segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A grande Joni e uma historinha de hipocrisia...


A boa notícia que abre a semana é a volta de Joni Mitchel à música; a cantora e compositora canadense, ícone da geração folk/rock que despontou na esteira de Bob Dylan, nos anos 60, havia se cansado do ‘showbiz’ há cerca de 10 anos – quando lançou o excelente CD ‘Taming the Tiger’ – e anunciou sua precoce aposentadoria. Passaria a se dedicar ao 'dolce far niente' e à pintura (o auto retrato acima é um exemplo de sua produção nessa área). Tinha – e tem – todo o direito de fazer isso, é lógico, mas para a legião de seus admiradores, foi uma verdadeira desgraça. Agora, por matéria publicada na Ilustrada de hoje, sabemos que ela voltou atrás e até já lançou um CD de inéditas, de título ‘Shine’.
Joni Mitchell surgiu em 1968 com ‘Song to a Seagull’, com produção de David Crosby (do Crosby, Stills, Nash & Young). Logo depois, compôs ‘Woodstock’, música fundamental na época e eternizada pelo quarteto C,S,N &Y; mais do que isso, sua ligação com eles, que logo merecerão post exclusivo neste blog, se aprofundou ao casar-se com Graham Nash.
Joni lançou em 1970 uma verdadeira obra-prima, o LP ‘Blue’ – uma das músicas desse disco, a belíssima ‘River’ foi recentemente regravada, com maestria, por Madeleine Peyroux (com participação de k.d.lang) em seu CD mais recente. Joni também enveredou por outros caminhos, aproximando-se do jazz e gravando com Jaco Pastorius, Wayne Shorter e Pat Metheny (discos imperdíveis dessa fase: ‘Don Juan’s Reckless Daughter’ e ‘Mingus’). Sempre manteve a postura digna de uma artista avessa à badalação; aliás, talvez por vivermos estes tempos idiotas de culto a celebridades vazias, ela tenha se resolvido pelo afastamento...
Bem, mas falando de Joni e de Crosby, Stills, Nash & Young, me lembrei de certa vez, quando trabalhava na Warner e fui almoçar com uma cantora francesa que passava por aqui. O nome dela era Veronique Sanson e a música que fazia não me interessava absolutamente, mas fiz questão de convida-la pra almoçar só porque soube que ela havia sido casada com Stephen Stills (do C,S,N & Y), hehehe...
Pois não é que aquela francesa – elegantérrima e até então inabalável em sua postura blasé -, ‘subiu nas tamancas’ à mera menção do nome do ex-marido? O grupo do qual ele fazia parte era famoso nos anos 60/70 por suas músicas pacifistas e seu engajamento em causas nobres de direitos humanos e coisa e tal. E a Veronique me disse aos berros: ‘Nem me fale desse FDP: o cara quase me matou de tanto me bater e ainda era obcecado por armas: mantinha em casa uma sala cheia de revólveres, facas de todos os tipos, fuzis e metralhadoras que ele colecionava. Dava muito mais valor a um 38 do que a mim. Não quero ouvir falar desse desgraçado!’
Bem... mas a Joni Mitchell não tem nada a ver com isso, é lógico... Welcome back, Joni!!

17 comentários:

anna disse...

esse post me levou a minha pré adolescencia, cantando com amigas de frente para o espelho os hit's da senhora em questão.

lembrei tb de um filme em que a esposa sem querer mexe no casaco do marido e vê uma jóia que achou ser para ela. no dia no natal o dito cujo lhe dá esse cd que vc colocou a capa.

Neil Son disse...

puxa anna, qta coisa vc lembrou! já valeu o post!

anna disse...

son, post é terapia no divã!

Patty Diphusa disse...

Adorei o post, bom retorno, Joni.
E adorei os coment�rios da Anna, desde dan�ando no espelho -- tamb�m fiz muito e ainda com um cachecol na cabe�a simulando um cabel�o -- at� o filme. N�o � "Love Actually", batizado de Simplesmente Amor, que tem at� o Rodrigo Santoro no elenco? E a esposa em quest�o � a Emma Thompson.
Neil, que papo trash do Stills, n�o? Pior que com tanta coisa, mesmo que fosse uma ex-esposa tentando descascar o ex, ainda fica sobrando show de horror.

Silvia disse...

neil, reparou no coração da manga?

fiquei curiosa para saber o que caiu dentro do copo dela - dá para ver daí?

Neil Son disse...

pois é, patty, o pacifista encaçapando a mademoiselle é show de horror; mas também não deixa de ser engraçado...

Neil Son disse...

bê! há anos vejo essa pintura e nunca havia reparado no coração da manga!!! sensacional!!! e não, não dá pra enxergar o que há dentro do copo; mas sempre se pode imaginar.

Anônimo disse...

Neil
Impressionante a lembrança do filme feita pela Anna. Cinema tem referências insuspeitas, um desafio.
Boa dica sobre a Joni.

anna disse...

patty, aquela tirada de camisa do rodrigo santoro é absolutamente inesquecível. juro, as mulheres no cinema suspiraram.

Anônimo disse...

nossa, só conheço o CSN... e olhe lá...
"aprendendo com neil"

Anônimo disse...

peri: ontem à noite, baixei o 'Shine', novo CD da Joni. é muito bom!!

Anônimo disse...

anna: rodrigo santoro sem camisa??!! putz, desvirtuou o papo!

Anônimo disse...

franka: você é o tipo da pessoa que vai adorar a musica da Joni Mitchell. vou providenciar isso, pode deixar...

Ana Carmen disse...

Eu adorei a ilustração e também não havia visto o coração. Confesso que Joni Mitchell no momento não me lembra nada, mas sua volta me faz pensar que o Canadá é generoso em boas cantoras. Leslie Feist... Aposto como você é melhor que eu para fazer essa lista. Beijos.

Anônimo disse...

é ana, a lista é grande, mas como em vários lugares, pra cada k.dlang (uma puuuta cantora!) tem uma celine dion - ambas canadenses....

Unknown disse...

Vai ver que o Nash tinha razão quando, à beira de uma cama de Hospital onde Crosby se recuperava de uma delicada intervenção cirúrgica (mais uma de suas incontáveis complicações com "needle, buzz ans ass, lots od grass, lots of grass...", disse ao velho companheiro: "Won't you fucking leave me alone with Stephen!!!"

Neil Son disse...

hahaha, é verdade, ricardo, essa frase é uma das melhores passagens daquele livro. mas a obra como um todo, infelizmente, decepciona: fala demais de baixo-astral e pouquíssimo de música...