segunda-feira, 3 de março de 2008

Gênio da raça


Soube agora há pouco que morreu Jeff Healey, bom guitarrista de blues. Com apenas 41 anos, Healey lutava desde sempre contra um caso raro de câncer que já havia, entre outras desgraças, lhe deixado cego ainda na infância. Bem, falando em músico cego, me lembrei de Stevie Wonder. Esse é gênio, antena da raça, multi-instrumentista, compositor e cantor superlativo.

Foi do Stevie Maravilha, o melhor show que já vi na vida. E olha que, ‘modéstia às favas’, isso não é pouca coisa... afinal, entre os grandes espetáculos musicais que já vi, posso citar Peter Gabriel com Robert Fripp em Londres, Pretenders em início de carreira no Marquee (também em Londres), Pete Townshend no House of Blues de Chicago, Paul McCartney no Pacaembu, Rolling Stones (tb no Pacaembu), Eric Clapton no Olympia (só blues, sensacional!), Larry Corryel no Lone Star Cafe de Nova York, Sun Ra no Village Vanguard (tb em NYC), Alberta Hunter no 150 do Maksoud, João Gilberto no Cultura Artística, Egberto Gismonti com Naná Vasconcellos no Rio Monterey Jazz Festival (no Maracanazinho), Weather Report (no mesmo festival), Pat Metheny no Palace, a estréia dos Doces Bárbaros no Anhembi, os Novos Baianos no Teatro Municipal, Tom Jobim no Palace, Elis Regina no Anhembi, Peter Tosh (também no Anhembi), Miles Davis no Teatro Municipal, e ainda Dizzy Gillespie, Madeleine Peyroux, Robert Plant no Morumbi... ave maria, chega!!

Mas o show do Stevie no velho Palace foi simplesmente espetacular. Em primeiro lugar, do ponto de vista técnico, nunca ouvi um som ao vivo com aquela qualidade. Era uma super-banda, com dois tecladistas (além do próprio Stevie), dois guitarristas, baixo, bateria, percussa, naipe de metais e três backing vocals. Além dessa banda, uma orquestra de cordas com mais de vinte integrantes. Detalhe: todos tocando juntos, o tempo todo. E ouvia-se tudo, nada se perdeu apesar da massa sonora. E a dinâmica dos arranjos, o repertório impecável, a presença carismática de Stevie Wonder, sua voz impressionante...

Confesso que não tinha ‘ouvidos’ para Stevie Wonder até os vinte e poucos anos. Fui ‘despertado’ para a sua música, para a sua genialidade, por obra e graça de uma pessoa muito especial, a quem devo muito. E foi uma felicidade ‘descobrir’ Stevie Wonder. Além de trazer em sua música uma completa e original síntese do que há de melhor e mais importante da black music das últimas décadas, Stevie é um dos raros artistas que alcançou a síntese da ‘música pop perfeita’: aquela que é ‘fácil’ e possui melodia envolvente e ‘grudenta’ – tudo isso sem abdicar de uma extrema qualidade de composição, execução e interpretação.

Títulos obrigatórios na extensa discografia de Stevie Wonder: ‘Jazz Soul of Little Stevie Wonder’, ‘Talking Book’, ‘Innervisions’, ‘Songs in the Key of Life’, ‘Hotter than July’, ‘Jungle Fever’, ‘Conversation Peace’. Em tempo: o disco mais recente do cara, ‘A Time 2 Love’, é mais uma vez, espetacular. Stevie Wonder Forever!!!

16 comentários:

GUGA ALAYON disse...

outra Lenda Total. Gde.
E n�o precisa esnobar os shows que vc viu. ahahahaha
Tudo bem...hoje pode. ahaha
abra�os e at� mais

Patty Diphusa disse...

É, hoje a gente deixa.

bjs

Neil Son disse...

ô guga, e eu nem falei do show do frank zappa!!

Neil Son disse...

como assim, patty?

Patty Diphusa disse...

Só pque é seu aniversário, baby...pode esnobar a gente com sua lista de shows...vou fazer a minha...bjs mil.

Anônimo disse...

Grande Stevie!
Grande lista!
Pretenders no inicio
de carreira, em Londres!!
é isso aí, não precisava
esnobar, né Neil?

anna disse...

outro dia peguei um taxi com ar condicionado, gps com voz de mulé e o stevie cantando.

nada mal.

Neil Son disse...

patty e helio: a intenção da lista não foi de esnobar não; era só pra mostrar que o show do stevie tinha que ser mesmo muito especial, pra estar colocado no topo desse ranking.

Neil Son disse...

anna, ainda bem que não era a mulé cantando e o stevie indicando o caminho, hahaha!

Anônimo disse...

neil, fiz um post de presente pra você no frankamente...

Neil Son disse...

franka, não me venha com mais presentes, hehe...

Unknown disse...

Estevão Maravilha? É o cara que fez uma valsa a la Strauss com a seguinte letra:

Would you like to go with me
Down my dead end street
Would you like to come with me
To village ghetto land

See the people lock their doors
While robbers laugh and steal
Beggars watch and eat their meals-from garbage cans

Broken glass is everywhere
Its a bloody scene
Killing plagues the citizens
Unless they own police

Children play with rusted cars
Sores cover their hands
Politicians laugh and drink-drunk to all demands

Families buying dog food now
Starvation roams the streets
Babies die before they're born
Infected by the grief

Now some folks say that we should be
Glad for what we have
Tell me would you be happy in village ghetto land
Village ghetto land

Digo mais alguma coisa?

Neil Son disse...

pois é gabriel, 'village ghetto' é uma das pérolas do 'songs in the key of life', sem favor nenhum, um dos discos mais importantes da história da musica popular em qualquer tempo. pra falar a verdade, depois disso ele nem precisaria fazer mais nada: sua missão na terra já estava cumprida.

Anônimo disse...

Neil
Podemos ter lá nossas diferenças com nuestros hermanos norte-americanos, mas numa coisa acho que concordamos, os gringos músicalmente são poderosos.

Neil Son disse...

peri: pra mim, estados unidos e brasil são os países que possuem a música popular mais rica do mundo.

Anônimo disse...

Neil
não há dúvida.