Quase pouco de quase tudo é assim: um pouco mais do que pouco, sobre um pouco menos do que tudo. Sem compromisso nenhum, principalmente comigo mesmo.O que der na veneta e pronto.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Figuraça da Semana
O veterano Elton John faz shows em São Paulo, neste final de semana. Exageros visuais (hoje praticamente abandonados) e frescuras à la Liberace à parte, trata-se de um verdadeiro craque, genuíno expoente da melhor pop music produzida na explosão do show business das últimas décadas do século passado.
Os óculos espalhafatosos e as roupas ridículas de Elton já foram pra lata de lixo da história, assim como também o próprio show business e o mercado de música no formato que o consagrou, mas sucessos como ‘Skyline Pigeon’, ‘Don’t Let the Sun Go down on Me’, ‘Sorry Seems to Be the Hardest Word’ e tantos outros ficarão para sempre. Eles são exemplos bem sucedidos da tal ‘canção pop perfeita’ – algo que muitos buscam e poucos alcançam; ou ao menos, poucos conseguem enfileirar uma sequência de músicas que aliam melodias e letras com capacidade de atingir um grande número de pessoas, sem perder qualidade musical, seja na composição ou na interpretação. Não é fácil: os Beatles e Stevie Wonder conseguiram; Elton John, também.
Reginald Kenneth Dwight nasceu em 25 de março de 1947 em um subúrbio de Londres. A pobreza da família e o cinza do céu e do próprio ambiente ao redor não eram nada animadores para o garoto gordinho, tímido e extremamente míope. Refugiou-se na música, alternando o estudo do piano clássico com o gosto pelos discos de Elvis e de Bill Haley. Com apenas 11 anos, ganhou uma bolsa na Royal Academy of Music; com 15, passou a tocar piano nos finais de semana em pubs de Londres; e aos 17, formou a banda ‘Bluesology’, que começou a acompanhar artistas americanos em turnê pela Inglaterra. Mas não foi fácil... Elton fez teste para ser vocalista do King Crimson e não passou. Virou músico de estúdio em uma época que não havia crédito para os acompanhantes nos discos – é dele, por exemplo, o piano em ‘He ain’t Heavy, He’s my Brother’, delicioso sucesso dos Hollies. Em 1969, conseguiu gravar seu primeiro LP, ‘Empty Sky’ - fracasso quase absoluto.
Mas tudo mudou na década de 70. Seu segundo disco vendeu pouco mais que o anterior, mas já trazia a excelente ‘Your Song’ e serviu para Elton acertar uma mini-turnê pelos EUA; na platéia de seu show em Los Angeles, a presença de gente como Quincy Jones e Bob Dylan atraiu a atenção da imprensa. Em seguida viriam três excelentes LPs, talvez os melhores de toda a carreira de Elton John: “Tumbleweed Connection”, “Madman Across the Water” e “Honky Chateau”, que trouxe o estouro mundial “Rocket Man”. Estava estabelecido o ‘estilo Elton John’: ênfase no piano, bom gosto melódico, voz característica e original. E o nível continuou alto no album seguinte, “Don't Shoot Me I'm Only the Piano Player”, que incluía "Crocodile Rock" e "Daniel".
Consagrado, Elton John começou a viajar na maionese... ‘Goodbye Yellow BrickRoad’, o disco seguinte, foi um retumbante sucesso, mas já fez surgir aquele personagem que deu origem ao chamado glam rock, um dos ‘movimentos’ mais ridículos e esquecíveis do gênero... O disco trazia, entretanto, uma de suas melhores composições, ‘Bennie and the Jets’, em empolgante gravação ao vivo. Em 74, ficou amigo de John Lennon e gravou excelente versão para ‘Lucy in the Sky with Diamonds’, além de participar do antológico ‘Walls and Bridges’, um dos melhores discos da carreira-solo do ex-beatle. No ano seguinte, mais uma bola dentro, com a participação no filme ‘Tommy’ e o cover para ‘Pinball Wizard’. Mas o exagero assumiu proporções inimagináveis: no final da década de 70, Elton John fez shows vestido de Estátua da Liberdade (?), de Mozart (??) e até de Pato Donald (??!!). Começava a decadência, temperada a heavy drugs, bebida e bulimia.
Sucessos esporádicos se seguiram, mas o clima era evidentemente sombrio. No final da década de 80, Elton John leiloou todos os seus óculos e roupas na Sotheby’s, com renda revertida para a pesquisa da cura da AIDS, causa que ele abraçou com fervor. Em 91, foi um dos poucos convidados para o funeral de Freddie Mercury. No mesmo ano, um documentário e um CD-duplo (ambos muito bons), comemoraram os 20 anos da parceria de Elton com o letrista Bernie Taupin. Um tanto esquecido, ressurgiu para o mundo em 97, cantando 'Candle in the Wind' no funeral da Princesa Diana. Hoje, Elton John virou ‘artista de Las Vegas’, alternando o palco do Caesar’s Palace daquela inverossímel cidade, com ninguém menos do que Celine Dion (argh!!). Mesmo assim, não vou perder o show dele nesse final de semana; mas verei pela TV...
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19 comentários:
como será que ele virá vestido?
de carmen miranda? zé carioca?
acho que carmen miranda tem mais chance, anna. mas tb acho que aquele chapéu de frutas não pode ser usado junto com a peruca...
Márcio
Estátua da Liberdade + de Mozart + Pato Donald só poderia dar em estranhos efeitos colaterais,não foram necessariamente as drogas, digo, as químicas...Enfim, lembra daqueles personagens do Angeli que encaravam um fim de mundo pavoroso povoado de elton-johns? Pois bem, mil Eltons a uma Dion, desconjuro!
haha marcia, lembro sim do mundo pavoroso do angeli. aquilo era engraçado, mas era muita sacanagem do meu talentoso amigo... tanta gente pior pra zoar! deixa a tia em paz, angeli!!
Salvo um convite de última hora, tô fora desse show. Mas deve ser um bom show de se ver.
Bjs
Concordo: ótimo músico, músicas antológicas, mas tbm não tenho vontade de pagar uma fortuna para vê-lo ao vivo. Já se o Steve Wonder voltasse, pagaria o que fosse!
patty: convite com mordomia, transporte, lugar VIP, eu iria. mas só assim mesmo.
hoje em dia, libf, pagar qualquer coisa pra ver um show? não pago. só se lennon e harrison voltassem do paraíso e revivessem os beatles...
Acreditas ue quando escuto "Daniel" lembro de vc? Mas não fique assustado. É que me lembro de comentarmos mutuamente sobre essa música logo que foi lançada. Ouvimos na Radio Difusora FM, que tocou vários dias na mesma hora(uma das execuções era na hora de ir prá aula).
Eu ainda tenho o vinil original do LP que tem "Your Song".
Abraço!
errata! a radio era AM ou OM!
Muito interessante a história do Elton JOhn contada por você. Lembrei dos primeiros LPs, início dos anos 70. E é como você escreveu:independente das extravagâncias e frescuras o jovem senhor é um dos grande ídolos pop do século20/21.
'daniel is travelling tonight on a plane / I can see the red tail lights...' me lembro sim, silvio! e a letra de 'daniel', evidentemente gay? ninguém sacou na época...!
pois é, tania. dou muito valor a esses caras que buscam e conseguem encontrar uma fórmula original para a tal da 'canção pop perfeita'.
Professor Neil
Elton é alguma coisa assim como um Guilherme Arantes que deu ( muito mais ) certo ?
é peri, tem a ver... tem muito a ver!
Neil
Mais do que um ótimo comentário: completo!
Tumbleweed Connection é muito bom, Your Song e Benny and the Jets são ótimas canções -que viva a lenda!
Ricardo
é isso: que viva a lenda, ricardo! e apesar de achar ridículo, confesso que adoraria ve-lo nos palcos brasileiros, fantasiado de pelé ou de cristo redentor, hehe...
Elton é um gênio da música, independente do quão ridículo possa ser sua imagem ou comportamento. Se formos começar a confundir as coisas, então ninguem pode respeitar um monte de artistas "maravilhosos" que temos por aí... ou alguem já parou pra ver o quanto era ridículo o visual e comportamento do Caetano Veloso e Gilberto Gil nos anos 70? Nem por isso eles deixam de ser gênios.
Elton é um compositor e instrumentista extraordinário, como poucos que surgiram até hoje na musica popular. Isso que certamente deverá ser observado, e não se ele dá o rabo, se consome muita droga, se costumava se vestir de estátua da liberdade, tina turner, mozart, etc.
anonimo: releia o que escrevi. apesar de dizer que o cara viajou na maioneses e que o visual ficou ridiculo, o tempo todo exalto a qualidade musical e a importancia de elton para a musica pop.
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