Quase pouco de quase tudo é assim: um pouco mais do que pouco, sobre um pouco menos do que tudo. Sem compromisso nenhum, principalmente comigo mesmo.O que der na veneta e pronto.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
A perversidade, sem máscara
Embora não seja novidade nenhuma, fico sempre estarrecido com a falta de sensibilidade, com o espírito predador e ganancioso do 'andar de cima' - a elite empresarial desse Brasil. Ontem, o desprezível pavão que ocupa a presidência da FIESP declarou que o empresariado paulista aceita reduzir salários e jornada de trabalho, mas não oferece garantia de emprego. É a prática recorrente dos endinheirados: forrar os próprios bolsos nos tempos de alta e passar a conta pra patuléia em tempos de perdas. Não cedem um milímetro, não abrem mão de uma mísera latinha de caviar Beluga, pra colaborar com o que quer que seja. O editorialista Ricardo Mello, na Folha de S.Paulo de hoje, coloca o dedo na ferida:
"As montadoras bem que podiam dar o exemplo. Uma olhada nos dados da Anfavea indica que, excluída a rubrica de máquinas agrícolas e automotrizes, o setor, em 1991, empregava cerca de 110 mil pessoas para produzir 960 mil veículos. Já no ano passado, com praticamente o mesmo número de funcionários, as empresas fabricaram nada mais, nada menos que 3,2 milhões de unidades. O ganho espantoso de produtividade, tenha certeza, não foi parar no bolso dos trabalhadores."
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18 comentários:
Oi Neil,
fora essa espoliação - o que já é motivo o bastante para indignação - o que me parece ainda mais absurdo é ter-se a idéia da indústria automobilística como a força motriz da economia ñ apenas nacional, mas MUNDIAL(será que é mesmo?) e se despender tanto subsídio - como o anunciado por Mantega - para o setor. E é indústria tão nefasta para o meio-ambiente (que, como sempre lembro, é questão - e urgente - social).
O que vc acha?
Bjs.
como disse jesus, o dinheiro é a raiz de todos os males.
demais ou de menos.
Parafraseando Caetano "Canalhas!".
Prngl.
Como diria uma amiga minha é a mesma coisa que vc ter um caso com um cara casado que é extremamente possessivo e ciumento. Não vai nada, é?
Se tem algo que não dura muito é uma máscara em tempos de crise.
bjs
Mielite empresarial, chamem o doc House!
Neilson,
Concordo com a sua posição. mas não há que se esperar que estes segmentos "colaborem" no momento de crise. Isso não é natural. Cabe ao estado, ter ferramentas para cobrar de quem teve lucros exorbitantes, a sua parcela de contribuição. E essa cobrança, a maneira mais fácil de fazê-la, é através dos impostos. Por isso, sempre desconfie desses discursos dos empresários de que o governo teria que reduzir os impostos para crescer a economia. Não tem não. O governo tem que cobrar mais impostos, mas cobrar mais de quem ganha mais. E, principalmente, utilizar esse dinheiro com inteligência e honestidade. e é essa a função da sociedade. Cobrar do governo essa ética na gestão do dinheiro público. Nenhuma família de classe média deveria reclamar de pagar imposto, se não tivesse que pagar por um plano de saúde, uma escola particular para os filhos ou um vigia na frente de seu prédio.
Sibila,
É cruel, mas é assim mesmo. Uma queda na indústria automobilística derruba a indústria de máquinas ferramentas e a de máquinas injetoras de plástico, além da fabricação de prensas. Quando cai a produção de automóveis, cai a produção de aço. Daí, cai a extração de minério. Com isso, a indústria siderúrgica e a mineração descem a ribanceira. Com isso, diminui a necessidade de energia e cai também o segmento de de eletricidade. A saída óbvia é ajudar a indústria automobilística, para evitar esse efeito dominó.
Arnaldo,
muito clara a sua explicação da situação, que beira o trágico. Uma tentativa de tornar isso menos cruel não estaria em fazer campanhas que incentivassem a redução do uso de combustíveis, das fontes de energia (principalmente as fósseis), reservando seu uso para setores mais essenciais, como a hospitais, infra-estrutura efetiva mas sem excessos e pra quem realmente está precisando, calefação pra lugares muito frios, e outras medidas para lugares muito quentes, etc?
Só vejo saída por aí... e claro que isso tem tudo a ver com políticas públicas.
Beijos a todos.
eu acho, sibila, que tem carro demais, que tem fumaça demais, que tem lixo demais. precisamos de uma nova ordem mundial, urgente
o vil metal, anna.
prngl: canalhas, félasdasputa, seres despreziveis.
é aquela velha história, patty: e na bunada, não vai dinha?
Marcinho ... seu blog continua afinadíssimo com a lingua afiadissima... o skaf, a qual vc se refere, faz parte do mesmo time do salomão , nefasto jornalista que vc também espinafrou em meu blog...aliás vc se lembra bem desse tipinho quando entregava discos e releases a esse seu amigo ( e ao berg) lá na redação da avenida europa... quanto tempo... estamos envelhecendo brother... pero sem perder a ternura...abs
guga: acho que esse caras mereciam mais um baby ou papa doc do que um doc house.
arnaldo: fico imaginando a luta do governo pra tentar aumentar (e cobrar) impostos do 'andar de cima'. não é uma tarefa nada fácil mexer com esses poderosos endinheirados.
arnaldo e sibila: me parece que existem experiências alternativas de sucesso - que não envolvem ajudas financeiras à indústria automobilística - em alguns países europeus e no canadá.
pois é ricardo, ultimamente tenho até dificuldade em escrever o nome desses personagens nefastos. e você não me respondeu se era o ghost-writer da coluna fórum...
Neilson e Sibila,
Também acho que tem carro demais, fumaça demais, muita coisa demais. Só não sei como quebrar essa ordem, do jeito que as coisas estão, garantindo emprego pra tanta gente. na verdade, acho que tem gente demais.
As alternativas que há em alguns países da Europa e no canadá, talvez sejam mais fáceis de implementar do que aqui, com nossa discrepância social. Nesses paises as diferenças sociais não são tão escandalosas quanto aqui. Tem muita gento, no Brasil, que ganha muito dinheiro. Isso é criminoso.
Ou ainda um "Long Doc Silver" nas bundinhas...
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