quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Chance rara


São 25 anos fazendo essa ponte musical entre Brasil e Portugal. Nesse show, além das músicas que marcaram esse período, Eugénia inclui também preciosidades como ''The Laziest Girl in Town (de Cole Porter), 'Morning Has Broken (de Cat Stevens) e 'Michelangelo Antonioni', belíssima - e pouco conhecida - homenagem de Caetano ao genial cienasta. Tudo emoldurado por uma modernidade que rima com simplicidade. Vale a pena assistir!
(Clique na imagem para ampliá-la)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Espaço dos Sem Blog - 4a. Edição

Essa é uma amostra do trabalho do amigo 'das antigas', o Luiz Cavalli. E a 'retratada' aí em cima é outra amiga, a adorável maluca 'night biker' Renata Falzoni.

Olha o Luizinho aí, gente!




Várias de suas obras decoram o Santana Parque Shopping, numa interessante e inusitada 'exposição permanente'.



E no dia 13 próximo, a Galeria 8Rosas abre a exposição da série 'Bicicletas' do Luiz Cavalli. Olha o convite aí em cima. Vale a pena!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mídia parcial? Imagina...


A coluna de ontem do ombudsman da Folha de S.Paulo, Mário Magalhães, foi dedicada ao tema ‘febre amarela’, a que me referi em 17 de janeiro (abaixo). O ombudsman comenta:

“Se crianças começam a assuntar sobre a vacinação contra a febre amarela, é sinal de que o temor da doença – e da injeção – se disseminou. Não é para menos: no princípio do ano, parcela expressiva do jornalismo sugeriu que o mal ameaça o país. A Folha não ficou de fora. Do dia 8 até a quinta-feira passada o assunto ganhou espaço na primeira página, 14 presenças em 17 dias. Até a quinta, contavam-se dez mortos por febre amarela silvestre, desde 30 de dezembro. Todos a teriam contraído na mata de Goiás. O exagero da Folha contrasta com outro, o de 2001, quando os 22 óbitos se concentraram no primeiro trimestre. Em nenhum dia daquele ano a primeira página se referiu à moléstia. Em março, notinha de rodapé com 8 linhas noticiou: ‘Morre a 15ª. Vítima da febre amarela’. Outra nota anunciara semanas antes as 39 mortes do ano anterior”.

O ombudsman só ‘se esqueceu’ de dizer que a Folha, o Estadão, a TV Globo e outros veículos da ‘grande mídia’, além de alarmarem a população, conclamaram TODOS os brasileiros a se vacinarem contra a febre amarela, causando congestionamento nos postos de saúde de todo o país, o fim do estoque de vacinas em vários deles e sérios problemas de saúde em muita gente sensível à vacina (e que não tinha a mínima necessidade de se imunizar), entre outras barbaridades. Tudo pelo gostinho de incomodar o governo, em mais uma tentativa ridícula de colocar a opinião pública contra o Lula.

Bem, depois dessa, não venham me dizer que eu sou paranóico, que não existe tratamento ‘diferenciado’ em relação a este governo, que não existe perseguição da mídia...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Maestro Soberano


Me antecipo aqui ao dia 25 de janeiro próximo, quando Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim completaria 81 anos de idade, para homenageá-lo. Não tive, infelizmente, a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. No ano fatídico de sua morte, Tom havia lançado o excepcional ‘Antonio Brasileiro’ e eu, então jornalista, há semanas batalhava a marcação de uma entrevista exclusiva com ele, através de sua assessora de imprensa Gilda Mattoso. Certo dia, Gilda me liga dizendo que o maestro havia reservado três horas de sua agenda para a entrevista, que teria que ser impreterivelmente na tarde seguinte, em sua casa no Rio, visto que ele viajaria na noite seguinte para os EUA para se submeter à cirurgia que acabaria por matá-lo. Desgraçadamente, não consegui desmarcar alguns compromissos DE MERDA, marcados anteriormente, e não pude entrevista-lo; em meu lugar, foi o colega Walter de Silva. A entrevista foi publicada na finada Revista Qualis, na mesma edição em que publiquei o texto abaixo, que tentava ‘dar uma geral’ na vida e obra deste grande brasileiro. O texto é longo, mas modéstia ‘às favas’, vale a pena. Espero que gostem.


Não se sabe se foi o ar marinho, a descendência do pai intelectual, o ambiente musical que quase sempre o envolveu, a necessidade de, muito cedo, pagar o aluguel no final do mês, ou ainda, aquela velha história de estar na hora certa no lugar certo (o que, no caso dele, significariam várias horas e lugares certos...). Mas, muito provavelmente, foi tudo isso junto - somado, é claro, a um enorme talento - que fez com que Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim desenvolvesse uma carreira e uma obra que deixam gravado seu nome na seleta galeria dos maiores compositores do nosso século. E isso sem favor nenhum, sem arroubos nacionalistas e muito menos a abominável glorificação “post-mortem”. Tom Jobim sempre foi grande. E sempre será.

Ao olharmos para trás, causa até espanto o fato do profícuo compositor de mais de 400 músicas e incontáveis horas de estúdios, palcos e partituras, ter gravado poucos discos que podem ser considerados realmente “dele”, onde canta, toca e assina os arranjos. Mas a influência e importância de Tom Jobim no cenário musical é, com certeza, infinita. No Brasil e no exterior. Caetano Veloso, Michel Legrand, João Gilberto, Sadao Watanabe, Hermeto Pascoal, Sarah Vaughan, Ryuichi Sakamoto, Quincy Jones, Jan Garbarek, Oscar Peterson, Wes Montgomery, Nelson Riddle, Tony Bennett...é interminável a lista de admiradores confessos da música ao mesmo tempo simples e sofisticada, regional e universal, de Tom Jobim.

Música, naturalmente...
O segredo da arte de Antonio Carlos Jobim talvez esteja no fato de que, para o menino Tom, a música era uma brincadeira a mais, tão importante quanto empinar pipa nas ruas de areia na Ipanema do final dos anos 30 ou pescar camarões nas águas transparentes da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele nasceu na Tijuca, em 25 de janeiro de 1927, mas logo mudou-se para o bairro que sua música “Garota de Ipanema” tornaria conhecido no mundo todo. Assim como sua irmã Helena, mal conheceu o pai, Jorge, que morreu quando Tom tinha apenas oito anos e, antes disso, já não aparecia em casa há algum tempo. A mãe, Nilza, pediu permissão aos filhos para casar-se novamente, dessa vez com Celso Frota Pessoa, padrasto que seria um dos maiores incentivadores da vocação de Tom para a música. Quando chegava da praia, o calor intenso fazia da garagem de cimento o local mais agradável da casa em que Tom e sua família moravam. Ali ficava o piano que o padrasto alugara para Helena estudar com o professor Hans Joachim Koeulreuter. Mas Helena era preguiçosa e foi o irmão que despertou a atenção do mestre, que passou então a ensiná-lo. Nessa época, Tom já namorava Theresa Hermanny e tinha a firme intenção de se casar. Para isso, era preciso ter um diploma e foi então que passou a estudar para ser engenheiro/arquiteto, mas aos 19 anos desistiu do curso para dedicar-se ao piano - pela primeira vez à sério - através das aulas com a professora Lúcia Branco, que mais tarde burilaria também os talentos de Jacques Klein, Nelson Freire e Arthur Moreira Lima. Tom Jobim casou-se aos 22 anos e a única coisa que fazia bem, na época, era tocar piano. Tornou-se, então, pianista da noite. Não tinha escolha: era trabalhar nas boates de Copacabana, entre bêbados e prostitutas, ou passar dificuldades. Tocava de tudo: tango, guarânia, fox, canções francesas, rumba, boleros. Mas em 1952, cansado da barra pesada, Tom Jobim arranjou emprego de copista na gravadora Continetal e sua vida mudou radicalmente: trocou a noite pelo dia, passando para o papel as músicas que os compositores lhe cantavam acompanhados, muitas vezes, somente por uma caixinha de fósforos. Assim, ganhou experiência e passou a trabalhar com um de seus ídolos, o maestro e arranjador Radamés Gnatalli. Fez também diversos arranjos para cantores como Dalva de Oliveira e Orlando Silva, mas, um pouco pelo costume da época e muito por timidez, seu nome não aparecia nos créditos dos discos. Foi a partir de um arranjo que escreveu para Dick Farney que Tom Jobim ganhou coragem para mostrar suas próprias composições. O obscuro cantor Ernâni Filho gravou a primeira delas - “Pensando em Você” - mas o sucesso chegaria em 54, quando Dick e Lúcio Alves estouraram com “Tereza da Praia”, de Tom e Billy Blanco. A mesma dupla comporia em seguir a “Sinfonia do Rio de Janeiro”, lançada em LP de 10 polegadas com orquestrações de Radamés e as vozes de Nora Ney, Lúcio Alves, Dick Farney, Elizete Cardoso, Jorge Goulart, Emilinha Borba, Dóris Monteiro, Os Cariocas e Jamelão.

No tom da bossa
A partir de 1956, Tom Jobim caminhou rápido do bom conceito no círculo musical para a fama popular. Entre os parceiros mais constantes - Newton Mendonça (de “Desafinado” e “Samba de Uma Nota Só” , Dolores Duran (de “Estrada do Sol” e “Por Causa de Você”) e Billy Blanco -, despontava a figura do poeta, diplomata e boêmio Vinícius de Moraes. A seu lado, Tom compôs as músicas para “Orfeu da Conceição” - que virou filme francês premiado com a Palma de Ouro em Cannes e revelou clássicos como “A Felicidade” e “Se Todos Fossem Iguais a Você” - e para Elisete Cardoso, “Canção do Amor Demais”, faixa do LP de mesmo nome onde despontava, na profética “Chega de Saudade”, o violão revolucionário de João Gilberto. Estava armado o cenário para o surgimento da bossa nova.

Em 1959, saiu o primeiro disco de João, com arranjos e a maioria das composições assinadas por Tom Jobim, uma sucessão de sucessos na voz de Silvinha Telles - “Dindi”, “Só Tinha de Ser Com Você”, ambas em parceria com Aloysio de Oliveira -, polêmicas (“americanização” x nacionalismo) e o controverso mas sem dúvida histórico show no Carnegie Hall de Nova York. Tom chegou à cidade americana três horas antes do espetáculo, passou no hotel, trocou de roupa e abriu o show cantando, em inglês, “Samba de Uma Nota Só”. Foi a sua estréia como cantor. Depois, alugou um apartamento com João Gilberto e Sérgio Ricardo, enfrentando o frio e as desavenças com os americanos que insistiam em verter as letras de suas músicas para um inglês que se adaptasse ao estereótipo norte-americano do “país tropical”, forçando a inclusão de palavras como café, banana e coco. Tom Jobim venceu a batalha, gravou com Sinatra e Stan Getz, fez discos para o consagrado selo Verve, cantou com Andy Williams...Nos anos sessenta, sem exagero, havia duas novidades estrangeiras que dominavam o cenário da música popular nos Estados Unidos: os Beatles e a bossa nova.

Brazil com z
Mas depois do período áureo da bossa nova, o Brasil não foi justo com Tom: as gravadoras passaram a considerar seu trabalho não-comercial, a imprensa torcia o nariz para o sucesso de suas músicas no exterior, e a belíssima “Sabiá” - parceria com Chico Buarque - receberia uma estrondosa vaia ao vencer o Festival da Canção, em 1968 no Maracanãzinho. Ao lado de Theresa e dos filhos Paulo e Elizabeth, Tom Jobim morou dois anos na Califórnia e foi convidado a compor a trilha para vários filmes. Recusou “Two For The Road”, “Pantera Cor de Rosa” e “O Exorcista”, mas fez as músicas de filmes como “The Adventurers” (em Londres) e mais tarde, escreveria ainda para os brasileiros “Porto das Caixas”, “Crônica da Casa Assassinada”, “Gabriela Cravo e Canela” e “Eu Te Amo”. Nos Estados Unidos, Tom poderia ficar milionário somente com as trilhas sonoras para Hollywood, mas uma conversa com o também maestro e compositor argentino Lalo Schiffrin foi decisiva: “A gente começa a se envolver com Hollywood, fica fazendo aquele tipo de música com efeitos eletrônicos, barulho de água, acaba ficando rico, mas já não tem muita coisa a ver com a música”, contou Tom na época. Lalo disse-lhe que não voltaria mais para a Argentina, poi “já toquei todos os tangos possíveis e agora quero fazer outra música”. Avaliando a situação, Tom se deu conta de que o samba tinha pelo menos quarenta diferentes variações e voltou correndo para o Brasil.

Era o período negro da ditadura e Tom, imaginem só, foi intimado a depor em um órgão policial do Rio, suspeito de fazer parte de um movimento subversivo. Voltou para os Estados Unidos e produziu por conta própria o LP “Matita Perê”, lançado no Brasil em 1973, com a primeira gravação da fantástica “Águas de Março”. Gravou no ano seguinte o fundamental “Elis & Tom”, e voltou a repetir o papel de produtor independente nos Lps “Urubu”, de 1976, e “Terra Brasilis”, lançado em 1980. Para gravar sua obra nas condições que considerava ideais, Tom Jobim, o maior artista brasileiro de todos os tempos, investiu, do próprio bolso, a quantia de aproximadamente 250 mil dólares na execução destes três discos. Não é à toa que ele vivia repetindo a frase criada por Maurício Tapajós e Aldir Blanc: “O Brasil não merece o Brasil”.

Durante essa fase, a música de Tom Jobim aproximou-se muito da obra deixada por um de seus ídolos maiores, Heitor Villa-Lobos. E ao mesmo tempo em que distanciava-se cada vez mais do que as gravadoras consideravam “música comercial”, ia agregando de forma crescente os temas ecológicos às suas composições impressionistas e descritivas de um Brasil ideal. Casado pela segunda vez, com Ana Beatriz Lontra, Tom renasceu com a chegada inesperada dos novos filhos, João Francisco e Maria Luíza, enquanto assistia, finalmente, a um certo movimento de revalorização de sua obra. Gravou dois discos com Miúcha, gravou outro com Edu Lobo, compôs jóias de beleza indescritível para a TV Globo - “Luísa”, “O Tempo e o Vento”, “Anos Dourados” - e voltou a fazer shows e discos ao lado de uma banda que incluía basicamente os membros das famílias Jobim, Caymmi e Morelenbaum.

Seu último disco, “Antonio Brasileiro”, lançado em 1994 com intervalo de sete anos para o anterior, “Passarim”, revela um artista no apogeu de sua criatividade como compositor e re-criador de obras inesquecíveis. É um disco que possui a rara qualidade de instaurar, mesmo que por breves momentos, a felicidade em quem possua um mínimo de sensibilidade para viajar ao lado do maestro por belezas como “Forever Green”, “Maricotinha”, “Samba de Maria Luíza”, “Querida”, “Trem de Ferro”, “Trem Azul” e “Só Danço Samba”, para citar só algumas. A morte de Tom Jobim, a 8 de dezembro de 1994, dá um sentido ainda mais relevante à sua vida e obra, feitas com a matéria-prima do amor pelo Brasil e pela natureza, humana ou não. Um mestre capaz de levar o regente Rogério Duprat - o arquiteto musical do Tropicalismo - a uma singela mas valiosa homenagem: “Em 1966, na primeira audição pública da ‘Sinfonia de Brasília’, cantei no coro, lá atrás, só pra homenagear o cara”, ele conta. Ou nas palavras ditas por João Gilberto à revista Veja: “O Brasil já foi tão bonito...”. Continuará sendo, nas eternas melodias e letras de Antonio Carlos Jobim.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Musas de Qualquer Estação


Não deve ser fácil ser filho de gente famosa e principalmente, de gente que tem competência, talento e qualidade para alcançar esta fama e para merecê-la (coisa rara hoje em dia). Ao mesmo tempo, deve ser muito bom você conseguir se impor por conta própria, acima e além disso.
Charlotte Gainsbourg, sem dúvida alguma, conseguiu. Filha do genial loucaço/revolucionário cantor e compositor francês Serge Gainsbourg e da sempre bela atriz e também cantora Jane Birkin, Charlotte nasceu em Londres, em 22 de julho de 1971, mas foi criada em Paris. Estreou no cinema com apenas 13 anos, fazendo a filha de Catherine Deneuve no fime ‘Paroles et musique’ e dois anos depois já lançava seu primeiro disco. Alcançou fama mundial ao desempenhar o papel principal em ‘Jane Eyre’, de Franco Zefirelli, em 1996. Desde então, fez teatro na França e participou de diversos filmes, com destaque para o excelente ’21 Gramas’.

Em 2006, Charlotte surpreendeu ao lançar o CD ‘5:55’, merecido sucesso de crítica e público. O disco traz um som moderno, no melhor sentido que esse termo ainda possa ter, e uma cantora precisa, de voz sensual e muito bem colocada. Charlotte Gainsbourg é casada e tem dois filhos. E melhor: pelo visto, não há a mínima possibilidade dela largar o marido (o respeitado ator e diretor francês Yvan Attal), para se unir a algum direitista de plantão...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Crime!

Estou abismado com a maneira pela qual a ‘grande mídia’ vem tratando a questão da 'epidemia' de febre amarela. É um absurdo, é terrorismo puro, é mais uma tentativa CRIMINOSA de abalar o governo federal. No domingo, o ministro da saúde disse em rede nacional que não existe epidemia e que, ao contrário, os casos da doença vêm caindo ano após ano. Mas a mídia não quer nem saber; vem instaurando um clima de pânico que leva milhares de pessoas a se vacinarem sem a mínima necessidade. São manchetes e mais manchetes sobre ‘casos suspeitos’ e mortes confirmadas – embora estas estejam dentro da média estatística dos últimos anos. E os jornais também ‘se esquecem’ de dizer que a doença detectada é do tipo ‘silvestre’, o que significa que a mídia NÃO PODE alertar a população dos centros urbanos a se vacinar – a não ser que tenham viagem marcada para as áreas consideradas de risco.
É uma irresponsabilidade total: por conta desse alarmismo, muita gente está gastando horas e horas em filas pelo país inteiro e pior, correndo riscos, já que a vacina é desaconselhável para um grande número de pessoas. O infectologista Celso Granato, chefe do laboratório de virologia da Unifesp, disse que o risco de uma pessoa ser contaminada em áreas urbanas 'é zero', e que "Indivíduos com problemas de alergia à vacina, mulheres grávidas ou quem tenha algum grau de imunodeficiência não devem tomar a vacina. Não é uma vacina para ser tomada à toa". Declarações semelhantes foram dadas também pelo dr. Drauzio Varela – que é adorado pela mídia, mas que nesse caso, não conseguiu o mínimo destaque. Curioso, não?

No sábado, vejam só, a coluna de Eliane Cantanhêde no UOL dizia o seguinte: "Vacine-se contra a febre amarela! Não deixe para amanhã, depois, semana que vem (...) Vacine-se logo! Senão, Lula, o aedes aegypti, vem, pica e mata sabe-se lá quantos neste ano --e nos seguintes."

E para a minha surpresa, a Folha de terça-feira publicou um editorial, ‘Não-epidemia’, que dizia: “...Há uma boa dose de exagero na 'epidemia' de febre amarela. O número de casos confirmados nos últimos dias, que é de apenas três, está rigorosamente dentro da normalidade para um país que tem mais de dois terços de seu território como área endêmica. Em termos históricos, pode-se até falar numa tendência de recuo. Até 2003, os casos anuais de FA silvestre se contavam às dezenas -com pico de 85 em 2000. Desde 2004, entretanto, o total de ocorrências não ultrapassa a marca de uma dezena. O que tem ocorrido, isto sim, é um aumento nas notificações de casos suspeitos, que, de domingo para cá, saltaram de 15 para 26. (...) Esse, contudo, é provavelmente um fenômeno mais ligado à inquietude que tomou conta da população ao longo das últimas semanas do que a uma eventual irrupção de novos focos da moléstia. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, cumpre o seu papel ao convocar cadeia nacional de rádio e TV para tentar frear a corrida aos postos de vacinação. (...) Assim, não parece exagero qualificar a atual 'epidemia' como uma manifestação de temor coletivo magnificada pela mídia (...)"

Como é que é?? A Folha não faz parte da tal mídia? Não é ela um dos veículos que traz, há pelo menos 10 dias, manchetes e matérias alarmistas sobre o tema?

A verdade é que causa nojo constatar que a mídia parece ficar exultante com um suposto aumento do número de casos de febre amarela no país.

Isso é CRIME.

CRIME por incitar uma multidão de gente, nas grandes cidades, a correr para se vacinar, sem saber dos riscos e das restrições a essa vacinação, CRIME por disseminar pânico infundado, e CRIME por faltar com a verdade – isso, sem contar que tal ação causa prejuízos ao Ministério da Saúde, pelo possível esgotamento do estoque de vacinas. E quem realmente precisa se vacinar – nas áreas de risco ou porque vai viajar – tem grande possibilidade de ficar sem a vacina.

E se querem responsabilizar o governo pelo suposto aumento de casos de febre amarela, também se darão mal: existe a informação de que esse governo vacinou 60 milhões de pessoas contra a febre amarela no ano passado, o que é um recorde absoluto. Mas algum jornal deu destaque a essa informação ou aos números de casos detectados ou de mortes decorrentes da doença nos últimos anos? Evidentemente, não.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Espaço dos Sem Blog - 3a. Edição


Oba! Mais uma colaboração do MSB - Movimento dos Sem Blog! Dessa vez, trata-se de Ricardo Carlos Gaspar - que me pediu textualmente para ser apresentado como viajante, cinéfilo, petista, rubro-negro e professor da FEA-PUC-SP. Além disso tudo, meu irmão! Leiam e divirtam-se! Afinal, não é todo dia que temos um sociólogo escrevendo sobre rock, hehe...


BIOGRAFIAS: TÉDIO E FUTILIDADES

Ultimamente, está na moda escrever e publicar biografias. Artistas, esportistas, celebridades do mundo político ou acadêmico eternizam e sacramentam suas experiências de vida em livros redigidos pelos próprios biografados ou por intermédio de interposta pessoa. O resultado é, em geral, insatisfatório.
Um dos hits editoriais, nesse campo, têm sido as biografias de artistas, particularmente de rock stars. Interessam-me esses depoimentos existenciais, pois músicos consagrados usualmente carregam consigo fortes experiências vivenciais e afetivas, associadas à condição de intérpretes de uma época e uma geração. Assim, se o relato for fidedigno e inteligente, tem tudo para ser, no mínimo, interessante.

Não é o que ocorre, contudo, com o livro Clapton: a autobiografia (Editora Planeta), no qual o grande guitarrista de rock e blues destila suas memórias.
Trata-se, aqui, de um caso em que o relato está furos abaixo da produção de um artista excepcional. Este não merece aquele. É quase inacreditável que seja assim, mesmo que abandonemos a idéia ingênua de que o grande artista necessariamente domine o significado cabal de seu trabalho, ou que seja um ser humano acima das vicissitudes normais de nós, pobres mortais.
Por que quase inacreditável? Porque o livro é muito ruim, mal escrito e incapaz de, minimamente, captar o espírito de uma época tão transcendente.
Dois terços do relato são desperdiçados em enfadonhas descrições de “experiências” de pesca, caça, retratos provincianos de sua modesta cidade natal, relação com parentes, seus investimentos em carros e armas, e coisas do gênero, de escasso interesse para o entendimento do músico em que Eric Clapton se transformou.

Pior: os grandes acontecimentos que marcaram o cenário cultural das últimas décadas são simplesmente ignorados. Assim, tudo que extrapola o mundo do cenário pop, como os eventos políticos e comportamentais da época, não merece uma única menção em todo o texto - aliás, EC diz que política não lhe interessa e tudo lhe parece armação e ações conspiratórias. No máximo, tais eventos são meramente citados, sem nenhum comentário elucidativo ou depoimento pessoal sobre os personagens envolvidos. Nesta condição cito, como exemplo, as mortes de Hendrix, Joplin e Lennon – as duas últimas nem sequer constam do relato.
De Jagger, só fica-se sabendo que ele “garfou” uma das inúmeras conquistas amorosas de Clapton, o que granjeou o ressentimento, por parte do guitarrista inglês, em relação ao líder dos Stones por algum tempo.
Dada a ausência de um depoimento lúcido sobre o rico ambiente sócio-cultural no qual as coisas ocorreram (olha, aqui não tem nada de sociologia, hein?) e sobre as pessoas que ajudaram a produzi-lo, resta a porção “sexo, drogas e rock and roll” (“acid, booze and ass, neddles, guns and grass, lots of laughs, lots of laughs...”, nas palavras de Joni Mitchell).

Mas também aqui, sobra decepção. Do exacerbado machismo na relação com as mulheres ao extremo egocentrismo que perpassa todo o texto, só desperta algum interesse, mesmo, o relato de suas proverbiais bebedeiras e do consumo de heavy drugs.
Bom para ele, ruim para o leitor: EC se torna sóbrio, faltando mais de um terço para o livro acabar! E sabem como isso ocorre? Após meses de várias internações, seguidas de recaídas no uso da “marrrvada”, um belo dia o protagonista se ajoelha, reza e toda sua compulsão para o vício desaparece por milagre. Dá pra acreditar? Quem é crente fervoroso deve adorar, mas àqueles numerosos aos quais foi concedido, no mínimo, o benefício da dúvida, se justifica uma séria desconfiança (aliás, Clapton deveria recordar as palavras de Lennon: “God is a concept by which we measure our pain”).
E vejam: essa fé na ação divina não foi abalada quando, pouco tempo depois, seu filho de 4 anos caiu do 50º andar de um edifício numa cidade americana: qual o motivo – se tudo é atribuído ao onisciente e onipotente – de uma tragédia dessa dimensão vitimando um inocente?
Bom, por essas e outras é melhor ficar com a memória exclusivamente musical de Clapton. A tempestade elétrica do Cream e seus magníficos e arrepiantes solos refletem, antes, as 'deserted cities of the heart', imersas num contexto que a reflexão do autor não soube (ou não pôde) traduzir. Para quem quiser um depoimento mais autêntico e informado sobre o mundo da cultura psicodélica, recomendo o livro de um dos (arrisco dizer) maiores músicos de todos os tempos, Paul McCartney. Em "Many years from now" (traduzido e disponível no Brasil), o leitor vai encontrar muito daquilo que, em vão, buscou na narrativa extremely boring de Eric Clapton.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ser ou não Ser


O cinema brasileiro parece viver um estranho dilema, entre a ‘estética TV Globo’ – que respalda o sucesso de filmes como ‘Lisbela e o Prisioneiro’, A Grande Família’, e ‘Se eu fosse Você’ (aquele, com Tony Ramos e Glória Pires) - e a produção de filmes ‘de arte’ ou mais ‘profundos’, classificação que pode se aplicar tanto aos hoje peso-pesados e internacionais Walter Salles Jr. e Fernando Meirelles, quanto a diretores tão diversos como Jorge Furtado, Sergio Bianchi, Eduardo Coutinho, Laís Bodanzky, Marcelo Gomes (de ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’), Heitor Dhalia (de ‘O Cheiro do Ralo’), Karim Ainouz (de ‘O Céu de Suely’) e tantos outros. Isso, sem falar de veteranos como Cacá Diegues, Bruno Barreto e Arnaldo Jabor (que anuncia sua volta ao cinema para este ano)...

‘Meu Nome não é Johnny’, que marca a estréia em longa do diretor Mauro Lima, parece ficar no meio do caminho. Possui méritos inegáveis, é verdade, mas me incomodou a sua clara opção por uma estética e uma abordagem um tanto ‘novela da Globo’ – patente nos diálogos às vezes engraçadinhos em demasia e até no João Estrella vivido por Selton Mello, que esbarra perigosamente em clichês da ‘escola Guel Arraes de interpretação’, alternando cenas de grande inspiração – como no depoimento à juíza – com outras onde parece indeciso, superficial como um personagem da novela das oito.

Não estou aqui colocando em dúvida a qualidade/competência do diretor global, responsável por acertos como TV Pirata e Os Normais, e muito menos o talento de Selton Mello, que é sem dúvida, um dos melhores atores da nova geração. Mas ‘Meu Nome não é Johnny’ é um filme esquizofrênico – didático e atraente ao contar uma história verdadeira e bastante próxima de muita gente; mas raso, ao deixar na superfície tipos decisivos para a trama (como os pais do protagonista e o ‘grande traficante’ representado por André de Biasi).


Bem, mas o filme já é um sucesso e isso é o que deve importar - não só para os diretamente envolvidos, como para o próprio cinema nacional como um todo. Ou não?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

DEFENESTRADA!!!


Está em todos os jornais da Europa: o presidente da França, Nicolas Sarkozy, deverá se casar no próximo mês com a ex-modelo e agora cantora Carla Bruni. Sob a manchete "Casamento iminente", o semanário Le Journal du Dimanche chega a dizer que os dois vão se casar no dia 8 ou 9 de fevereiro.


COMO ASSIM???!!! A bonitona, depois de namorar Mick Jagger, Eric Clapton e fazer campanha pra Segolene Royal, vai casar com o direitão cara-de-bunda-seca???

A partir deste momento, Carla Bruni está destituída do título de ‘Musa de Qualquer Estação’, conferido por este blog há algumas semanas.

Meu mundo caiu...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Desafinando o coro dos (des)contentes


Depois de dez dias sem Internet, jornal ou televisão, cheguei em casa e fui decupando a pilha de jornais acumulados. Deparo-me, entre outras coisas, com duas interessantes cartas publicadas no Painel do leitor da Folha de S.Paulo. Para ler e refletir.

1º de janeiro de 2008
Oposição
"2007 foi o ano das oposições. A grande mídia inventou, valorizou boatos, ameaçou, chacoteou e tripudiou o que pôde sobre o governo federal. Os ricos fomentaram a discórdia e distribuíram falácias. O Congresso Nacional votou contra a saúde, a dignidade, a segurança, a educação, as estradas, o PAC e a transposição do rio São Francisco. Apesar de tudo, o país cresceu além das expectativas, a safra agrícola foi a melhor dos últimos dez anos, a dívida externa caiu 30%, a inflação está sob controle, as vendas de fim de ano cresceram 20%, a dívida interna é a menor desde 1998, a taxa de desemprego despencou, os juros são os mais baixos das últimas décadas, o número dos que viviam na miséria foi reduzido drasticamente e, por tudo isso, a aprovação de Lula não pára de crescer. Enquanto isto, PSDB e DEM perderam representantes em todos os cargos e seu líder FHC amarga a maior rejeição popular que um político brasileiro sofreu até hoje: 55% -nem Paulo Maluf e ACM foram tão rejeitados. Condolências às oposições, à mídia e aos poderosos, que em 2007 torceram histericamente pelo "quanto pior melhor", e parabéns ao povo brasileiro, que aprendeu separar o joio do trigo."
JEFERSON MALAGUTI SOARES (Belo Horizonte, MG)
2 de janeiro de 2008
Governo Lula
"No melhor ano da história do Brasil dos últimos anos, o Brasil teve recorde nos empregos, no PIB, na produção e venda de automóveis, no crédito, na construção civil, nas exportações, nas reservas internacionais, nas vendas do comércio e na arrecadação do governo federal (sem aumento de impostos). Tantos recordes conseguidos por um governinho do presidente Lula, aquele mesmo, torneiro mecânico, nordestino, o presidente que não tem diploma de curso superior. Parece que muitos já se esqueceram dos absurdos reajustes nas tarifas públicas dos anos FHC, das duas vezes em que o país quebrou e teve de recorrer ao FMI. E o salário mínimo? Parece que já se esqueceram do salário mínimo por volta de 70 dólares da época FHC, que agora se mantém acima de 210 -o triplo. Neste quinto ano de governo começam a surtir resultados as medidas tomadas no primeiro. A vida de muitos brasileiros melhorou, sim. Parabéns ao povo brasileiro, que soube escolher e manter o sr. Luiz Inácio Lula da Silva, tantas e tantas vezes injustiçado e desrespeitado. Feliz Ano Novo para todos."
CRISTIANO JUVENTI (Rio de Janeiro, RJ)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Espaço dos Sem Blog - 2a. Edição


É aquele chavão: ‘uma imagem vale mais do que....’.

Nada a dizer, apenas admirar...

...e informar: o autor das fotos é Marcelo de Breyne.
Grande figura, excelente profissional, amigo de muito e para muito tempo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Que beleza...


O que muda do dia 31 de dezembro para o dia 1º. de janeiro? Nada, absolutamente nada...

Ainda assim, ano após ano, é aquela ansiedade, o sentimento da urgência, a ‘obrigação’ de uma felicidade forçada, as muitas loucuras e inconseqüências.

Mas é verdade: passar o final, ou qualquer época do ano, em um lugar como esse aí de cima – casa confortável na beira de um rio de águas cristalinas e sempre convidativas, no meio do mato e longe das comemorações com fogos de artifício e das multidões, é tudo o que posso hoje querer.
E foi o que eu tive.