quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Baby quando era Baby


Baby Consuelo. 1978. Lançamento do primeiro disco solo da cantora, ‘O que vier eu traço’ – um bom disco, aliás, com saudáveis resquícios dos tempos gloriosos de Novos Baianos. Prenunciava uma exitosa e interessante carreira-solo, coisa que infelizmente não aconteceu, por equívocos de vários tipos (‘místicos’, principalmente).
Bem, mas no final dos 70, fazíamos aquela ‘via crucis’ habitual da divulgação de rádio da época – tempos românticos em que o divulgador levava o artista, de rádio em rádio, batalhando para que a música entrasse na programação. Em uma emissora do ABC paulista (não me lembro qual era e nem se era no A no B ou no C), havia um locutor/apresentador, tipo Alberto Roberto - aquele personagem radialista do Chico Anísio, com voz de trovão, brilhantina no cabelo e mão em concha no ouvido.
Ao nos depararmos com a figura, já foi difícil conter o riso. No pequeno estúdio, entrevista ao vivo com as perguntas mais absurdas, feitas por aquele tipo, naquele ambiente, às 8 e meia da manhã (‘Você é a favor do amor livre? Você faz uso de drogas?'), eu evitava encarar a Baby – era uma daquelas situações em que ambos sabíamos que explodiríamos em gargalhadas a um simples encontro de olhares...
Finalmente, o Alberto Roberto diz: "Bem vamos tocar agora a ‘música de trabalho’ do disco de Baby Consuelo". Roda então ‘Ele mexe comigo’, suingado samba-rock de Pepeu e Galvão, onde Baby repetia várias vezes o título ‘ele mexe comigo, ele mexe comigo, ele mexe comigo’.

Ao final, volta o locutor, com a voz mais empostada possível e aquela mão no ouvido, para dizer, seríssimo:
‘Acabamos de ouvir Baby Consuelo em ‘El México Mio’.
Aí não deu pra segurar: eu e Baby caímos na mais desbragada gargalhada. O cara ficou puto, chamou os comerciais e simplesmente expulsou a gente do estúdio e do prédio, chamando a ambos de drogados, irresponsáveis e vagabundos. A gente nem conseguiu contra-argumentar enquanto ele nos empurrava escada abaixo, porque não conseguíamos parar de rir.
É claro que, depois dessa, nunca mais se ouviu a voz de Baby pelas ondas sonoras daquela emissora.
UPDATE: o nome do personagem do C.Anísio em questão não era Alberto Roberto e sim, Roberval Taylor!! (valeuaê, Guga!)

24 comentários:

Anônimo disse...

maravilha de história!
falei esses dias com lahiri, um dos filhos do galvão, que me disse que talvez, os novos baianos entrem na onda do Police e se juntem novamente pra fazer uma turnê pelo Brasil e ganhar uma grana. se relamente acontecer, eu não perco por nada!
beijos

Karina disse...

Hahahah, essa é uma das melhores histórias do seu acervo de histórias incríveis!

Anônimo disse...

pois é lu, se o police pode e o led zeppelin também, por que não os novosbaianos, né mesmo?? mas o palco vai ter que ter uma estrutura reforçada pra aguentar o barrigão do moraes e a papada do paulinhoboca, além do componente 'extra' que a baby vai trazer - afinal, ela tem dita que anda sempre com o 'hômi' nas costas, de dia de tarde e de noite HAHAHA!!!

Anônimo disse...

e eu ainda nem falei nada do raul seixas, K!!!

Anônimo disse...

Ah, ah, ótima !

O Brasil real é forrado de Albertos Robertos .

anna disse...

genial! o cara conseguiu batizar a música, sem ouvi-la, e ainda combinando com o sobrenome "consuelo".

valter ferraz disse...

Neil, acho que eu sei quem é o locutor (essa palavra denuncia a idade, hoje seria DJ, né?). Na Rádio Clube de Santo André, anos 75/76 eu tentava emplacar o AGEPÊ, lembra dele? Pois é. Divulgador sofria um bocado. E tinha que levar o chequinho do Jabá se não, nem entrava no estúdio. Foi bom passar aqui, boas lembranças.
Abraço forte

Anônimo disse...

Neil,

obrigado pelo link!

O Valter tem tiradas ótimas!

Anônimo disse...

Hahahaha, valter, eu tb trabalhei com o agepê! o cara tinha uma verruga-monstro na ponta do nariz; depois que tirou a ditacuja, nunca mais fez sucesso! e acho que era a radio clube de sto andré mesmo - isso é bom pra galera ver que eu não invento as historias...

GUGA ALAYON disse...

ahahaha. òtimo!
Só uma correção:
Alberto Roberto era o arqétipo do galã global 'pouco-convencido e inteligente' que jogava sempre a máxima:"-Boa é você, eu sou apenas o máximo!."
O locutor era o...o....
Roberval Tailor!!!!que na hora de fazer o papel de meteorologista ia até a janela do estúdio, olhava pra cima e fazia sua previsão:
"-Tempo bom à tarde, se não chover.". ahaha
abraços

Anônimo disse...

hahaha, adoro gente que ouve só o que quer ouvir, demais, hahaha

Anônimo disse...

é mesmo, guga! o nome do personagem era roberval taylor!!! será que mudo no post ou deixo assim mesmo?? blogueiros experientes, pls help!!

valter ferraz disse...

Neil, deixa assim. Essas coisas quanto mais se mexe...
Uma perguntinha: vc foi divulgador também? Conta, vai.
Abração

jayme disse...

Sensacional! Um exemplo radical de "virundum"!
(Virundum é uma bem apanhada denominação para a confusão auditiva que acomete, por exeplo, os ouvintes de Djavan, que saem a cantar "Branca é às três da manhã" depois de ouvir as estranhas letras do pop star alagoano)

Pedro Alexandre Sanches disse...

hahahaahahahah, sensacional!

"el mexico mio", quer dizer que a baby era o "nosso" roberto carlos (ou devo dizer roberval taylor?) e eu não sabia?! baby consuelo lecuona!, hahahaha.

Anônimo disse...

valter: trabalhei mais de 10 anos em gravadoras. fui divulgador de r�dio, de TV, assessor de imprensa, chefe de imprensa e por �ltimo, produtor. ufa!

Anônimo disse...

jayme: o djavan é o rei do 'virundum', né?

Anônimo disse...

aê pedro, visita ilustre! baby + roberval + r.carlos? o que poderia nascer dessa trinca? vixi, que meda...

Anônimo disse...

... ví o Paulinho Boca em um restaurante natural quase sentado em duas cadeiras, ele está enorme...

Pena os Novos Baianos terem se perdido na piração. Mas, pensando bem, não tinham a memor pinta de que envelheceriam juntos, sábia decisão. Eles fizeram o que tinham que fazer em suas existências naquela época, arte pura. Depois...

aê companheiro! virou vidraça agora, a tucanada vai infernizar a tua vida.

Continue firme e forte, seu blog tá muito legal. Estou percebendo que beberei dessa bela fonte musical.
Abraços.

Patty Diphusa disse...

Que delícia de história. Adorei. E pensar que seu acervo só está sendo aberto agora. Eu me lembro de uma rádio no interior onde um cara repetia as letras com um vozeirão. Nunca esqueço quando ele falava ô Joniiii.. no lugar de
oh darling, dos Beatles. Até hoje gosto de cantar desse jeito.
Ah, então quem é Alberto Roberto?

Anônimo disse...

Mais uma otima historia!

Lembro bem dessa musica. E a Baby ta' fofa nessa foto.

Anônimo disse...

helio: houve um 'comeback' dos novos baianos há cerca de 10 anos - fizeram shows e gravaram um CD ao vivo; e agora, segundo a luisa disse lá em cima, um outro retorno está sendo armado. mas a magia daqueles tempos, definitivamente, ficou no passado.

Anônimo disse...

patty: albero roberto era o personagem ator canastrão do chico anisio - aquele de bigodinho e redinha no cabelo.

Anônimo disse...

leila: a musica era legal, assim como o LP 'o que vier eu traço' (saiu em CD?). tinha uma capa esquisita, com a baby de maiô de lantejoula montada num cavalo branco de circo, remember?