histórias contar. Blog é bacana também por isso. As tais das "foram muitas emoções que vivi" não significa que "são muitas as emoções que botarei na roda".
uau sibila, valeuaê!!
é gunther, a gente tenta não ser saudosista mas é dificil, viu? a descrição que vc fez foi ótima, perfeita!
é mesmo, marcia. ainda mais que dizem que aquele que se lembra de tudo o que viveu nos anos 70, é porque não viveu os anos 70...
ahahah. Eu não lembro só dos 80's e 90's. Talvez seja a minha preprovecta (ou será pre-proveta, ou preproveta) idade?
viva as mães (inclusive dos juízes)
abç
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